A um ano dos Jogos, Lucarelli almeja evolução técnica e cultural na Itália

Anunciado pelo Trentino, campeão olímpico projeta período intenso até os Jogos de 2021 e admite que expectativa da Seleção Brasileira para buscar medalha este ano era 'muito alta' 

Lucarelli em ação
Lucarelli, de 28 anos, é uma das esperanças da Seleção Brasileira de vôlei para Tóquio (Foto: Wander Roberto/CBV)

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Um dos jogadores mais valorizados do vôlei mundial na atualidade, o ponteiro Lucarelli está determinado a usar o período de um ano "ganho" com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para se tornar um atleta ainda mais completo. A cerimônia de abertura está marcada para acontecer daqui a exatamente um ano, se a pandemia do Covid-19 for controlada até lá.

Anunciado na última quarta-feira pelo Trentino, da Itália, com contrato de dois anos, o mineiro não esconde o desejo de comparecer à inauguração da Olimpíada, algo que não pôde fazer no Rio de Janeiro, em 2016, quando conquistaria a medalha de ouro olímpica sob o comando de Bernardinho. Mas até lá a estrada promete ser longa.

O atacante de 28 anos admite que a expectativa da Seleção, agora dirigida por Renan Dal Zotto, era enorme para buscar a medalha este ano. Se não fosse o novo coronavírus, os Jogos do Japão começariam nesta sexta-feira.

Ao LANCE!, Lucarelli falou da rotina sem descanso que procurou manter no período de isolamento, da situação do time nacional, que está em desvantagem em relação aos Europeus por causa da pandemia, da crise econômica no país, que atinge o vôlei brasileiro, e da batalha que enfrenta para conseguir viajar para a Itália para sua primeira experiência no exterior.

Qual é a sensação de "viver" uma Olimpíada adiada após anos de preparação e foco?
Mesmo sabendo que foi a decisão certa a ser tomada, é uma situação chata. Para nós, atletas, é complicado, pensando que nos preparamos intensamente durante quatro anos para este momento e estávamos com a expectativa lá em cima. Nesse momento, estaríamos no Japão fazendo aclimatação, nos acostumando com a diferença de fuso horário, fazendo reconhecimento e nos habituando com os ginásios. Estaríamos já concentrados antes mesmo de ir para a Vila Olímpica. E tudo isso teve que ser adiado por mais um ano. 

O que imagina que estaria fazendo nesses dias e como estaria o emocional se não tivesse acontecido a pandemia?
Eu, com certeza, iria na cerimônia de abertura, pois na Olimpíada do Rio eu não fui e não gostaria de ficar fora de um evento tão grandioso e aguardado por todos. Pensando em equipe, estaríamos conversando bastante e trabalhando a mente para entrarmos 100% focados, exatamente como fizemos em 2016, quando deixamos de lado redes sociais e outros assuntos e focamos somente ali, no agora, nos treinos e nos jogos.

Como passou esse período de distanciamento social, o que procurou fazer, e qual foi a parte mais difícil? Como está sua família?
Eu praticamente não parei de me exercitar. Não houve nenhum momento em que fiquei mais de quatro dias sem fazer nada. Acredito que isso ajudou a passar o tempo, além de manter o corpo ativo. A parte mais difícil foi justamente ficar em casa e não poder treinar na quadra. A família está bem, mas sentindo muita falta das coisas do cotidiano.

Lucarelli arrebentou no saque
Lucarelli defendeu o Taubaté na última Superliga (Juliana Kageyama)

Tem alguma previsão sobre sua ida para a Itália? O clube pretende contar com você em agosto.
Ainda não tenho, pois preciso fazer o visto primeiro. Está difícil conseguir e ainda tem o problema dos voos para a Europa. 

O ciclo olímpico foi prejudicado pela pandemia, mas a Seleção vinha apresentando uma consistência grande até o ano passado, o que ficou evidente na conquista da Copa do Mundo. Acredita que será possível recuperar o ritmo para Tóquio no ano que vem?
A Seleção Brasileira tinha feito um ano de 2019 muito bom. A nossa expectativa estava muito alta. Estávamos confiantes, mas acredito que vamos conseguir voltar ao ritmo. Com toda certeza os treinos serão bem intensos até lá.

O que achou da decisão da CBV de não reunir a Seleção este ano devido à pandemia? Em termos de entrosamento do grupo, há uma perda?
Em termos de entrosamento, o ideal seria treinar, mas a verdade é que foi uma decisão pensada e acredito ter sido a mais coerente. Colocaríamos muitas pessoas em risco para treinarmos pouco tempo.

Você está prestes a viver a primeira experiência internacional, na Itália, em um momento delicado por causa da pandemia. Quais são suas expectativas e como tem se preparado para essa missão?
As expectativas são as melhores possíveis. Sei a força da liga italiana, como isso vai exigir de mim e espero corresponder da melhor maneira. Eu venho me preparando, treinando e estudando um pouco a língua enquanto não viajo.

Quais são as informações que você tem recebido sobre a retomada dos esporte por lá? Está seguro para viajar?
Muitos países da Europa estão em outro estágio da pandemia, ainda existente, mas bem mais controlada do que o Brasil. Então, acredito que as coisas vão acontecer quase normalmente, somente com a falta da torcida.

A pandemia agravou a situação de muitos clubes no Brasil, que já enfrentavam problemas financeiros. Seu ex-time, Taubaté, foi um deles. O que falta ao vôlei brasileiro para recuperar a credibilidade para investidores e atletas?
Eu, sinceramente, não sei ao certo o que falta. Talvez, um retorno maior às marcas, mais exposição e uma estruturação melhor da liga junto aos clubes.

De alguma forma sua decisão de ir para a Itália foi influenciada pela crise financeira no Brasil?
Não. Eu acertei com o Trentino antes de estourar a crise. Então, minha decisão foi exclusivamente técnica.

Além disso, acredita que como jogador essa experiência fará diferença na sua carreira? O que espera ganhar além de experiência em quadra?
Com certeza, fará. Eu considero a liga italiana a mais forte e competitiva do mundo. Espero ganhar também no aspecto cultural, pois acho a Itália um país incrível.

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