‘Sem o Medina, hoje não teríamos SuperSurf’, afirma o fundador do evento
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Inspirado pelos grandes resultados do surfe brasileiro nos últimos anos, o principal evento brasileiro do esporte está de volta após cinco anos ausente do calendário nacional. Na última quarta-feira, teve início a segunda etapa do Oi SuperSurf, em Ubatuba (SP), com 160 participantes, misturados entre promessas e realidades do surfe brasileiro. Além da premiação de 60 mil reais a cada etapa, a busca dos atletas é pela chance de vencer o primeiro Novo SuperSurf.
- Sem a geração do Medina, do Felipinho, hoje não teríamos SuperSurf. Os brasileiros começaram a querer entender o que era a Brazilian Storm, aí comecei a ter contato com as empresas. Elas começaram a procurar outras alternativas além de etapas do Circuito Mundial para viabilizar o evento – diz, ao LANCE!, Evandro Abreu, o criador do SuperSurf e atual organizador do campeonato.
A edição 2015 do SuperSurf, patrocinado pela Oi, terá quatro etapas. A primeira ocorreu entre 15 e 19 de julho em Maresias, já a segunda está acontecendo em Ubatuba e vai até o dia 16 de agosto. As etapas posteriores serão em Florianópolis, de 9 a 13 de setembro, e em Saquarema (RJ), a última, de 7 a 11 de outubro.
Nascido em 2000, o evento ficou na ativa até 2009, quando foi interrompido no Circuito Brasileiro por falta de patrocinadores. Na edição de 2015 há atletas inscritos que disputaram o velho formato do torneio e agora estão de volta após terem brilhado no mundo do surfe. Casos de Raoni Monteiro e Leonardo Neves, que foram ativos no WCT, a principal categoria mundial do esporte.
- Eu só consegui patrocínio forte depois que fui campeão do SuperSurf. Com o dinheiro da premiação do evento, eu investi no meu Circuito Mundial. Quando eu fechei com o meu primeiro patrocínio para correr o Mundial, eu gastava três vezes mais do que eu ganhava. O dinheiro que eu recebia era só para correr o SuperSurf e a verba que eu ganhava no SuperSurf, eu botava todo no Mundial. Foi um ciclo vitorioso para mim e fez com que eu chegasse no WCT – revela Léo Neves, ao L!, que disputou todas as edições do evento até hoje, além de ter ganhado quatro etapas do SuperSurf.
Além dos surfistas que já fizeram história, a edição 2015 do torneio traz jovens promessas que buscam ascender no esporte através do SuperSurf. Vencedor da primeira etapa, disputada em Maresias, Flávio Nakajima desponta como um dos favoritos a vencer em Ubatuba, ao lado de Thiago Camarão e Hizunomê Bettero, que também entram fortes na briga. Porém há um nome correndo por fora que chamou a atenção no começo da competição: Wesley Dantas, de 17 anos, que quebrou o recorde de melhor nota em uma corrida (9.80) e da melhor nota somada (18.53) na edição 2015 do SuperSurf.
- É uma competição contra os melhores do Brasil. Ano passado, quando eu pensei em virar profissional, desisti porque não teria o SuperSurf. E já que em 2015 voltou, estou muito focado. Neste ano já veio bem grande pelo o que eu estava pensando. A premiação está grande, a estrutura está gigante. Eu achei que seria menor. Ao decorrer dos anos vai crescer muito. Espero que neste ano e no ano que vem eu já esteja entre os dez melhores – afirma Wesley, que é irmão de Wiggolly Dantas, uma das grandes estrelas do Brasil no Circuito Mundial. Curiosamente, ex-participante do SuperSurf.
BATE-BOLA COM EVANDRO ABREU, FUNDADOR DO SUPERSURF, AO LANCE!
Como foi a criação do SuperSurf?
Eu era funcionário da Editora Abril, cuidava de um núcleo de entretenimento. A gente viu que o surfe naquela época estava meio abandonado, as premiações eram baixas, tinha o circuito, mas não estava empacotado como deveria. Acabei criando a marca SuperSurf e desde então a gente fez o campeonato durante quinze anos. Nos doze primeiros anos, a gente fez ele como circuito brasileiro, depois se transformou em etapas do WQS.
Como você enxergava o surfe brasileiro nesses cinco anos sem SuperSurfe?
Durante todos esses anos, eu via a dificuldade que todos estes atletas estavam, eu ia para as praias e era uma situação sub-humana. Alguns atletas não tinham expectativa de vida, isso estava me incomodando muito, e quando eu saí da editora que patrocina o evento, negociei e tive a possibilidade de voltar a realizar o circuito. Ai a gente conseguiu os patrocínios para viabilizar. Era quase uma ação social, uma coisa que eu deveria fazer.
Você pensa em fazer o SuperSurf voltar a fazer parte do Circuito Mundial?
Não penso nisso. Penso em fazer um Circuito Brasileiro forte. Podemos começar a enxugar um pouco a quantidade de atletas para voltar a elitizar, isso demora um tempo, não é no ano que vem. A gente tem que criar um mecanismo para que as coisas voltem a funcionar como era. Primeira e segunda divisão, com bastantes eventos, uma quantidade que esses caras consigam viver do esporte.
O presidente de ABRASP competirá no SuperSurf. Você também não pensa correr essa etapa?
Não. Eu estou longe de competir. Quando eu era moleque, eu não pegava onda, ficava na praia curtindo, mas sem onda. Depois de muitos anos, por destino, a gente veio a criar o Supersurf. Sou apaixonado por esporte tanto é que depois de cinco anos voltei a fazer. É um esporte muito apaixonante.
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