Ronaldo: ‘Nunca imaginei que o Corinthians seria isso tudo’
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Ronaldo recebeu o colunista Benjamin Back e o LANCENET! para uma entrevista ao programa “Papo com Benja”, da TV LANCE!, na sede de sua empresa, a 9ine Sports & Entertainment, agência de marketing, criada em 2010.
Por cerca de 50 minutos, na tarde da última quarta-feira, o Fenômeno, que também divide seu tempo como membro do Conselho do Comitê Organizador Local da Copa de 2014, falou como, quando e por que decidiu encerrar a carreira, sobre sua relação com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e sua paixão pela trilogia do “Poderoso Chefão”.
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Nesta primeira parte, Ronaldo diz que nunca imaginou que a passagem pelo Corinthians mudasse sua vida e sua carreira, mesmo na reta final.
Recentemente, entrevistei o cantor Marcelo D2. E ele começa uma música assim: “Agradeço todos os dias por Deus ter me escolhido entre tantos”. Você também agradece por ser Fenômeno?
Agradeço (risos), todos os dias por ter me dado esse dom maravilhoso de jogar. Logicamente, aprimorei, me sacrifiquei por causa do dom e da minha escolha. Acima de tudo o dom que recebi foi fantástico.
Em outra música, ele diz que, como todo guerreiro, cai mas se levanta. (O diretor e produtor de filmes Francis Ford) Coppola, nosso ídolo, não faria um roteiro melhor...
Ele é fantástico! É, da minha vida não tenho do que reclamar. Não podia imaginar nada melhor olhando para trás na minha carreira. Foi tudo perfeito. E Marcelo D2, Mano Brown, os Racionais, mandam muito bem! Criaram as melhores músicas que traduzem a minha história.
Parte I: Papo com Benja entrevista Ronaldo
Vou ser sincero, nas três vezes que você se ferrou sério, eu não acreditava que pudesse voltar. Como foi esse processo todo?
Eu sempre fui muito focado, dedicado nas minhas escolhas, nos meus objetivos... O futebol sempre abriu as portas para mim. E todas as vezes que eu me machuquei, foram lesões gravíssimas, sem precedentes no futebol, então surgiam as dúvidas. O problema seria pensar que voltaria a jogar bem lá na frente, então eu pensava em curto prazo. E dedicava tantas horas na fisioterapia e na recuperação. Não é muito agradável, é mecânico, é chato, mas durei tanto no futebol graças a fisioterapia
Nunca pensou: 'Não dá, não vou conseguir!'...
Nessas lesões ao longo da carreira, nenhuma vez! Mas no último ano no Corinthians, juntou tudo. Sentia fortes dores no púbis havia mais de ano, tinha problema na panturrilha... Foi um aviso: chegou a tua hora. Aquilo tudo me forçou a tomar uma decisão antes do planejado.
Atribuem uma frase ao Zico, em que ele diz que jogador morre duas vezes, uma delas é quando para. Foi assim para você também?
Realmente, é doloroso, é triste, sofrido, mas a gente tem de se acostumar. Quando decidi parar, foi uma decisão muito pensada, apesar do pouco tempo que tive para isso. Pensei em todas as possibilidades, conversei com a família e com amigos próximos... O corpo estava pedindo para parar. Do que mais sinto falta é o contato com a torcida no estádio, de ser protagonista de uma vitória, isso não tem preço.
Você lia notícias a seu respeito, via TV, ouvia rádio? O que pensava quando diziam que você estava gordo?
Sempre fui muito ligado às notícias porque, obrigatoriamente, você tem de aprender a lidar com imprensa, amigos, inimigos. Mas sempre tentei entender o lado de cada um, com elogios e críticas. É que muitas vezes, as críticas têm uma influência maior nas pessoas. O caso de ser gordo ou estar acima do peso pegou forte. Por mais que eu jogasse bem, não mudava. Eu vi uma foto minha em 2002, sem camisa, e estava trincado! Mas já falavam que eu estava acima do peso. Isso pegou com força.
E você imaginava que passar pelo Corinthians seria isso tudo?
Não imaginava! Sabia da força da torcida, que era a maior do Brasil junto com a do Flamengo... E eu, que era flamenguista antes, agora sou corintiano. Sou dos dois, mas participo mais do dia a dia do Corinthians, até porque estou morando em São Paulo...
Mas e se tiver uma final de Libertadores entre os dois, vai torcer para quem?
Ah, vou viajar! Se for final, serei o cara mais feliz do mundo. Qualquer um que vencer, estarei feliz. São os dois maiores do Brasil. Criei simpatia e amor pelo Corinthians porque joguei, me identifiquei, sofri com a torcida, isso é um apelo muito forte. Por isso, eu me considero mais corintiano.
Você jogou em grandes clubes do mundo, no PSV (HOL), na Internazionale (ITA), no Milan (ITA), Barcelona e Real Madrid, da Espanha... Mas a relação com a torcida é outra, não?
Não tem nada a ver! O futebol é uma paixão mundial, mas não tem aquela torcida organizada, por exemplo. Na Europa é exatamente como se fosse um espetáculo de teatro. Tem boa jogada e belo gol, as pessoas aplaudem. O ambiente é mais quente quando é um clássico, mas igual ao Brasil não existe. Torcidas do Flamengo e do Corinthians dão espetáculo à parte.
Quando você vai para o Rio, como o torcedor do Flamengo lhe trata? Porque conheço alguns que dizem que você traiu, que você trocou pelo Corinthians...
É um ou outro, mas é muito pouco. E não houve traição. Eu me declarava flamenguista, mas nunca tive nenhum compromisso com o Flamengo. Nunca me fizeram proposta. Hoje em dia, o relacionamento é bem melhor com a (presidente) Patricia Amorim, a gente procura ajudar o Flamengo buscando patrocínio, fazendo algumas ações em conjunto... Hoje, posso falar que tenho o Flamengo no Rio e o Corinthians em São Paulo.
Vai anunciar o patrocínio no Flamengo? Você está negociando há um tempão já...
Existem negociações, empresas interessadas em patrocinar Flamengo, Corinthians e São Paulo. Esses clubes principalmente porque estão sem patrocínio, o Corinthians fica no fim deste mês. A gente está procurando, de acordo com exigências e pedidos dos clubes, buscando parcerias.
O patrocinador do Flamengo será a (sul-coreana) Hyundai?
Não posso afirmar os possíveis parceiros, mas tem vários interessados... A gente tem encontrado dificuldades também porque o mercado está mudando muito. Os clubes têm de entender que as parceiras exigem muita entrega do clube nesse novo modelo de parceria. Os clubes têm de se comprometer muito mais na hora de entregar um projeto, as ativações durante um ano... Por isso, os acordos são mais demorados para fechar. Mas acho que é um caminho perfeito para o futebol evoluir.
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