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Abel completa 60 anos e diz: ‘Tenho orgulho de conhecer alguém como eu’

Especial Léo Moura (Foto: Arquivo)
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Dia 28/10/2015
04:33

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Neste sábado, Abel Braga completa, na gíria popular, sessenta primaveras. Destas, 45 são dedicadas ao futebol. História é o que não falta para o técnico do Fluminense. A carreira do técnico, admirador confesso de bons vinhos, parece assemelhar-se com a bebida, que fica melhor com o passar dos anos.

Feliz com a boa fase no Fluminense e no futebol brasileiro, após as conquistas entre 2006 e 2007 com o Internacional, ele falou sobre planos para o futuro, a responsabilidade de comandar o próprio filho e rasgou elogios a Fred, aparando algumas arestas e mágoas do artilheiro com o treinador da Seleção, Mano Menezes:

– No fundo acho que mesmo o Fred acreditando que não dá mais com o Mano Menezes, essa vaga vai cair no colo dele. É o melhor atacante do Brasil – disse Abelão.

As principais notícias sobre Abelão chegam antes no celular!

Abel completa 60 anos e fala da sua aposentadoria


Confira a entrevista exclusiva do sessentão Abel Braga ao LANCENET! e suas histórias de vida:

LANCENET!: Chegou a conversar com Fred depois das declarações sobre o Mano?
ABEL BRAGA: Não falei nada com o Fred. É uma opinião dele em relação ao Mano, que é um cara que gosto muito. O Fred, por exemplo, não se dá com o Emerson. Este conheci no mundo árabe. Gosto dele, mas sou muito amigo do Fred. Respeito suas opiniões, ideias e no fundo acho que mesmo achando que não dá mais com o Mano Menezes, essa vaga vai cair no colo dele. No Brasil, hoje, não tem um melhor que ele. Leandro Damião é muito bom jogador, mas não tem a técnica e a experiência do Fred.
 
LNET!: Neste tempo como treinador, teve algum trabalho especial com jogador que vale ressaltar?
A B: Tem muitos jogadores que fiz um trabalho legal. Primeiro os que lancei no futebol. Aqui no Fluminense, em 2005, por exemplo, Arouca e Diego Souza, que passaram a ser titulares em menos de um mês. No Flamengo teve Ibson. No Internacional, Edinho era muito vaiado. Quando o chamava para entrar a torcida já começava a vaiar. Eu perguntava: ‘Você está ouvindo isso?’ Ele respondia: ‘Eu não, professor!’ Por essa maneira de lidar, acho que ganho respeito e carinho, com lealdade, para ter um bom ambiente.
 
LNET!: O que representa o Fluminense na sua vida?
A B: Demorei 20 anos como treinador para chegar ao Fluminense. Comecei em 1985 como treinador e só vim para cá em 2005, pela primeira vez. Tinha uma certa mágoa, pensando: caramba, é um clube que gosto e nunca me leva? O que quero dizer é que se ficar um, dois ou três anos aqui, com certeza o tempo que tenho depois, dificilmente voltarei, porque sou um cara que não quebro contrato. Se for para outro clube, ficar mais dois ou três anos, chego ao meu limite. Por isso tenho esse carinho especial. 

LNET!: Pensa em seguir no futebol quando se aposentar?
A B: Devo trabalhar mais uns cinco anos. No futebol não descarto fazer outra função, tipo consultoria. Não sei ainda e nem sei se será assim. Nem sei se vou conseguir parar (risos). Pode me cobrar, no dia 1 de setembro de 2017, e falar: Abel você não parou de treinar ainda. Você é mentiroso (risos).

LNET!: Aqui você vive a situação de treinar seu filho. Como é isso?
A B: Aqui sou treinador do Fábio e é muito complicado. No clube é todo mundo igual, mas acho que o prejudico. Houve jogos que optei por outros jogadores e poderia escolhê-lo. Mas se coloco o em um jogo e o time perde, vão dizer que só coloquei porque é meu filho. Ele evoluiu muito. Nesse ponto o Fábio aproveitou bem. O passe dele é excepcional. Evoluiu e já virou jogador.

