José Aldo, do início em Manaus ao topo do MMA

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José Aldo Júnior! Você que é fã de MMA com toda certeza já ouviu o locutor oficial do UFC, Bruce Buffer, vociferar o nome de José Aldo após uma grande vitória do atleta no maior evento de MMA do planeta. Mas o que muitos não conhecem, são as dificuldade que este atleta passou para poder chegar ao patamar atual, de campeão do peso pena da organização, o qual irá defender neste sábado, na HSBC Arena, no Rio de Janeiro, contra Chad Mendes, no UFC 142.
Aldo começou a praticar artes marciais ainda garoto em Manaus, sua cidade natal, com o professor de jiu-jitsu Márcio Pontes. Na época sua equipe sempre vinha ao Rio de Janeiro competir. Em sua primeira viagem à Cidade Maravilhosa, o lutador fez questão de ir conhecer a praia, algo que ele nunca tinha visto de perto antes, e de prontidão recolheu um pouco de aguá do mar, junto com um pouco de areia e conchas, para poder provar para sua mãe que realmente esteve ali.
Foram essas inúmeras vindas ao Rio, que despertaram no manauara o desejo de morar na cidade carioca e poder treinar com os principais nomes da arte suave.
- Eu tinha o objetivo na minha vida de ser campeão mundial e brasileiro de jiu-jitsu e foi em uma dessas viagens que eu cheguei para o Márcio e falei que eu queria morar no Rio, treinar com os melhores e me tornar um dos tops do esporte. Então ele me apoiou, me deu forças e ajudou - disse o lutador.
Vindo de família humilde, o jovem rapaz não tinha condições de se manter e pediu a ajuda de um conterrâneo seu que já estava treinando e morando na cidade.
- Na época eu falei com o Loro (Marcos Galvão, lutador de jiu-jitsu e MMA da Nova União), que já estava morando aqui, e pedi para morar na academia em que ele treinava. Falei que não tinha condições de me manter e pedi se ele teria como me ajudar. Ele me ajudou muito, me sustentando nessa época que morei lá.
Foi neste mesmo tempo, que Aldo conheceu o líder da Nova União, Dedé Pederneiras, que viria ser seu grande mestre na carreira como atleta. E em 2004, conseguiu realizar seu primeiro grande objetivo, se tornando campeão mundial de jiu-jitsu na faixa marrom.
MUDANÇA PARA AS ARTES MARCIAIS MISTAS
A questão financeira foi o grande incentivador para a transição do jiu-jitsu ao MMA.
- O Dedé (Pederneiras) na época montou a academia de MMA da Nova União e todos os tops foram treinar o esporte e eu fui um deles. É muito difícil se sustentar só competindo no jiu-jitsu, eu morava na academia na época e muitas das vezes você ia competir um campeonato pagando uma inscrição cara e era premiado apenas com uma medalha. Então em função disso eu migrei para a modalidade.
Em 2004, o Scarface (apelido do manauara no MMA) fez sua primeira luta no novo esporte, e conquistou uma vitória avassaladora, sobre Mario Bigola, com um lindo nocaute (o que viria ser sua grande faceta nas lutas).
- Quando eu pensei em lutar MMA, percebi que todo mundo na academia focava muito a luta de solo. Mas eu quis fazer o diferencial e foquei muito na parte de luta em pé. Também tive a sorte de acompanhar os treinos do Pedro Rizzo, que na época era um dos tops do UFC, e sempre tive ele como um espelho. Tinha na minha mente que eu queria ser tão bom trocador quanto ele.
Porém, esse lado nocauteador do brasileiro o prejudicou em seu início de carreira, mas o lutador teve como apoio um velho conhecido dos brasileiros.
- O Minotauro é um cara muito gente fina, gosto muito dele. Acredita que uma vez ele me pagou uma bolsa sem precisar lutar (risos)? - comentou Aldo, em referência a um evento organizado por Rodrigo "Minotauro" Nogueira, no qual não conseguiam adversários para enfrentar o manauara, que começava a ficar conhecido por atropelar seus adversários na trocação.
Já em 2009, José Aldo se tornou campeão do WEC, na época, principal evento de peso penas. Foi então que o evento foi adquirido pelo todo poderoso do MMA, Dana White, e o menino humilde vindo de Manaus ganhou o mundo, tornando-se o primeiro campeão da categoria no UFC.
