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Tenista é exemplo de superação

Nadal (Foto: Max Rossi/Reuters)
imagem cameraNadal (Foto: Max Rossi/Reuters)
Dia 28/10/2015
04:44

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Antes mesmo de poder curtir sua infância, Natália Mayara já foi obrigada a enfrentar um grande desafio: lutar pela sobrevivência. Aos três anos, foi atropelada por um ônibus e, por muito pouco, não morreu. Hoje, aos 17 anos, ela superou o edema cerebral e a amputação das pernas para brilhar no tênis em cadeira de rodas. Uma das apostas para os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, Natália é a segunda colocada no ranking mundial júnior e a 40 no adulto, e já conquistou alguns importantes títulos na curta carreira.

– Desde que o Rio ganhou a sede da Paraolimpíada, passei a sonhar com uma vaga nos Jogos. Vou me dedicar para poder disputar. Comecei na natação com 12 anos, mas quando conheci o tênis, aos 13, me apaixonei. Gostei do estilo do esporte, porém não esperava alcançar bons resultados tão cedo. Mas, desde o começo, meu técnico (Wanderson Cavalcante) falava que se eu treinasse, eu atingiria meus objetivos – afirmou a jovem tenista.

O acidente com Natália aconteceu no dia 26 de setembro de 1996, em um ponto de ônibus na Avenida Agamenon Magalhães, em Recife, Pernambuco. O veículo subiu na calçada e atingiu a futura atleta, que estava acompanhada da mãe Rosineide. Internada por 95 dias, Natália passou por 12 cirurgias.

Em busca de uma melhor recuperação para a filha, Rosineide levou a família para Brasília quando Natália tinha oito anos. Na capital, recebeu atendimento na conceituada Rede Sara Kubitschek. E o contato com o tênis em cadeira de rodas veio no tratamento realizado na Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe).

– Eu não lembro do acidente pois era muito criança. Eu sei o que aconteceu porque a minha mãe contou. Lembro dos dias que passei no hospital e que tive uma recuperação muito rápida, embora tenha sido internada com poucas chances de vida – disse Natália que, antes de ir morar em Brasília, já tinha ido à capital federal para realizar algumas das cirurgias no Sara Kubitschek.

Estudante do terceiro ano no Centro Educacional Católica de Brasília, a jovem tenista, que somente se tornará profissional em dois anos, já apresenta uma maturidade e um discurso não muito comuns a atletas brasileiros: ela sabe que a vida de atleta não dura para sempre. E que, por isso, precisa pensar no futuro.

– Um dia o atleta é obrigado a parar. Pode ser por contusão ou pela idade avançada. Então, é preciso pensar em outras carreiras. Eu pretendo cursar arquitetura na faculdade – afirmou Natália.


Quem é ela:

Natália Mayara
Tenista em cadeira de rodas

Data e local de nascimento
Natália nasceu no dia 3 de abril de 1994, em Recife, Pernambuco.

Altura e peso
1,50 m e 47 kg.

Principais resultados
Em simples, venceu as etapas do Circuito Mundial em Belo Horizonte (MG), em junho de 2009, junho de 2010 e agosto de 2010; campeã da Masters Cup Brasil, em Brasília, em fevereiro de 2011. Nas duplas, foi campeã das etapas do Circuito Mundial em Belo Horizonte em 2010; e campeã da Masters Cup Juvenil, na França, em janeiro de 2011.


Bate-Bola:

Natália Mayara
Em entrevista ao LANCE!

Você anda com próteses e com cadeira de rodas. Qual o meio de locomoção prefere?
Eu prefiro a cadeira. É muito mais cômoda e não me canso tanto. Com a cadeira, chego mais rapidamente nos lugares.

Você conhece a história da tenista holandesa Esther Vergeer? Ela está invicta há mais de 400 jogos no tênis em cadeira de rodas, lidera o ranking há anos e já conquistou diversos títulos na carreira.
Já a vi jogando. Meu técnico me mostrou um DVD da Paraolimpíada de Pequim-2008. Ela é um espelho. Meu treinador destaca nela a regularidade. A Esther troca muitas bolas com as adversárias sem errar. Eu sou um pouco irregular nisso.

Quais os pontos fortes no seu estilo de jogo?
Meu técnico fala que estou treinando para ter um jogo parecido com o masculino, ou seja, mais agressivo nas batidas. Com esse estilo, posso levar vantagem sobre as adversárias, que não aguentariam o ritmo.

Você ainda não se tornou profissional, mas já enfrenta adultos e vence. Como é isso?
Ainda faltam dois anos para eu me tornar profissional. Mas como já cheguei a um bom nível no júnior, consigo vencer alguns adultos. Acho normal.


Com a palavra:

Wanderson   Cavalcante
Técnico de Natália  

A Nat é especial. Quem é do meio nota que ela tem potencial para estar entre as melhores do mundo. Ela é uma pedra bruta que está sendo lapidada para a Paraolimpíada de 2016. Dei para a Nat um DVD da Esther porque ela é o que todo mundo almeja ser. É disciplinada, focada, motivada. É uma atleta que está há tanto tempo invicta e, em nenhum momento, pensa que terá jogo fácil. A técnica é fácil ensinar, mas  esses fatores  serão o diferencial na carreira dela.


Tênis em cadeira de rodas:

Histórico
O tênis em cadeira de rodas foi criado em 1976, nos Estados Unidos. No ano seguinte, em Griffith Park, na Califórnia, foi disputado o primeiro torneio. O primeiro campeonato nacional nos Estados Unidos foi realizado em 1980. A Federação Internacional de Tênis em Cadeira de Rodas foi criada em 1988, sendo incorporada à Federação Internacional de Tênis (ITF) em 1991. Na Paraolimpíada de Seul-1988, foi esporte de exibição, entrando no programa oficial em Barcelona-1992.


Classificação funcional
O único requisito para que uma pessoa possa competir na modalidade é ter sido medicamente diagnosticada uma deficiência relacionada com a locomoção. Ou seja, deve possuir total ou substancial perda funcional de uma ou mais partes extremas do corpo.

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