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Pac-Man para ajudar judocas na busca por medalhas em Londres

Roger - Cruzeiro (Foto: Gil Leonardi)
imagem cameraRoger - Cruzeiro (Foto: Gil Leonardi)
Dia 27/10/2015
22:09

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Segundo esporte que mais deu medalhas ao Brasil em Jogos Olímpicos – perde apenas para a vela –, o judô quer fazer bonito em Londres este ano. Para tanto, além dos treinamentos tradicionais, a direção da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) foi convencida pelos psicólogos da entidade a adotar uma iniciativa inovadora no esporte nacional: utilizar jogos eletrônicos, em especial o videogame Pac-Man, para a realização de trabalho psicológico com os judocas.

A ideia é simples. Por meio dos games é possível trabalhar aspectos importantes para um atleta. O treinamento ajuda no controle dos pensamentos que podem refletir nas funções físicas, como respiração e batimento cardíaco. E pode ajudar no equilíbrio emocional e concentração. O modelo já era utilizado em outras áreas profissionais, e os psicólogos Erick Conde e Adriana Lacerda decidiram implantar no judô.

– Existem artigos científicos que demonstram que esse trabalho aumenta os níveis de concentração e regula as emoções. Até já foi usado pela seleção italiana de futebol, campeã da Copa do Mundo em 2006 – disse Conde, que se formou na Universidade Federal Fluminense (UFF) e, em 2011, completou o doutorado em Neurociência.

No mês passado, durante duas semanas em São Paulo, o psicólogo aplicou o treinamento nos judocas Luciano Corrêa, Leandro Cunha e Bruno Mendonça. Adriana, mestre em Ciência da Motricidade Humana, esteve no Rio de Janeiro e fez o mesmo com a equipe feminina.

O trabalho, porém, ainda está no início. Conde trouxe o projeto quando entrou na CBJ, em 2009. Mas precisou convencer os dirigentes sobre os seus benefícios. Atualmente, estuda uma maneira de tornar os treinamentos mais constantes. Segundo ele, os ganhos só começam a aparecer a partir da oitava sessão.

- Tudo o que vem para somar nessa reta final de preparação para a Olimpíada é muito bom. Eu faço trabalho psicológico há sete anos, mas esse é um sistema que eu não conhecia. Ainda não me acostumei, mas acho que depois de 15 sessões estarei com um nível bem maior de concentração - afirmou o judoca Luciano Corrêa.

Bate-Bola:

Erick Conde
Psicólogo da confederação brasileira, em entrevista ao LANCENET!

Qual o principal objetivo desse trabalho mental com os judocas?
Queremos que eles cheguem à Olimpíada com uma capacidade maior de filtrar informações e possam se concentrar apenas no que for relevante para sua luta. A ideia é fazermos esse trabalho agora, de forma preventiva. Mas, se os atletas gostarem e pedirem, podemos levar os equipamentos para Londres.

É um sistema 100% eficaz?
O fato de aplicarmos esse trabalho não quer dizer que vamos evitar distrações, mas aumentamos a possibilidade de evitar isso. Numa Olimpíada, é normal um atleta se preocupar com resultado, pensar nas lutas seguintes, na exposição na mídia. É uma competição que vale muito para a carreira. Mas essas coisas não aparecem se o atleta puder trabalhar os pensamentos. É como se fosse um modelo de meditação em que estamos estimulando o cérebro. Na musculação, fortalecemos os músculos. Aqui, fortalecemos as capacidades neurais.


O Pac-Man:

Criação:
Foi um jogo criado por Tohru Iwatani para a empresa japonesa Namco. Produzido no início dos anos 1980, se tornou tão popular que foi adaptado para diversos videogames com o passar do anos.

Mecânica do jogo:
O jogador controla uma cabeça redonda com uma boca que abre e fecha dentro de um labirinto. O objetivo é comer diversas pastilhas sem ser capturado por fantasmas. A cada fase, o nível de dificuldade aumenta. Há pastilhas especiais que permitem à boca comer os fantasmas.

Passo a passo do trabalho:

1º passo: O judoca é colocado numa cadeira diante de um computador.

2º passo: São colocados eletrodos na cabeça do judoca e os mesmos conectados ao computador.

3º passo: É apresentado ao judoca o jogo que será utilizado. O mais comum é o Pac-Man (ou Come-Come), em que o jogador controla uma cabeça redonda com uma boca que abre fecha dentro de um labirinto. Ele precisa fugir de quatro fantasmas para comer todas as pastilhas antes de ser apanhado.

4º passo: Não existe joystick (controle). Então, o atleta controla a cabeça redonda utilizando o cérebro. Para tanto, é necessária extrema concentração. Se o judoca estiver concentrado na tarefa de fazer o personagem comer as bolinhas, o mesmo se moverá rapidamente. Caso esteja pensando em outros assuntos, o personagem travará.

Nesse trabalho adotado pelos psicólogos da CBJ, são aplicados dois sistemas:

O biofeedback: é a captação da informação biológica para que haja estímulo para a auto regulação através do pensamento.

O neurofeedback: está ligado diretamente à eletroencefalografia, ou seja, é o estudo do registro gráfico das correntes elétricas desenvolvidas pelo cérebro.

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