Ensinado pela avó, surfista vende trufas no SuperSurf para pagar o aluguel
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De feição indígena, um surfista passeia pelo palanque do Oi SuperSurf com a prancha em uma mão e uma caixa recheada de trufas na outra. Apesar de inusitada, a situação é comum entre os surfistas, já acostumados com as trufas vendidas por Amani Valentim. Vindo da Ilha do Mel (PR), o paranaense começou a vender as guloseimas durante eventos de surfe em 2007, após ter sofrido uma lesão no joelho que o fez parar de competir. A receita veio da avó Maria da Luz, hoje com 80 anos, que sempre acompanha a carreira do neto pela internet.
- Em 2006, tive uma lesão no ligamento do joelho, optei por sair de Florianópolis, então fui morar com minha avó em Curitiba. Perguntei se ela poderia me ajudar em Floripa com o custo do meu aluguel. Ela contou um pouco a história dela com o chocolate, disse que nenhum dos filhos se interessou e que poderia me passar todo o conhecimento que ela tinha na vida: a receita das trufas – conta Amani Valentim, ao LANCE!.
A primeira produção de trufas ocorreu em 2007. Ao lado da avó, o paranaense fez as guloseimas e saiu para vender em shoppings curitibanos. O dinheiro conquistado naquele dia foi guardado para a próxima fornada de trufas, dando início ao primeiro passo para Amani começar a viver da quantia recebida pelas guloseimas, assim pagar seu aluguel e a inscrição de competições.
- Levo dois dias para produzir uma quantidade boa. Trouxe para este SuperSurf uma faixa de 250 trufas, é o que consigo. Já venho de carona com meus amigos, quinze pranchas, mais as malas, sempre tem um espacinho para as trufas. Por enquanto não tenho meu carro, mas a quantidade que eu consigo, eu venho trazendo – afirma o surfista, que vende cada trufa por quatro reais.
Vindo de família indígena, Amani transparece o significado de seu nome: paz. Sempre com sorriso no rosto e voz tranquila, o surfista não demonstra ter vergonha de vender as trufas. Muito pelo contrário. O paranaense saca com orgulho suas guloseimas e sai vendendo, porém o surfista ficou um pouco constrangido na primeira vez, em 2007, durante um campeonato amador de surfe.
- O surfista gosta de ficar na praia, pegar onda, é uma coisa totalmente diferente. No começo, fiquei meio assim, mas fui. É legal chegar aos lugares e as pessoas olharem e dizerem: “O menino é atleta, está na batalha”. As pessoas adoram as trufas, isso me motiva muito para não ter vergonha – diz Amani, que, dentre os quatro sabores, tem o tradicional como o favorito, apesar do maracujá ser o carro-chefe.
Nesta sexta-feira, o surfista foi eliminado na segunda bateria da quarta rodada do Oi SuperSurf, o que não foi motivo para perder o sorriso. Quando questionado sobre o ingrediente secreto ensinado pela avó, o surfista não negou em revelar o segredo.
- O segredo da trufa é o amor. Sempre estou fazendo com muito amor, com vontade, na produção. Isso me motiva a estar competindo. Onde eu vou, eu levo as trufas comigo, não tem jeito – finaliza o surfista, com doce voz, ao melhor estilo Ilha do Mel.
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