Cesar Cielo: ‘Sou novato em altitude. Tenho de tomar cuidado’

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Depois de uma preparação turbulenta para o Mundial de Xangai (CHN), na qual teve de enfrentar um julgamento por doping e diversos questionamentos, Cesar Cielo chega ao Pan de Guadalajara (MEX) mais leve e feliz.
A aclimatação no Centro Deportivo La Loma tem agradado bastante ao nadador, que tem aproveitado o período para se adaptar à altitude, apontada por ele como um dos principais obstáculos a ser superado no caminho para manter o domínio continental nos 50m e 100m livre.
Entre um treino e outro, ele conversou com o LANCE!NET. Em uma conversa limitada a dez minutos, o nadador falou sobre sua expectativa para o Pan, mas não tocou no assunto doping.
LANCENET!: O Pan vai ocorrer no fim do ano, após uma temporada pesada, com Mundial. Como você chega para esta competição?
Cesar Cielo: Foi um desafio ter saído do Mundial e não ter tirado férias. Mas fisicamente dá para chegar 100%. Quando você não tira férias, uma semana depois está de volta na boa. Em duas semanas, recuperei rapidamente os seis quilos perdidos em Xangai. O que pesa mais é o aspecto mental. Será um desafio grande encontrar a motivação que tive no Mundial. Mas estou empolgado com os 50m livre. Acho que pode ser melhor do que foi em Xangai. Os 100m livre eu não sei. Não deu para fazer nenhum trabalho específico.
L!NET: Dá para repetir os resultados do Mundial de Xangai?
C.C: Dá para fazer o que fiz lá. Estamos com este inimigo invisível que é altitude, não sabemos como será o dia-a-dia, a recuperação, o fim da prova. Este é o grande X da questão. De resto, estamos bem. Vamos ver alguns tempos melhores que os do Mundial. Como grupo, podemos sonhar em quebrar o recorde de medalhas de 2007.
Nota da redação: No Pan do Rio, o Brasil ganhou 24 medalhas, sendo dez de ouro.
L!NET: Você já nadou em altitude? Como está sendo esta aclimatação aqui em La Loma?
C.C: Esta é segunda vez que venho para a altitude. A outra foi em Medelin (COL). Cheguei, nadei e fui embora em seguida. Foram apenas três dias. Nadei muito mal, quase desmaiei depois da prova. Nestes dias aqui em La Loma, senti um pouco. Parece que o pulmão diminuiu, mas estou sentindo uma evolução. Esta é a primeira vez que venho para treinar e ficar mais de três dias na altitude. Sou novato e preciso tomar cuidado com detalhes para não deixar atrapalhar. Mas não é fácil, uma hora dá desespero em baixo d‘água. Você olha para cima e vê que a piscina está longe de terminar.
L!NET: E o que você está achando da estrutura oferecida aqui?
C.C: Fiquei impressionado com a estrutura e o nível. Você não imagina que no interior do México vai existir algo assim. Isto é um oásis, tudo é muito bonito. Viemos para o lugar certo. Está sendo bem legal. É importante para a Seleção ficar junta. Vamos chegar à competição como uma equipe e não um monte de atleta individual.
L!NET: Desde os Jogos Olímpicos Pequim-08, você é o cara a ser batido e sabemos que aqui no Pan o nível é inferior ao de Mundiais e Olimpíadas. Isso coloca mais pressão para ganhar o ouro?
C.C: Não pesa. Mais do que levar nas costas a pressão pelo ouro, o que não posso, é ficar relaxado. Quando relaxo, fico ansioso. Aí mora o perigo, é aí que vão te passar a rasteira. Mas claro que sempre a pressão da medalha vai estar presente. Se você não está pronto, tem outros sete que podem vencer. Minha maior pressão é estar motivado.
L!NET: Em um Pan, já dá para sentir o clima de Olimpíada?
C.C: No quesito de organização e estrutura sim. Ter uma credencial, andar dentro da vila vai fazendo com que o atleta aprenda como funciona uma Olimpíada. Só a competição que é um pouco diferente. Na Olimpíada tem semifinal e aqui não. Mas tirando isso, é uma mini-Olimpíada. Para mim, foi um aprendizado importante o Pan do Rio. O mais gostoso é que todos os atletas têm as mesmas condições. Você só precisar ver quem está melhor na piscina e não quem tem o melhor hotel ou mais conforto. Na hora do balizamento, todo mundo chega igual.
L!NET: Você vai aproveitar o tempo livre para ver outros esportes em Guadalajara?
C.C: Acabou a competição, vamos embora e depois outros esportes ocupam a Vila. Mas os resultados a gente fica sabendo.
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