Sob pressão, Leco tem problemas a resolver para último ano de gestão

Permanência de Raí e Diniz, necessidade de vender jogadores, sócio-torcedor... Preocupações para 2020 já são muitas no São Paulo, que ainda não sabe se irá á Liberta

Leco
Presidente do São Paulo é muito cobrado pela torcida (Foto: Maurício Rummens/Fotoarena/Lancepress!)

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A pressão sobre Leco, presidente do São Paulo até dezembro do ano que vem, não para de aumentar. A hashtag #Somos18MilhõesForaLeco, que passou a quinta-feira entre os assuntos mais comentados do Twitter, simboliza a impaciência da torcida com o dirigente às vésperas de seu último ano de gestão. E já são muitos os problemas a serem resolvidos para a próxima temporada.

Para começar, o clube precisará se desfazer de um ou mais jogadores para estabilizar as contas. A diretoria deixou isso bem claro no relatório que enviou recentemente aos conselheiros com um resumo das operações do São Paulo entre janeiro e agosto de 2019: foram R$ 76,5 milhões de déficit no período, consequência do desempenho bem pior que o esperado em competições como a Copa do Brasil e a Libertadores e da arrecadação abaixo da meta com vendas de atletas (o orçamento previa R$ 121 milhões e o Tricolor recebeu R$ 71 milhões até o meio do ano).

O cenário financeiro não permitirá que a diretoria de futebol mantenha a postura adotada no meio de 2019, de não vender os principais garotos revelados em Cotia por menos do que 50 milhões de euros, multa rescisória padrão dos contratos das joias. Na época, o clube priorizou o ganho esportivo e recusou 20 milhões de euros do Manchester City por Antony - com esse valor, não haveria o déficit no caixa. Agora, além do próprio Antony, Liziero é quem tem mais chances de sair se uma proposta considerada boa aparecer.

Além do rombo que já existe, o que praticamente obriga o São Paulo a vender jogadores é um aumento já previsto nos gastos da próxima temporada: os salários de Daniel Alves e Pato, por exemplo, vão subir - para não estourar a folha salarial de 2019, o Tricolor fechou com os dois por vencimentos menores até dezembro e aumentos pré-estipulados. Em 2020, o clube também começará a ressarcir o empresário André Cury pela compra de Raniel (cerca de R$ 15 milhões) e possivelmente terá de bancar a compra de Tiago Volpi (cerca de R$ 20 milhões). O valor pago ao Querétaro (MÉX) deve ser parcelado.

Ao realizar essas operações, a diretoria imaginava que bons resultados esportivos (o título brasileiro, por exemplo) fariam as receitas explodirem entre o fim de 2019 e o início de 2020. Mas, como se sabe, o São Paulo ficou bem longe de conquistar a competição nacional e ainda não sabe se irá para a Libertadores, seja diretamente na fase de grupos ou nas etapas preliminares.

Outra questão é que Leco ainda não sabe quem resolverá as questões do futebol em 2020. Raí é homem de confiança do presidente e tem o trabalho bem avaliado por ele, mas ficará sem contrato na virada do ano. A permanência dele, embora considerada provável neste momento, não está assegurada. O técnico também é uma incógnita: a ideia inicial de Raí é iniciar 2020 com Fernando Diniz, mas isso obviamente dependerá dos resultados nesta reta final de ano e de sua própria permanência.

Fora de campo, o clube tenta encontrar maneiras de ampliar suas receitas. Internamente, considera-se que o departamento de marketing precisa dar mais resultados em 2020. O programa de sócio-torcedor, que rendeu cerca de R$ 6 milhões de janeiro a agosto (menos do que os R$ 8 milhões previstos) também é considerado um ponto a ser melhorado neste momento.

Há negociações com a Feng, empresa que gerencia programas de sócios-torcedores em outros clubes e ficaria responsável por alavancar o projeto do São Paulo, mas o contrato ainda não está vigente por que o Conselho Deliberativo considerou abusivo o valor de multa rescisória que seria estipulado (R$ 1,5 milhões). Essa cláusula precisa ser revista antes de passar novamente pelo crivo dos conselheiros, provavelmente na reunião de dezembro.

Uma outra pauta de Leco para o último ano de seu mandato é a possibilidade de transformar o São Paulo em clube-empresa. Isso depende da aprovação na Câmara dos Deputados do projeto proposto pelo deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) com apoio do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que visitou o CT da Barra Funda recentemente. Na terça, a Câmara aprovou urgência na tramitação do projeto, que deve ser votado ainda neste ano.

Leco falou sobre o assunto na apresentação de Daniel Alves e tem em Raí seu principal aliado no tema. Basicamente, a ideia é separar o social do futebol, o que facilitaria a entrada de investidores nacionais e estrangeiros.

O atual presidente do São Paulo não poderá se reeleger nas eleições de 2020, que ainda não têm candidatos definidos. Ele assumiu em outubro de 2015, após a renúncia de Carlos Miguel Aidar, e foi reeleito em 2017.

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