Do tédio por lesão ao brilho no Rio Open: o curioso Attila Balasz
Húngaro chamou a atenção do público por suas duas primeiras vitórias no Rio Open
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Por Marden Diller – Lucky Loser da chave do Rio Open, derrotado na última rodada do qualificatório e responsável pela eliminação de Pablo Cuevas e Thiago Monteiro. Essas são apenas algumas das alcunhas que podem ser dadas ao curioso húngaro Attila Balazs.
O húngaro chegou ao Rio de Janeiro como número 106 do ranking, precisando disputar o qualificatório para entrar no torneio carioca. Derrotado na rodada final do quali, se beneficiou de desistências e ganhou seu lugar na chave principal como Lucky Loser, estreando diante do campeão de 2016, Pablo Cuevas. Saindo vencedor em uma impressionante partida, cruzou com o número um do Brasil ainda na segunda rodada.
Aos 31 anos de idade, Balazs tem uma longa história com o tênis e com os esportes em geral, curiosidades que compartilhou com o Tênis News momentos após a vitória diante de Monteiro na noite desta quarta-feira (19).
Profissional desde 2006, quando tinha apenas 14 anos de idade, começou a jogar tênis com seis anos de idade por influência de seus irmãos, em um país que, até então, não possuía uma história no tênis.
“Minha irmã e meu irmão estavam jogando antes de mim. Eu era muito talentoso, então claro que eu não tive escolha e joguei tênis por influência da minha família. Meu irmão era um grande jogador, foi número 3 do mundo abaixo dos 18 no juvenil, ele é só três anos mais velho e pudemos viajar muito juntos até sua aposentadoria em 2011”.
Foi justamente no seguinte à aposentadoria do irmão que Balazs alcançou seu primeiro grande marco na carreira, a semifinal no ATP 250 de Bucareste. No entanto, também foi nessa época que teve início seu calvário pessoal.
“Tenho uma longa história, tive muitos altos e baixos na minha vida, mas acho que agora é hora de eu ter alguma sorte na minha vida. Estou no top 100 pela primeira vez, estou curtindo minha vida e jogando sem dor. Foi uma fase muito difícil, mas eu sobrevivi”.
Ao final daquele mesmo ano, começou a sofrer com diversas lesões, culminando com uma no quadril — que muitas vezes puseram fins a carreiras brilhantes, como a de Gustavo Kuerten — decidindo por sua aposentadoria precoce aos 25 anos, em 2014.
Deste ponto, Balazs passou os dois anos seguintes trabalhando como treinador e aproveitando a vida de aposentado. No entanto, uma virada no destino e uma boa dose de tédio — segundo relatou o próprio — o convenceram a dar outra chance para o esporte da bolinha amarela.
“Eu estava muito entediado em casa, na verdade. Daí pensei que talvez eu fosse jovem demais para virar treinador e, finalmente, começamos a ter diversos torneios na Hungria e não tinha muito a perder, nem precisava viajar para fora do país. Disputei diversos desses torneios em meu país e fui bem em praticamente todos eles. Nesse ponto todos meus amigos e família começaram a me incentivar a seguir jogando e aqui estamos nós”, relembrou.
Nestes torneios em que foi muito bem, Balazs anotou um marco impressionante de 10 títulos de nível Future apenas no primeiro ano de seu retorno, totalizando 14 conquistas nesta classe após a aposentadoria e 29 em toda sua carreira. Em 2019, um grande salto o levou à decisão do ATP 250 de Umag, na Croácia, superando os sérvios Filip Krajinovic e Laslo Djere antes de ser superado por outro sérvio, Dusan Lajovic, na rodada final. O caminho até o torneio, no entanto, não foi nada fácil.
“Apenas tentei jogar o máximo de partidas que pude, semana após semana. Tive que jogar muitas e muitas partidas para recuperar o ritmo depois de me aposentar por dois anos, pois estava apenas dando aulas e curtindo estar em casa. De alguma forma eu consegui vencer diversos Futures em sequência, avancei ao nível Challenger e agora, felizmente, acho que posso conseguir me estabelecer nos torneios ATP e curtir um pouco essa nova fase”.
Consolidado no top 100 pela primeira vez em sua carreira, não só de tênis vive o húngaro, que atua também em instituições de caridade para cuidados animais, além de ser fã de filmes e nutrir uma forte paixão por outro esporte, o bilhar — popularmente conhecido como sinuca — ao qual pretende se dedicar fielmente após sua aposentadoria — dessa vez por espontânea vontade e na hora que julgar correta.
“É meu esporte favorito, meu jogador favorito é Ronny O’Sullivan. Amo assistir jogos de bilhar profissionais. Sempre que tenho tempo em casa estou jogando e, claro, quando eu me aposentar definitivamente do tênis me dedicarei mais ao bilhar, claro que para me divertir, e daí talvez eu consiga jogar em um nível mais alto”, confessou o tenista com um enorme sorriso no rosto.
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