Entre Marrony e Dedé: vendas do Vasco por urgência financeira se mantêm, apesar do tempo

Tanto em 2013 quanto em 2020, situação financeira do clube cruz-maltino exige que um jogador deixe o clube para a quitação de salários atrasados dos demais funcionários

Montagem Vasco - Marrony e Dedé
Marrony está deixando o Vasco aos 21 anos. Dedé saiu com 24. Ambos nasceram em Volta Redonda (Foto: Divulgação)

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Marrony está a caminho do Atlético-MG. É o futuro que parece inevitável para o atacante que está sendo vendido pelo Vasco neste junho de 2020. Mas sete anos atrás, mais especificamente em abril do ano de 2013, era Dedé quem deixava São Januário rumo a Belo Horizonte (MG), mas para atuar no Cruzeiro. Entre as duas situações, o mesmo emblema: a negociação se dá pura e simplesmente para pagamento de salários. Reflexo da contínua crise financeira do clube cruz-maltino.

Na época da negociação do zagueiro, então com 24 anos, com a Raposa, nem o jogador fazia questão de sair. Mas os atrasos salariais no Gigante da Colina eram tão impactantes em jogadores e funcionários que o defensor ouvia nos corredores de São Januário brincadeiras como: "Fala, meu salário!", em alusão ao montante que seria desembolsado pelo clube mineiro, e que teria como destino final a amenização da situação financeira de cada um, àquela altura.

E assim se deu. Dirigentes cruz-maltinos convenceram Dedé de que seria melhor, até para ele ajudar aos demais trabalhadores do Vasco, ele aceitar a oferta cruzeirense. O tempo passou, a presidência passou de Roberto Dinamite para Eurico Miranda e, depois, para Alexandre Campello. Voltamos a 2020 e a situação financeira do Vasco é a mesma, se não for pior.

Com o distanciamento social vigente em função da pandemia de Covid-19, o contato entre funcionários e atletas está reduzido. Mas isso não impede de a expectativa interna no clube estar alta pelo mesmo motivo que esteve nos dias que antecederam a saída de Dedé: a venda do jogador de 21 anos servirá para a minimização dos atrasos nos pagamentos.

Atualmente, o Vasco deve:

- Fevereiro, março e abril para os jogadores.
- Uma parte de março, e abril para funcionários que recebem até R$ 1.800.
- Parte de janeiro, parte de fevereiro, março e abril para funcionários que recebem mais de R$ 1.800.
- Valores de quase um ano relativos a direitos de imagem ou pagamentos a pessoa jurídica.

O clube tem acordo interno que prevê o pagamento em cada dia 20 - para efeitos judiciais, a data-limite é o quinto dia útil de cada mês -. Só que, ainda assim, o atraso já permitiria uma debandada geral de jogadores com o amparo da lei. Foi após a injeção financeira de torcedores abastados que o Vasco quitou, no início desta semana, todo o débito que tinha com Marrony. Assim, evitou que o alvo da atual negociação tivesse direito a não esperar as tratativas.

Dois jogadores nascidos em Volta Redonda, no Sul do Estado do Rio, que atuaram no Voltaço e se destacaram, cada um a seu modo, no time de São Januário. Dois que foram para o clube de Minas Gerais que mais investe em cada época. Entre as transferências, sete verões e, não por coincidência, dois rebaixamentos no Campeonato Brasileiro.

As dívidas do Vasco seguem robustas. Não houve concreta redução destes problemas entre uma negociação e outra. O Vasco caiu em 2013, subiu em 2014, caiu pela terceira vez na história em 2015, retornou em 2016, obteve vaga para a Copa Libertadores em 2017, lutou contra o rebaixamento em 2018 e, no ano passado, terminou na 12ª posição.

Diferentes atores políticos tentam fazer o Cruz-Maltino evoluir. Até para um próximo Dedé ou Marrony não precisar ser vendido... apenas por uma urgência financeira do clube.

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