Autoridades se mobilizam contra violência em Alagoas
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Após a escalada de violência envolvendo as torcidas de Alagoas, autoridades tomaram medidas drásticas. Depois da morte de um jovem e depredação de ônibus no primeiro jogo entre CSA e CRB, em 16 de janeiro, a Justiça proibiu a Mancha Azul (CSA) e a Comando Alvirubro (CRB) de entrarem uniformizadas no estádio em quatro jogos. A Polícia Militar (PM) endureceu. Passou a fazer revistas em todos os ônibus que levavam torcedores ao Rei Pelé.
– O principal problema não é no estádio. É antes de chegar lá. Eles se enfrentam nas ruas, nos shoppings – observa o tenente-coronel Gilmar Batinga, do Comando de Policiamento da Capital.
Já no primeiro jogo, 87 torcedores foram detidos com drogas, pedaços de pau e facas. Muitos eram menores de 18 anos. Outra medida foiaumentar a revista na entrada do Rei Pelé.
E, em caso de brigas, bandeiras e instrumentos da bateria passaram a ser impedidos de entrar no estádio como formar de punição. O próximo passo será fazer buscas nas sedes da Mancha Azul e da Comando Alvirubro.
A pancadaria que corre as ruas de Maceió quase sempre é articulada pela internet. Em sites de relacionamento, jovens exibem armas e marcam confrontos. Camisetas rasgadas da torcida adversária são mostradas como troféus. É a prova de que os rivais foram espancados. Há casos de humilhações. Em uma foto publicada no Orkut de um membro de Comando Alvinegro, um torcedor do CSA é obrigado a ficar nu.
Devido aos casos de depredação, as empresas de ônibus queriam até suspender a circulação dos veículos em dias de jogos.
Portões fechados
Se as medidas contra a violência não derem certo, a Polícia Militar ameaça até proibir a entrada de torcedores no Rei Pelé nos jogos de CRB e CSA. Seriam partidas com portões fechados. Essa seria a medida mais drástica para frear a violência. Com o alerta, a intenção da polícia é forçar os representantes das organizadas e os clubes a agirem.
– As organizadas sempre dizem que as brigas são com outros torcedores. Os clubes também lavam as mãos. Agora, estamos responsabilizando eles também – conta o tenente-coronel Gilmar, que promete fazer o que for precisoemtermos de segurança para acabar com a violência.
Como resposta, CRB e CSA suspenderam a distribuição gratuita de ingressos aos torcedores. Os dois clubes lamentam os casos de violência e dizem que estão dispostos a colaborar com as autoridades.
Nos quatro jogos deste ano em que as organizadas foram proibidas de entrar com uniformes, os casos de brigas nos arredores do estádio diminuíram, garante a PM.
Fim das organizadas
O Ministério Público e a Polícia Militar de Alagoas defendem a extinção das organizadas no estado. Em 2006, o promotor Max Martins, da promotoria de Defesa do Consumidor, entrou com ação pedindo o fim das torcidas. Perdeu em primeira e segunda instâncias. Ele agora irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça.
– A proibição seria uma resposta do Estado. O que não pode é torcedores seguirem com atos de selvageria e vandalismo acobertados pelo uniforme das torcidas – defende Martins.
O MP vai juntar os fatos registrados no último ano para reforçar seu pedido. As mortes recentes, acredita, podem influenciar na decisão dos juízes.
Representantes das duas principais torcidas de Maceió são contra a extinção. Dirigentes da Mancha Azul e da Comando Alvirubro ouvidos pelo LANCENET! dizem que "os atos de violência não têm ligação com as organizadas". Falaram ainda que estão colaborando com as autoridades para identificar os supostos torcedores envolvidos nos crimes.
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