LNET!: Você acha gratificante chegar aos 60 anos tão prestigiado como os treinadores mais novos?
A B: É aquele negócio, sem comparar e falar dos outros, tive cinco anos e meio trabalhando fora como treinador, fui jogador na França, trabalhei lá, no mundo árabe e tenho uma coisa comigo que me impulsiona: o aprendizado. Aprendi sempre alguma coisa. Ficou um pouco de cada treinador que conheci. A minha parte tática tem muito a ver com o Cláudio Coutinho, que foi o treinador mais tático que tive como jogador. Porém, os meus trabalhos vêm da minha cabeça. Não faço trabalhos que vi outro treinador fazer. Só trabalho situação de jogo.

LNET!: Vê o futebol mais chato com menos declarações polêmicas?
A B: Não penso assim. O jogador mais direto é o que atingiu um nível diferenciado. O garoto que ainda não se consolidou tem um certo cuidado. Hoje é muita mídia, programas na TV, na rádio, um monte de jornal. Hoje você tem de ter cuidado, por ter essa coisa forte da mídia. Qualquer coisa mal colocada ganha uma dimensão muito grande.

LNET! Como analisa a sua carreira de treinador e jogador?
A B: Primeiro não sei o que representou para mim a carreira de jogador. Joguei em uma época muito difícil, porque havia grandes jogadores, com ótimo nível. Era um zagueiro normal. Imagino que se jogasse no futebol de hoje, com muito mais consistência de proteção aos zagueiros, com muito menos valores individuais, teria uma carreira de sucesso, mesmo sendo um jogador normal. Era inteligente. Um treinador só vive de conquistas. Para mim, isso começou cedo. O marco foi a passagem pela Ponte Preta, em 2003. Perdi 13 jogadores no Brasileiro, oito titulares por problemas com o clube e conseguimos ficar na elite. Cheguei na final da Copa do Brasil duas vezes. O problema é que começou a se criar um estigma de vice e pensei: caramba, quem chegou em duas finais seguidas, com clubes diferentes da Copa do Brasil? Na final dei azar e não ganhei, mas não foi só sorte. No Internacional veio o ápice. Como treinador, tive mais conquistas do que como jogador. Por isso que não sei dizer em qual função fui melhor.

LNET! Aos 60, qual o seu recado?
A B: O que sei nesse momento a vida passa muito rápido. Da maneira que ela vem, ela vai. Na semana passada tivemos isso com o Robertinho. Tenho muito orgulho e prazer de conhecer uma pessoa como eu e tenho prazer de ser como sou, um cara reto. Já vi o Abel fazer besteira em beira de campo, xingar juiz, escalar mal, mas sempre fui reto e conduto. Isso dá muito orgulho e prazer. Estou fazendo 60 anos, está chegando a hora e acho que mais cinco para mim é o limite. Ser treinador é uma loucura, por isso aproveito bem a vida.

LNET!: Em casa, já existe a pressão pela sua aposentadoria?
A B: Lá em casa é ao contrário. Vou conversar com minha esposa sobre ano que vem. Não sei se vou tirar férias de seis meses, sinceramente não sei. Vou esperar chegar o fim do ano para ver. Falo que quero parar e minha esposa responde: ‘Que isso, não para, você ainda está novo.’ E eu pergunto se ela não quer me ver em casa (risos). Ela não quer que eu pare. Meus filhos também não, mas todos entendem. Nessa questão de aposentadoria, forço mais a barra do que minha própria família.

LNET!: O que você pode falar do Abel criado na Penha e do Abel que hoje reside no Leblon?
A B: Tenho a malandragem da Penha, a malandragem da rua. Aprendi muito. Graças a Deus minha malandragem foi de conhecer e muito pelo Fluminense, quando cheguei, me mostrando qual era o melhor caminho. Muitos amigos foram para o outro lado. Tento falar com meus filhos, mas é muito complicado, por causa do diabo do computador (risos). Eu subia as pedras da Igreja da Penha com uma atiradeira para matar camaleão. Subia no pé para pegar tamarindo, pegar cajá-manga. Você não vê isso na Zona Sul. O Leblon proporciona boas coisas, como não pegar carro para nada, sair andando para tomar um bom vinho. Antes ia para baile de ônibus e agora falo vou para o Bar do Copa. Que legal! (risos).

