Sem algoz, Muricy utiliza bom retrospecto para ‘decisão’

Muricy acumula no currículo cinco participações na Copa Santander Libertadores, quase sempre frustradas por clubes brasileiros. A missão de vencer o Cerro Porteño (PAR) é difícil, mas os santistas podem acreditar no técnico. Ele jamais foi eliminado na fase de grupos da competição, levou a extinta Conmebol, em 1994, e só tem um carrasco: o Boca Juniors (ARG), que sequer está na Liberta.

Contra o rival argentino, o técnico foi eliminado na Libertadores de 2004, com o São Caetano, Copa Sul-Americana de 2004 e 2005, pelo Inter, e na Recopa Sul-Americana de 2006, com o São Paulo.

Se perder, o Santos está fora da competição. O treinador, no entanto, deve confirmar um esquema diferente do audacioso 4-3-3 da estreia, já que não conta com Neymar e Zé Love. Maikon Leite, tido como titular durante toda a semana, perde lugar para Diogo, que formará dupla de ataque com Keirrison. Arouca também está de volta.

– Estamos com dificuldades. É uma necessidade (Diogo e K9), precisamos ganhar o jogo e nada mais justo do que jogadores que sabem fazer gols – disse o técnico santista.

Muricy, um especialista em defesas e, principalmente, em classificação na fase de grupo da Libertadores arma o Santos as suas características, para não tomar gols – o que já garante uma sobrevida – e buscar o feito de vencer em Assunção.

Por retrospecto, o Peixe jamais perdeu para o Cerro na competição. Foram dois empates e uma goleada por 9 a 1, no ano do primeiro título, em 1962. Dá para acreditar?

Muricy contra estrangeiros na Libertadores
2004
Única vez que caiu para time internacional, o Boca. Foi também o seu pior aproveitamentode pontos, 45,4%. Enfrentou América (MEX), Peñarol (URU), The Strongest (BOL) e Estudiantes (ARG).

2006
Chegou à final com 70% contra estrangeiros. Bateu Caracas (VEN), Chivas (MEX), Cienciano (PER) e Estudiantes (ARG).

2007
Fez a pior campanha ao cair nas oitavas-de-final, com 61,1% de aproveitamento. Enfrentou Audax Italiano (CHI), Alianza Lima (PER) e Necaxa (MEX).

2008
Aproveitamento similar ao do ano anterior, 62,5%. Enfrentou Atlético Nacional (COL), Sportivo Luqueño (PAR), Audax Italiano (CHI) e Nacional (URU).

2009
Melhor média de pontos, 72,2%. Enfrentou Medellín (COL), América de Cáli (COL) e Defensor (URU).

Com a palavra: Klaus Richmond - Setorista do Santos

'Time de hoje pode ter o 'DNA' descaracterizado'

"Muricy sabe jogar sob pressão e, principalmente, como equilibrar o time. O último grande teste foi nas rodadas decisivas do Brasileirão quando enfrentou, fora de casa, São Paulo e Palmeiras. Ele foi impecável. Esse ano, ainda pelo Fluminense, não soube aproveitar na Libertadores o fato de começar com dois jogos em casa, contra estrangeiros. Mais do que qualquer tática, ele sabe como emocionalmente, até pelo currículo, convencer de que é capaz conseguir a façanha da vitória em Assunção. O Santos de hoje pode ficar com o seu 'DNA' descaracterizado do que imaginam como ideal, mas ao menos será competitivo e totalmente preparado".

Os carrascos
Na Libertadores, Muricy tem sofrido só nos confrontos caseiros. De 2006 a 2009, com o São Paulo, foi eliminado por quatro equipes bem conhecidas nacionalmente.