O brasileiro já defendeu seu cinturão duas vezes, contra Mark Hominick e Kenny Florian. E em sua terceira defesa, José Aldo poderá realizar mais um grande sonho. Lutar pelo UFC no Brasil. Dessa vez, o rival será o invicto americano Chad Mendes, com 11 vitórias em 11 lutas no seu cartel.
Confiante, o Scarface prometeu um show para os torcedores na HSBC Arena, na madrugada de sábado para domingo (a luta de Aldo está prevista para começar às 3h da manhã no horário de Brasília).
- Vou chegar muito bem para essa luta e dar um show para todo o publico brasileiro - garante.
BATE-BOLA - JOSÉ ALDO
LANCENET!: Como está a sua preparação para luta contra o Chad Mendes?
A minha preparação está ótima, está muito forte, com os treinos sempre muito puxados. Na minha última luta, contra o Kenny Florian, a gente já ajustou algumas coisas no estilo de treinar. Eu estava muito bem fisicamente, sempre muito lúcido e inteiro no combate, analisando a luta com meus treinadores e muito atento a tudo o que estava se passando. Agora para a luta contra o Chad a gente ajustou ainda mais coisas.
LANCENET!: O Chad deu uma declaração de que ele achava que poderia te vencer, porque segundo ele você perdeu o seu instinto "animal". O que você pensa sobre isto?
Muita gente tem achado isso, mas o meu instinto "animal" voltou. Estou muito animado. Em momento nenhum eu procuro jogar algum peso ou responsabilidade nas minhas costas, porque lá dentro do octógono eu luto por mim. É lógico que essa entrada no UFC me afetou em muitos fatores, o estudo tem que ser muito maior do que aquele que eu tinha no WEC. Mas eu voltei às origens e vocês podem ter certeza que para esta luta vocês vão ver um José Aldo sempre procurando a luta, para acabar o mais rápido.
LANCENET!: Existe muita diferença em lutar no WEC e no UFC?
Logo no começo quando todo mundo me perguntava sobre isso eu respondia que era a mesma organização, o mesmo bastidor, todo mundo a mesma coisa, e que só mudava a cor, que um era azul e o outro preto. Mas não é isso, a pressão no UFC é muito maior. O Mundo inteiro assiste ao evento, tudo no UFC é muito grande e a exposição é gigantesca. Comparando com o futebol, é como quando um jogador sai de um time pequeno e vai para um grande. É outra realidade. Eu tento evitar pensar nisso e procuro ficar longe de toda essa pressão. Porque se não, você acaba sendo afetado. Poucas pessoas eu vi estrearem bem no evento. É quase impossível um atleta chegar no UFC e conseguir desenvolver todo o seu potencial logo de início.
LANCENET!: Qual será a sua estratégia para a luta?
Vou procurar a luta o tempo todo. Eu quero nocautear ou finalizar, não me importa a maneira. O que eu mais quero é ver aquela galera vibrar com a minha vitória o mais rápido possível.
LANCENET!: O Chad Mendes declarou que sabe anular o seu jogo, e que você teria muita dificuldade em enfrentá-lo por ele ter um wrestler diferente do companheiro de treinos dele, o Urijah Faber.
Com toda a certeza ele vai procurar me botar para baixo, mas eu estou muito bem preparado para isso. Tanto nas defesas de quedas quanto na luta de solo com as costas para o chão. Lógico que os jogos dos dois são diferentes, mas eu não vejo ele sendo um adversário mais difícil que o Faber, que é um cara muito mais tarimbado e experiente. Ele é o desafiante e conquistou isso, mas lá dentro a gente vai ver realmente qual é a realidade, e quem é quem.
LANCENET!: O Urijah Faber foi o seu maior desafio?
Eu não diria isso. Para mim, a minha próxima luta sempre é o meu maior desafio. O Faber foi um grande desafio e gostei muito de enfrentá-lo. Ele era um cara muito dominante na categoria, mas eu consegui encaixar o meu jogo muito bem contra ele. E acho que acabei expulsando ele da categoria (risos).
LANCENET!: Para você quais são os principais nomes dos peso penas na atualidade?
Hoje em dia tem muita gente boa na divisão. Muitos atletas desceram dos leves para disputar ela e acho que tem muita gente que está descendo que pode dar trabalho. Mas acho que esse top five atual são os mais duros.
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