CONFIRA AS MENSAGENS DE ALGUNS JOGADORES DO FLUMINENSE, PARABENIZANDO OS 60 ANOS DE ABEL BRAGA

"O Abel é um técnico vencedor. Pela experiência, currículo e por ser um técnico muito sincero com todos os atletas. Nunca se escondeu, sempre nos protegeu e sabe como ninguém lidar com um grupo de jogadores. Merece tudo de bom na vida. Que Deus continue dando muitas primaveras para ele. Um grande pai para todos nós"
Fábio, volante do Fluminense

"O Abel é o paizão de todo o time. É um cara muito querido por todos e que nos trata, realmente, como filhos. É um exemplo de profissional, de conduta e também de competência. Por tudo isso, só tenho a desejar coisas boas a ele nesse dia tão especial. Que Deus siga abençoando e guiando seus passos. Um feliz aniversário, muitos anos de vida e cada vez mais conquistas"
Fred, atacante

"São 60 anos, uma idade legal. Conheci o Abel como adversário, há alguns anos atrás e aprendi a admirar e respeitar. E agora convivendo com ele conheci o lado humano e seu caráter, aumentando ainda mais a minha admiração. Coloco no hall dos grandes treinadores que sabe aliar a competência com o lado humano, assim como o Felipão. Parabéns e muitos anos de vida"
Deco, apoiador

"Primeiramente, desejo muita saúde a ele. Espero que ele continue esse cara trabalhador, dedicado e que merece o sucesso que tem na carreira. Ele já vem colhendo os frutos do trabalho sério que faz, já há muito tempo. Muita paz e sucesso sempre ao professor e parabéns nesta data especial"
Wágner, apoiador

"Professor Abel é um cara muito competente e honesto, que tem o carinho de todos os jogadores aqui no Fluminense. Por isso, desejo a ele um feliz aniversário, que ele seja feliz e tenha muito sucesso na sua vida"
Digão, zagueiro

"Desejo um feliz aniversário para o Abel. Aprendi muito com ele desde a minha chegada ao Fluminense e espero que o melhor presente para ele venha no fim do ano, com o título do Campeonato Brasileiro"
Anderson, zagueiro

"Parabéns ao chefe Abel. Felicidades sempre"
Ricardo Berna, goleiro

"Desejo muitas felicidades para o nosso treinador. Que o time possa jogar o seu melhor futebol para lhe dar uma vitória de presente"
Leandro Euzébio, zagueiro

"Estou vivendo a melhor fase da minha carreira e o Abel também tem grande parcela de contribuição neste momento. Desejo tudo de melhor para ele"
Jean, volante

"O Abel sempre me deu muita moral desde a minha chegada ao clube. Sempre me apoiou e confiou no meu futebol. Que ele tenha muitos anos de vida e conquistas pelo clube"
Bruno, lateral-direito

"Primeiro de tudo, quero parabenizá-lo e desejar mais sucesso no Fluminense. Eu tenho um grande privilégio em poder trabalhar com uma pessoa correta e com o caráter que tem o Abel Braga. Conheci uma grande pessoa e um ótimo profissional. Desejo todas as felicidades do mundo para ele. Parabéns!"
Rodrigo Caetano, diretor-executivo do Fluminense

"Ele é exatamento o que todo mundo fala. Sujeito direto, franco, amigo, muito preocupado com tudo que acontece dentro do clube e com todos. É um amigo que vai comigo para o resto da vida. Dizem que no futebol não fazem amigos é um cara que eu fiz que vai comigo para toda a vida. Muitas felicidades"
Sandro Lima, vice de futebol do Fluminense

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