Tite, Neymar e Croácia: Juninho Paulista revela bastidores da queda do Brasil na Copa do Mundo

Ex-coordenador da Seleção fala sobre os bastidores do último Mundial

image_placeholder-1-aspect-ratio-512-320
Juninho Paulista era coordenador da Seleção Brasileira na Copa do Mundo (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Escrito por

A eliminação do Brasil na Copa do Mundo 2022 ainda repercute. Ex-coordenador da Seleção Brasileira, Juninho Paulista deixou o cargo no fim do Mundial e, sete meses depois, falou pela primeira vez sobre bastidores da campanha no Qatar.

Em entrevista ao "ge", o dirigente comentou sobre a derrota para a Croácia, o tratamento dado a Neymar, a evolução de Vini Jr e a convocação de Dani Alves, entre outros assuntos. Confira abaixo as principais declarações.


+ CBF confirma Fernando Diniz como técnico da Seleção Brasileira e crava data para chegada de Ancelotti

Reação de Tite após eliminação

– Nos pênaltis, ele estava com todo mundo e tinham vários jogadores ali. Quando terminou, eu já parti para os jogadores que estavam em campo. E ele ficou com esse pessoal todo. Foi uma tristeza muito grande para ele. Acho que foi um dos piores momentos da vida dele, da carreira. Teve a Bélgica, mas (antes da Copa de 2022) teve um ciclo inteiro, a confiança era muito grande nesse período. Tudo caiu em cima da cabeça dele. Sempre cai em cima da cabeça do treinador primeiro essa eliminação. Mesmo assim ele ficou ainda com o pessoal ali próximo, não teve essa atitude de entrar em campo, mas ele é muito introspectivo.

– Ele foi sofrer sozinho, foi chorar sozinho. Estava lá no vestiário e até ele ficou espantado quando, no outro dia, tiveram essas notícias. Ele até perguntou depois: “Pô, mas fiz alguma coisa errada?” . Eu falei: "Não, de maneira nenhuma”. Cada um sofre da maneira que sente na hora, né? Na hora você não pensa nessa obrigação, na hora você quer viver o seu luto.

Surpresa com a seleção da Croácia

– E aí eu falando a minha visão técnica, a Croácia nos surpreendeu no primeiro tempo ficando muito com a bola. Não deixando o Brasil ficar com a bola, e isso é uma coisa que irritava o Tite, a gente não ter a bola e a Croácia conseguiu controlar bem o jogo, principalmente no meio campo. Eles não ofereceram perigo, mas também não deixaram a gente oferecer perigo.

– No segundo tempo, isso melhorou um pouco, a gente chegou algumas vezes antes de sair o gol do Neymar. Depois, surge um monte de situação. "Pô, deveria ter feito isso, deveria ter feito aquilo". Mas, cara, se a gente for ver o lance, são algumas sequências que você fala: "Meu, isso aqui parece estar escrito". É complicado. Se a gente jogar de novo contra a Croácia, que já provou ser uma excelente seleção, porque não é normal chegar em (fases) finais de Copa anos em sequência, é muito difícil... Mas, se a gente jogar contra a Croácia da maneira que jogou, provavelmente vai ganhar nove de dez.

Croácia x Brasil - Pênaltis
Brasil foi eliminado pela Croácia na Copa do Mundo 2022 (Foto: EFE/EPA/Ronald Wittek)

Neymar tinha regalias na Seleção Brasileira?

– O Neymar olha o Messi na seleção argentina com regalias. Ele olha o Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa com algumas regalias. E aí ele vem para a seleção brasileira e é humanamente normal, porque está no nível desses jogadores, que tente algum tipo de regalia. Por ser tecnicamente o melhor jogador do Brasil. Só que aí cabe a nós mostrarmos a ele que algumas situações que não prejudique, ok. Outras, não. Na maioria dos casos, ele vai fazer o que fazem todos os jogadores.

– Foi assim que o Felipão fez com o Ronaldo em 2002. Era uma referência técnica também para o grupo. E o Neymar entendeu perfeitamente, zero problema.

Evolução de Vinicius Jr na Seleção Brasileira

– Acho que o Tite foi ganhando confiança aos poucos no Vinicius. Falava muito em amadurecimento. Eu acho que o processo do Vinícius na Seleção foi o que ele teve no Real Madrid. Foi ganhando confiança aos poucos, como no Real. Lá, ele sofreu muito no início, não estava bem, não jogava do jeito que ele estava jogando e do jeito que ele joga hoje. Às vezes, fazia um jogo bom e fazia um jogo ruim.

– Eu acho que na Seleção foi o mesmo processo. Chegou não se destacando tanto, foi ganhando espaço, ganhando a confiança do Tite, sendo um pouco mais regular, entendendo um pouco mais a ideia de jogo. Eu lembro que o Tite conversava bastante com o Ancelotti nesse aspecto, principalmente quando ele começou a se destacar no Real. Conversava para poder repetir o posicionamento e as funções na Seleção.

Neymar e Vinícius Jr - Seleção Brasileira - Brasil
Juninho comentou sobre Neymar e Vini Jr na Seleção (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Convocação de Daniel Alves

– Foi um tema bastante discutido. Nas primeiras viagens, o Fábio Mahseredjian (preparador físico) e o Guilherme (Passos, fisiologista) se assustaram com a performance do Daniel. Tanto que ele não foi convocado nessas duas convocações antes da Copa. Por conta da performance, da forma física dele, então foi falado para ele. Desde então, o Dani fez tudo aquilo que nós sugerimos, da parte fisiológica e física. Mas foi realmente uma discussão grande em torno dele. Na nossa avaliação, ele merecia a convocação. Eu acho que também um pouco por falta de concorrência nesse nível. Acho que também pelo que ele representava, para os atletas e para a Seleção, pela resposta que deu quando estava mal. Então, a minha opinião final era de que deveríamos convocar.

News do Lance!

Receba boletins diários no seu e-mail para ficar por dentro do que rola no mundo dos esportes e no seu time do coração!

backgroundNewsletter