Ricardo Prado lamenta chance desperdiçada de conquistar o ouro olímpico

Em sua melhor fase da carreira,o ex-nadador Ricardo Prado conquistou a medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles, em1984,nos 400m medley, aos 19 anos. O feito,ápice na vida de muitos, não o deixou satisfeito. Ele queria o ouro. Recordista e campeão mundial da prova meses antes do início dos Jogos, com o tempo de 4m19s78 obtido no Mundial de Guayaquil-1982 -, ele sabe que tinha condições de ser campeão.

 Foi uma decepção não levar o ouro. Talvez estivesse em minha melhor forma, fiquei chateado - disse o ex-nadador, que acha curioso ver como as pessoas se lembram dele mais por sua atuação em Los Angeles do que pela campanha no Mundial.

O ouro em Los Angeles foi para o canadense Alex Baumann, grande rival do brasileiro na época. Ele chegou com pouco mais de um segundo de vantagem para Ricardo e cravou o recorde mundial, com 4m17s41.
O nadador fez sua estreia em Olimpíadas quatro anos antes, em Moscou. Com 15 anos, Ricardo foi para o evento com a intenção de aprender e participar, sem pensar em festas, algo natural para a idade.

Para Ricardo, conquistar uma vaga tão jovem não o surpreendeu. Ele diz que a ida para os Jogos não "caiu em seu colo" e já era esperada. O medalhista cita que naquele período era normal os atletas atingirem o pico mais cedo. Ele dá como exemplo Nadja Comaneci, ouro aos 15 anos na ginástica, em Montreal-1976.

Durante o ciclo olímpico Moscou-Los Angeles, Ricardo foi treinar nos Estados Unidos, ciente de que lá seria o local ideal para se preparar. A experiência foi valiosa. Lá, ele melhorou sua técnica e pode competir em alto nível com os americanos.

Depois da prata amarga, Ricardo acredita que ajudou a desenvolver a modalidade no país. Hoje, ele atua mais diretamente no esporte brasileiro, dentro do Comitê Rio-2016. Formado em Economia, tem a experiência esportiva como diferencial.

Sei que ajudei a desenvolver a natação aqui. A experiência como atleta faz diferença para ocupar um cargo como este- afirma Ricardo, de 47 anos, natural de Andradina (SP).Ele projeta para os próximos anos, antes dos Jogos do Rio, bons resultados para a natação nacional.

Bate bola:

Como foi participar de uma Olimpíada com 15 anos, em Moscou?
Foi um período que fez a diferença, já que eu tinha curiosidade e apreensão. Aprendi coisas mais técnicas e, ao ver os atletas, a figura do ídolo caiu um pouco para mim.
 Por que hoje os esportistas têm suas carreiras mais prolongadas?
Muita coisa mudou no esporte.Existe agora mais profissionalismo, há mais dinheiro e empresas envolvidas também. O esporte deixou de ser amador e isso faz com que haja essa evolução.
 Como foi a preparação para a Olimpíada de Los Angeles?
Estava bem, vinha de um bom ciclo olímpico, com ótimos tempos. Não adianta chegar em uma fase boa. Em 1984, era ir para os Jogos Olímpicos e ir "pro pau"..