Título do Quissamã faz pequena cidade parar

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O futebol leva alegria para as pessoas, isso é fato. Mas em Quissamã, cidadezinha de apenas 20 mil habitantes no interior do estado, essa felicidade veio em dobro com o título da Segunda Divisão do Campeonato Carioca, neste sábado, e com o acesso à elite do futebol carioca no ano que vem.
A vitória por 2 a 0 sobre o Barra Mansa, atuando em seu estádio, o Carneirão, levou o Quissamã Futebol Clube a esse feito inédito. Desde quinta-feira um poster já estava na praça principal do município parabenizando o clube pelo acesso com o dizeres: "Quissamã é time de primeira. Parabéns", mesmo restando uma rodada para o fim. Nas ruas, a festa começou antes da partida, com os torcedores desfilando pelas ruas com a camisa alvianil.
Em campo, o zagueiro Edson marcou o primeiro gol aos 3 minutos do primeiro tempo, de cabeça. Aos 16 do segundo tempo, o gol do título veio da cabeça de Bruno Reis, capitão e principal jogador do time. Após o gol, uma cena emocionante. O camisa 8 foi até o alambrado atrás do gol, onde seu pai estava pendurado, gritando o nome do filho, com os olhos cheio de lágrimas. O meia foi na direção do pai, também se pendurou e com as lágrimas escorrendo de seus olhos, agradeceu com um emocionado "Eu te amo".
- Alí foi uma mistura de tudo. Foi um jogo histórico e eu não fazia gol há muito tempo, desde a primeira fase. Na verdade só tinha feito um gol no campeonato. Meu pai se pendura alí em todos os gols, aí eu tive que ir lá agradecê-lo. Não tinha como não me emocionar. Estou muito feliz em conseguir esse acesso e esse título - comemorou Bruno Reis.
Em uma casa ao lado do Carneirão, um torcedor chegou a assistir aos minutos finais no telhado de sua casa, empolgado com o acesso e dançando. Dia 28 de julho de 2012 foi o dia mais importante da história do futebol de Quissamã. Assim que o juiz terminou o jogo, a torcida invadiu o campo e abraçou os jogadores.
A paixão era tanta que cenas curiosas foram vistas, digna de time grande. Alguns jogadores, como o lateral-direito Fred, ficaram apenas de cueca. A torcida tirou a roupa dos heróis para guardar como recordação. Fred teve que pegar uma bandeira do Quissamã e pendurar na cintura. Porém, nada tirou o ânimo do camisa 2.
- Hoje vale tudo. Tiraram a minha roupa alí, mas ta valendo. É uma sensação de dever cumprido muito grande. Agora é comemorar - disse Fred.
Do estádio, os jogadores desfilaram em um minitrio elético e acompanharam uma carreata pela pequena cidade até o local onde teve dois shows, em comemoração ao título. Nas ruas, os jogadores eram exaltados pela torcida. Alguns andavam até descalços e com uma camisa comemorativa do acesso. Era fácil notar as conversas com os torcedores, contando sobre o jogo.
Após o fim dos shows, ele foram para um salão de eventos na cidade onde terminaram a festa cantando um bom samba e saboreando a conquista.
Cortez acompanhou o jogo
Ex-jogador do Quissamã e atualmente no São Paulo, Cortez acompanhou o jogo e torceu muito para o acesso do Quissamã. O lateral-esquerdo falou rapidamente com a reportagem do LANCENET! por telefone e vibrava com o fato histórico.
- Tenho muitos amigos no Quissamã. Não podia deixar de acompanhar esse jogo importante. Passei pelo Quissamã e estou sempre torcendo - contou Cortez.
O empresário do jogador, Flávio Trivella, também é patrocinador do Quissamã e estava presente no estádio. Cortez mantina contato a todo momento para saber o resultado do jogo.
- Ele me ligava de cinco em cinco minutos (risos). Ele gosta muito do Quissamã e está muito feliz com o acesso - contou Trivella.
Elenco 'inchado' foi o segredo da conquista
Um dos principais motivos pelo acesso foi o grande número de jogadores à disposição, nada menos do que 34 atletas. Pelo menos é o que acredita o técnico Paulo Henrique.
- Esse foi um diferencial muito grande. Muitos jogadores se machucam, ficam suspensos. Com um elenco grande e de qualidade, não temos problemas para escalar o time em um bom nível. Sem dúvida fez diferença - comemorou o treinador.
Time afasta fama de 'cavalo paraguaio'
Após o título da Série C do Carioca, em 2008, o Quissamã chegou perto do título da Série B nas três edições anteriores ao título. Em 2009, primeiro ano na Segundona, o Quissamã terminou em quarto lugar. No ano seguinte, a equipe fez uma bela campanha e acabou a competição em terceiro.
No ano passado, após liderar boa parte da competição, o time acabou não conseguindo se manter e novamente terminou em terceiro lugar. O desabafo saiu de vários jogadores, que deixaram claro que incomodava a fama de "cavalo paraguaio". O zagueiro Douglas, que está no clube desde 2004, disse que o apoio familiar fez a diferença.
- Sempre tem aquela preocupação de não conseguir. Na verdade a ficha ainda não caiu. Tem hora que pensa em desistir, acha que não vai dar, mas a família nos ajuda muito a superar essa desconfiança. Estou muito feliz com isso - disse.
Quatro na seleção do campeonato
Além do título, três jogadores e o técnico Paulo Henrique estão na seleção da Série B do Campeonato Carioca. Os meias Bruno Reis e Cleiton, além do goleiro Ricardo foram os escolhidos. Curiosamente, o zagueiro Douglas, artilheiro do time com 15 gols, não está na lista, mas também foi um dos destaques do acesso.
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