Caio, atacante do Internacional, exclusivo ao L!Net: ‘Estou em casa’

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Tão rápida quanto as suas arrancadas foi a adaptação a uma nova cidade. O atacante Caio está adaptado a Porto Alegre. Com menos de seis meses no Inter, já foi protagonista do vídeo Harlem Shake, gravado pelos colorados. Mas o principal, mesmo, é em campo. Mesmo como alternativa no banco, já soma quatro assistências - está atrás apenas de Damião e Fabrício - e dois gols. Tudo em dez partidas.
Seguindo os passos de Nilmar, seu ídolo, Taison e Oscar, Caio quer ser a opção de velocidade que o Inter sempre teve. Está virando o "Talismã" Colorado. O apelido dos tempos de Botafogo não o incomoda. Pede apenas que a torcida lembre que os gols podem não acontecer em um ou outro jogo.
Já morando em sua própria casa, no bairro Espírito Santo, Caio não teve muito tempo de conhecer Porto Alegre. Mas encontrou a paz de espírito na continuidade de uma escolha feita por ele, considerada correta: sair do Botafogo e tentar a vida em outro clube. Primeiro, no Figueirense, onde se destacou na Série A.
Com uma experiência também nos Estados Unidos, Caio atendeu a reportagem do LANCE! em um flat com vista para Porto Alegre. Dali, era possível ver o Beira-Rio, com as obras à pleno vapor. O jogador demonstrou entusiasmo com o projeto e com a possibilidade de poder atuar em um dos palcos da Copa-2014.
Você esperava essa adaptação tão rápida ao Inter e a Porto Alegre?
Estou de bem com a vida. Temos muitos jogadores no grupo, então não imaginei que teria esse destaque tão rápido. Consegui me entrosar bem, me senti bem no grupo. Estou feliz. Tinha proposta de fora, aí fiquei sabendo que o Inter queria me contratar. Imediatamente mudei os planos. Queria vir. A tradição, grandeza, são vários fatores positivos.
Sua personalidade também ajuda, não?
O elenco do Internacional me recebeu bem. Aqui, eu tenho espaço para fazer o que eu gosto. Acho que por ter morado seis anos nos Estados Unidos, vi outra cultura, a relação com as pessoas. Isso me ajudou. Sempre me enturmei bem.
E chegou agregando uma qualidade que o Inter não tinha...
Pois é, desde que cheguei o torcedor fala que o time ganhou velocidade. Existia a pergunta, se eu daria certo. Existia essa carência.
Mesmo reserva, você é o líder de assistências do Inter.
É fruto dos bons jogos que faço. Fiquei até surpreso. Mas tenho quatro assistências e dois gols em oito jogos. Tento achar o espaço. A movimentação do Leandro Damião me ajuda muito.
Você morou no Rio e em Floripa. Que achas de Porto Alegre?
Comparo a cidade um pouco com o Rio. O trânsito, o pessoal. Tem o frio que é diferente. Nem chegou ainda e já sinto frio. Encarei as temperaturas baixas lá fora e fiquei meio traumatizado. Mas é brincadeira, só que aqui venta muito.
No Botafogo, você era o Talismã. Você se incomoda de ser chamado assim aqui no Inter?
Não fujo disso. Só espero que não seja. Lá no Botafogo virou regra. Foram mais de dez jogos entrando e decidindo. Se acontecer aqui, maravilha. Mas em caso de isso não acontecer, a torcida não pode achar que não eu presto. Foi o que aconteceu no Botafogo. Eles se acostumaram. Quando passou a não acontecer, acharam que era obrigação.
Como está sendo participar de um grupo com tantos jogadores de Seleção?
Eu nunca escondi que sou fã do D'Alessandro. Do Nilmar também. Aí você olha para frente no ônibus e tem o Forlán. Atrás, está o Juan brincando contigo. Só consagrados. Às vezes você não consegue acreditar. Os via na TV e hoje comemoro gols com os caras.
Pensa em Seleção?
Tenho os pés no chão. O sonho de todo jogador é defender o seu país. Quando estava nos EUA, fui convocado na sub-15 e 17, mas era cidadão americano. Tenho de lutar para ajudar o Inter e tentar ser titular. Tudo acontece naturalmente.
Que projeto tem para uma ida para a Europa, por exemplo?
Tenho contrato de cinco anos. Meu pensamento é o Internacional. Não penso nada além disso. Se acontecer alguma coisa de proposta, se for bom para o Inter...
Qual o grande foco de conquista do Internacional para a atual temporada?
Todos os títulos. Entramos em todas as competições para brigar pelo título. Foi um dos motivos para eu vir para cá. Serão vários desafios. O Brasileirão desse ano vai ser o mais difícil de todos. E sempre é o mais difícil do mundo. Rebaixado ganha do líder.
A rivalidade aqui (Porto Alegre) é maior do que no Rio?
É maior. Aqui são só dois times, e lá são quatro. Usar sandália azul... (risos). No posto de gasolina, falam do jogo. O pessoal encontra na rua, fala. Pedem para ganhar do Grêmio.
É possível manter a motivação alta no Gauchão em meio a Copa do Brasil, por exemplo?
Ninguém relaxa. E todo brasileiro sabe do jeito do Dunga. Ele está sempre puxando a gente, não deixa ninguém relaxar.
E como é o Dunga no vestiário? Porque nos dizem que ele é engraçado...
Ele dá liberdade na hora certa. No trabalho, cobra. Conversa bastante. Todo jogador precisa de confiança e ele vem fazendo isso com o grupo. Ele nos deixa à vontade para fazer o que nós achamos certo dentro de campo contra os adversários. É um paizão.
Você e Otávio podem ser fundamentais pela velocidade?
Exatamente. Todo time precisa de gás no segundo tempo. Não que a gente se acomode com a reserva. Eu sou um jogador que treino muito, busco meu espaço para ser titular. Mas podemos ser curingas que podem fazer diferença.
Como foi a decisão de sair do Botafogo ano passado?
Eu que pedi. Em 2010 tive um ano maravilhoso pelo Botafogo, apareci, tive proposta da Udinese (ITA). Não quis sair para disputar um Campeonato Brasileiro. Foi fenomenal. Em 2011 não tive tanta oportunidade. Em 2012, joguei o Carioca e fomos vice. Eu tinha na cabeça que queria sair. O jogador tem que ter essa personalidade de buscar ser titular. Eu pedi, o Oswaldo não queria me liberar, mas pedi a ele para seguir em frente. Me ajudou e saí. Foi a melhor coisa que fiz na minha vida.
Já conhece Porto Alegre?
Ainda não consegui dar um giro legal pela cidade. Só conheço, por enquanto, os shoppings. Lugares legais, como Padre Chagas, só ouvi falar. Fico em casa. Vou no cinema. Sou tranquilo.
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