Arena Pernambuco: transporte público ineficiente e ‘viagem’ repleta de obstáculos
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Durante os dias que antecederam o confronto entre Espanha e Uruguai, no último domingo, válido pelo Grupo B da Copa das Confederações, o Governo do Estado estimulou a torcida a usar o transporte público para chegar na Arena Pernambuco, localizada em São Lourenço da Mata, a 19km do Centro de Recife. A campanha funcionou. Mas a estratégia montada deixou a desejar.
Para testar a organização do evento e, principalmente, o plano de mobilidade, a reportagem do LANCE!Net convidou duas espanholas para fazer o trajeto até o estádio. Anna Botella, de 21 anos, e Marina Ginzález, também de 21 anos, estão realizando intercâmbio no Recife desde o começo deste ano e aceitaram usar os principais meios de transportes da cidade. Elas foram acompanhadas de dois amigos brasileiros: Fernando Pons, de 21 anos, e Amanda Carneiro, de 20 anos.
Ao lado dos quatro torcedores, a reportagem deixou a região da praia de Boa Viagem, na Zona Sul, às 15h30, em dois táxis, e logo de cara pegou um trânsito caótico rumo à estação Joana Bezerra, a mais utilizada da capital pernambucana.
Apesar da situação precária do local, o atendimento dos voluntários foi eficaz (alguns falavam inglês) e o embarque foi feito com tranquilidade no vagão da linha Camaragibe. Daí em diante, caos total. Da Joana Bezerra até a Cosme e Damião, a estação mais próxima da Arena, o metrô, além das 12 paradas obrigatórias, deixou de funcionar em diversas vezes por causa do fluxo (cerca de 8 minutos em cada estação). O trajeto, que costuma demorar no máximo 40 minutos durante a semana, acabou levando aproximadamente uma hora e trinta minutos.
Ao chegar na Cosme e Damião, novos – e graves – problemas. Pequena e com apenas uma saída, a plataforma de embarque/desembarque foi tomada por milhares de torcedores. Revoltados, eles puxaram o grito de "vergonha" no momento que em um cinegrafista começou a filmar a situação. Para piorar, a lentidão no percurso fez com que as pessoas andassem fora da faixa da segurança. Com o piso muito escorregadio por causa da chuva, o risco de quedas no trilho era enorme.
Do lado de fora da estação, ônibus aguardavam a torcida. Se não bastassem as filas para entrar nos circulares, a parada final ficava a 1km da Arena. Mais 15 minutos de caminhada até a entrada principal, sem qualquer tipo de proteção contra a chuva, o que novamente voltou a gerar revolta nos torcedores.
Ao todo, a reportagem do L!Net levou quase duas horas e trinta minutos para cruzar o portão principal. Cansados, mas nem por isso desanimados para acompanharem de perto o duelo da Fúria com a Celeste, as espanholas Anna e Marina, e os amigos brasileiros Fernando e Amanda, criticaram os meios de transportes de Recife. Decepcionadas, as espanholas cobraram um plano de mobilidade urbana mais eficiente.
- Comprovamos que o transporte aqui de Recife está abaixo do esperado - afirmou Marina.
- Notamos que falta organização em alguns pontos do trajeto de Recife até aqui (estádio). Isso precisa ser melhorado - complementou Anna.
"VIAGEM" DE VOLTA
Anna, Marina, Fernando e Amanda deixaram a Arena Pernambuco logo após a vitória da Espanha por 2 a 1 em cima do Uruguai, por volta de 20h55. E, como era de se imaginar, a volta para casa foi ainda pior. Em rápido contato por telefone com o LANCE!Net, Fernando revelou que o grupo demorou quase três horas para chegar na estação Aeroporto, localizada na Zona Sul da capital.
O confronto entre espanhóis e uruguaios teve público total de 41.705 (público pagante não foi anunciado). Deste número de torcedores, a grande maioria utilizou o transporte público para chegar e sair do estádio.
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