Lucho Nizzo:’Muitos não acreditavam no sucesso do América’

Mais conhecido por seu trabalho na Seleção Brasileira de base, técnico pegou um time que <br>caminhava para novo rebaixamento e o devolveu à elite do&nbsp;Carioca. Ao L!, ele comenta sobre o trabalho com a equipe, diretoria e sobre os problemas financeiros do clube

Lucho Nizzo foi determinante na subida do América à elite do Estadual
Com Lucho Nizzo, o América está de volta à 1ª divisão do Carioca (Foto: Marcio Menezes/América Rio)

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Quinta força do futebol carioca, mas que amargava o segundo ano (e a terceira queda) da Segundona Carioca, o América conseguiu voltar para a elite do Estadual em 2018. Mas não foi nada fácil e mui-to do sucesso te

m de ser creditado ao treinador Lucho Nizzo. Ele assumiu o time na sexta rodada, quando o Mecão estava às portas da zona de rebaixamento para a Série C. No que pisou no clube, o time renasceu. De cara, cinco vitórias seguidas. Quase foi às  semifinais do turno. No returno, foi o campeão e se classificou para o qua-drangular decisivo, quando, na semifinal – um jogo único definia os finalistas e classificados à elite. O jogo ocorreu na terça-feira e o América (que só subiria se vencesse), fez 2 a 0 no Audax.

Neste papo com o LANCE!, Lucho Nizzo – que nunca comandou um time de grande torcida do futebol nacional, mas tem passagens de sucesso na Seleção Brasileira de base – comenta sobre esta que é a sua terceira passagem pelo clube, a mudança da água para o vinho e o acesso à 1 fase do Carioca (um hexagonal no qual os dois primeiros se classificam para a fase na qual os grandes estreiam).

Marianna Esteves: Como você se sente ao levar o América à Série A do Estadual?
Muito feliz. Até pelas histórias passadas. É minha terceira passagem pelo América. Em 2010, fui assistente do Bebeto; em 2012, numa situação difícil, o time a quatro jogos de cair para a Terceirona, conseguimos reverter. E agora. Na verdade, venho sempre para apagar incêndio, né? Nós conseguimos.
Estou realizado por fazer algo que muitos não acreditavam.

Como foi a sua chegada ao time? Como estava o psicológico dos jogadores?

Muito ruim. A expectativa em cima deles era muito grande. Só que com cinco ou seis jogos, o resultado era catastrófico. Quando

, o time estava arrasado. A torcida não aceitava. Já tinha até implicância com alguns. Aí, entendi que primeiro eu deveria reerguer emocionalmente a equipe, torná-los confiantes.
Como foi esse processo?
Queria destacar a ajuda que recebi do Renê Simões, que iniciou um processo de coach, que havia implementado com o Carille no Corinthians, com o Jair, no Botafogo. O Renê foi meu jogador. Ele fez o planejamento do perfil de cada jogador, o meu perfil, e me dava subsídios de como eu deveria atuar em rela- ção a cada um: aquele jogador que você tem que chamar mais particularmente,
aquele que não pode tomar uma dura na frente do grupo...E aí a coisa funcio-funcionou de uma forma absurda. Realmente fiquei muito entusiasmado. Com esse trabalho emocional do Renê e o trabalho técnico-tático, fizemos essa retomada.

O fato de você ter um time muito experiente ajudou nessa campanha?
Não vou dizer que não ajudou. Mas, em contrapartida, é uma situação dúbia. Ao mesmo tempo que são jogadores experientes, eles ficaram inseguros com a responsabilidade, por serem rodados, por já terem disputado outros campeo- natos. E a torcida do América, que é fantástica, é exigente. Aliás, tenho hoje um carinho muito grande pelo América. Eu entendo o torcedor.

Vejo, nesse momento, um ressurgimento do América. E nada
melhor do que com o retorno à primeira divisão

Como você vê a situação econômica do América, com problemas financeiros?
Não gosto muito de falar das questões políticas, até porque é complicado analisar algo que a gente não tem conhecimento. O que ouço, superficial-mente, é que o América vive um momento difícil. O presidente Leo Almada empenhou muito de seu próprio patrimônio para que o América pudesse disputar essa Série B. Tenho pouco contato com ele, mas vejo que é muito sério, apaixonado pelo América. O clube ganhou uma ação na justiça contra a Eletrobras, está depositado em juízo, aguardando a liberação; a venda da sede vai trazer um benefício econômico grande para o América (um grupo imobiliá-rio vai construir um shopping e o clube vai ter a sua sede nos dois últimos andares), e vai ter uma renda mensal que dará para tocar o futebol. Então eu vejo, nesse momento, um ressurgimento. E nada melhor do que com o retorno à primeira divisão.

Como é a sua relação com a diretoria do clube?

Muito boa. Tenho mais contato direto com o Marco Antônio Teixeira (diretor executivo), com quem trabalhei na CBF. Ele me fez o convite, no momento em que houve a troca de treinador, para retornar ao América. Confio nele. Sempre fez o que foi possível para nos dar condições de trabalho. Por exemplo, na decisão do returno contra o Itaboraí, por causa do policiamento, jogamos em Elcyr Resende (Saquarema-RJ), e solicitei que fôssemos três dias antes. Ele reservou o CT da Confederação de Vôlei e passamos dias tranquilos. Inclusive,
gostaria de agradecer a ele pelo convite, pela oportunidade, pela confiança, para que pudesse ajudar o América a chegar à elite.

Já conversou com a diretoria sobre a renovação de contrato?
Não. Meu contrato termina no fim do mês, ainda temos os dois jogos finais
com o Goytacaz. Houve uma conversa preliminar com o Marco. Sugeri que aguardássemos para discutir com calma, sobre a possibilidade de continuar, fazer um trabalho a longo prazo. Ele tem um projeto de revitalização do clube, que abrange não só a parte social, mas também nas categorias de base, para que o América possa revelar jogadores. Enfim, um projeto amplo.

Caso permaneça,serão necessários reforços para a disputa da Série A?
Sem dúvida. Depois da Segundona, vem as seletivas já na segunda quinzena de janeiro. Sair de uma batalha e ter de disputar seletivas é duro.
Tem de reforçar. Provavelmente, muitos dos atuais atletas continuarão, mas precisamos trazer alguém,porque senão ficamos naquela “de sobe e volta”. Tem que subir e se manter. É o lugar do América.

No fim do papo com o LANCE!, Lucho pediu para fazer um agradecimento.
– Sem minha comissão técnica não chegaria aonde cheguei. Conseguimos, nesse curto espaço de tempo fazer um bom trabalho. Agradeço ao pessoal
do departamento médico fisioterapia; apoio, cozinha. São pessoas que não aparecem e são importantes. Agradeço também ao torcedor. Apoiou demais.

QUEM É ELE
Luiz Antônio "Lucho" Nizzo
Data de nascimento
13/2/1963, no Rio (RJ)
Como jogador
Começou na base do Vasco e passou por clubes menores como Mesquita, Itaperuna e Madureira. Encerrou a carreira em 1992.
Como técnico
Trabalhou na base de vários clubes e foi técnico da Seleção Brasileira das categorias sub-15 e sub-17 em várias oportunidades. Dirigiu os times profissionais do Goytacaz , Vila Nova-MG e América (está em sua segunda passagem). 
Principais títulos
Copa Sendai-2009 com a Seleção Sub-15 e returno da Série B do Carioca-2017.

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