Surpresa, precedente e temor político: o caso Sánchez pela ótica do Santos

Clube não se precaveu e não houve conversa direta com a Conmebol para falar da situação do volante antes do jogo. Defesa do Peixe deve ser apresentada até sexta-feira

Carlos Sánchez
Carlos Sánchez em ação durante a partida contra o Independiente, na Argentina (Foto: Nestor J. Beremblum/Eleven)

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A madrugada de terça para quarta-feira e as horas seguintes foram movimentadas para o Santos. Aos poucos, a comissão técnica e a diretoria do clube se deram conta de que a escalação de Carlos Sánchez na partida contra o Independiente poderia ser questionada. A confirmação do problema veio apenas no desembarque da delegação em Guarulhos, no início da tarde. Lá, o presidente José Carlos Peres foi notificado de que a Conmebol havia aberto a investigação para apurar o caso. 

Agora, o clube se prepara para apresentar sua defesa à entidade até sexta-feira. O problema já havia sido notado pouco depois do confronto contra o Independiente. Cuca, por exemplo, soube da expulsão de 2015 no ônibus de volta da delegação de Avellaneda para o hotel em Buenos Aires. Foi quando Peres também tomou ciência da situação.

E justamente o desconhecimento do Santos a respeito da expulsão de Sánchez com o River Plate, em 2015, pela Copa Sul-Americana, inibiu qualquer tipo de medida preventiva do clube, além da consulta ao sistema Comet, da Conmebol. Em julho do ano passado, o Alvinegro enviou ofício à entidade para consultar a situação de três jogadores, por exemplo, e obter uma resposta formal da entidade em vez de apenas confiar no controvertido sistema. Os casos foram os de Caju, Vecchio e Alison.

O procedimento, inclusive, é padrão entre os clubes que disputam o torneio. Principalmente em casos que geram questionamentos como o de Sánchez, é feita uma consulta formal à entidade para evitar problemas futuros.

Ofício
Em 2017, Santos questionou Conmebol (Foto: Reprodução)

Precedente nada animador
Uma decisão polêmica envolvendo o programa Comet aconteceu há alguns dias. Embora tenha vencido os jogos de ida e volta, o Temuco, do Chile, acabou eliminado da Copa Sul-America pelo San Lorenzo por decisão da Comissão Disciplinar da Conmebol. O clube chileno escalou Jonathan Requena de maneira irregular e foi punido com derrota por 3 a 0 no jogo de ida pela entidade. A alegação foi de que Requena já havia sido inscrito pelo Defensa y Justicia nesta edição da competição. 

A denúncia, neste caso, foi feita pelo rival argentino. E acatada pela Conmebol. O Temuco tentou se defender alegando que usou justamente o sistema Comet para inscrever o atleta e que nele estava tudo legal. O Santos baseia-se justamente na liberação que consta no sistema na página de Carlos Sánchez. Na Argentina, há uma vertente que defende que o tal sistema não poderá ser usado como defesa, já que trata-se apenas de um local de consulta, sem funcionar como meio de checagem oficial. 

Temor por decisão pessoal ou política
Há um temor de pessoas ligadas ao clube alvinegro de que a decisão da entidade tenha um viés político ou de cunho e preferência pessoal. Carlos Tapia, presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), é vice-presidente da Conmebol e próximo a Alejandro Domínguez, que preside a entidade Sul-Americana. Tapia é genro de Hugo Moyano, presidente do Independiente.​

Embora as ligações pessoais não signifiquem nada concretamente, há um entendimento de que o clube argentino tem mais força nos bastidores do que o Alvinegro. Publicamente, o presidente Peres jurou ir até as últimas instâncias para defender o Santos.

O dirigente, inclusive, deve ir a Luque, no Paraguai, acompanhado de Rodrigo Gama, gerente jurídico do clube - na última segunda-feira, não esteve na reunião da entidade com os 16 clubes que disputam as oitavas de final da Libertadores. Ricardo Gomes, executivo de futebol, foi enviado ao encontro.

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