Na luta contra o câncer, Oscar afirma: ‘Esse tumor pegou o cara errado’

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Uma casa em Alphaville, na Grande São Paulo. Mais de 25 microfones de diversos veículos de imprensa em cima de uma mesa, com uma mini-quadra de basquete ao lado e uma piscina com o desenho de duas baleias e uma bola de basquete logo atrás. No centro das atenções, Oscar, que com seus 55 anos e 2,05m de altura vestia um boné e uma blusa com o desenho do Mickey Mouse, da Disney.

Um ambiente propício para uma conversa sobre assuntos amenos. Não era o caso. Afinal, o Mão Santa convocou a coletiva para falar da luta contra um tumor maligno de grau 3 no cérebro (o mais grave é o 4). Mas o sempre otimista ex-jogador não queria tristeza.

Se muitos esperavam o choro do ex-atleta, isso passou longe das câmeras. Não faltaram sorrisos e gargalhadas. E a certeza de que vai vencer mais essa difícil batalha.

– O tumor pegou o cara errado. Não vou deixar ele me matar nem a pau. Estou bem prevenido. Sei da gravidade. Não estou nem aí. Estou trabalhando. A rotina é a mesma. Depois que saí do hospital, tirei os pontos e voltei ao trabalho – disse.

O ex-atleta não fica reclamando de sua situação. Ele resolveu encarar o problema com tranquilidade. A única lamentação está no passado, mais especificamente nos Jogos Olímpicos de Seul (CDS), em 1988, quando o Brasil perdeu para a União Soviética nas quartas de final e terminou na quinta colocação.

– Devia ter metido uma bola de três contra a União Soviética. Não ganhei medalha olímpica – afirmou.

Oscar não deixa as brincadeiras de lado em momento algum. A perda da inibição é a sequela do tumor apontada pelos médicos. A outra, segundo o ex-atleta, é o fato de não gostar mais de tomar refrigerante.

Entre sessões de radioterapia no hospital e de quimioterapia com a ingestão de medicamentos, Oscar tem dividido seu tempo com palestras (pelas quais recebe entre R$ 27mil e R$ 40 mil). E, em setembro, está pronto para entrar o Hall da Fama do basquete, nos Estados Unidos.

– Esse tumor tem cura, vou mostrar para vocês. Vou curar isso.

Confira um bate-bola com Oscar, em entrevista coletiva

Qual foi sua reação após a descoberta desse novo tumor?
Não me abati. Minha vida foi muito bonita, repleta de coisas boas. Não sabia que era tão querido. Não chorei em nenhum momento. Tiraram um pedaço da minha cabeça, mas estou consciente. Nunca fumei, bebi, me droguei ou me dopei. Tive uma mulher só. Se tem um cara que tinha de ser exemplo, era eu. Vai entender... Minha vida foi bonita demais.

O que mudou na sua vida?
Depois da primeira operação (em 2011), não seguro dinheiro, gasto tudo. Fiz um terno em Londres (ING) com um sapato. Custou uma grana. Demorou quatro meses para ficar pronto. Vou usar no Hall da Fama. E viajo mais. Sou patrão de mim mesmo.


ACADEMIA LANCE!

Roberto Abramoff

Médico oncologista do Hospital Albert Einstein

"Os tumores do cérebro são raros na população adulta. Correspondem a 2% do total de neoplasias malignas no adulto. No Brasil, a incidência é de quatro a cinco casos a cada 100 mil habitantes, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Quanto mais baixo o grau do tumor e melhores os resultados do conjunto de tratamento (incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia), melhores são as chances para o paciente.

A principal forma de tratamento envolve cirurgia, seguida de radioterapia e quimioterapia, a depender do tipo de tumor, normalmente esta última sendo administrada por via oral."


*Atualizada às 19h40



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