Antes de ser camisa 10 do Santos, Rwan dormiu embaixo de arquibancada e foi ajudante de pedreiro

Garoto fez o gol da vitória do Peixe sobre o Operário-PR na estreia na Copinha

Rwan Seco
Rwan Seco é uma das apostas das categorias de base do Santos (Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

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Rwan Seco é um dos principais destaques da categoria de base do Santos hoje. Já adotado como Menino da Vila, o garoto de 20 anos marcou o gol da vitória de virada do clube sobre o Operário-PR na estreia na Copa São Paulo de Futebol Júnior nesta segunda-feira. No entanto, quem vive uma virada de vida é próprio camisa 10.

- Comecei jogando bola nas ruas do meu bairro na zona sul de Recife. Era um sonho jogar futebol, eu era feliz ali. Muitas vezes minha mãe não deixava eu jogar porque jogava com cara mais velho que eu e depois disso eu fui para as escolinhas. Joguei na escolinha do meu primo, Garoto do Futuro, que é um projeto na minha comunidade e em seguida ele conseguiu um teste para mim no Náutico. Foi uma experiência muito boa, a gente aprende detalhes e é muito bom para aprimorar tudo. Era aquela dificuldade, às vezes não tinha bola ou água, mas fortalece - contou o jogador.

Morador da zona sul de Recife, Rwan precisava atravessar a cidade para chegar ao Centro de Treinamento do Náutico, que era na zona norte. Sem ajuda de custo e com pouco dinheiro, a proposta para atuar no Sport foi mais interessante porque era no centro da cidade e eles ofereciam um auxílio. Ele conta que chegava a pedir ao cobrador para entrar no ônibus pela porta dos fundos, de graça, por não ter dinheiro para a condução.

- Fiquei um ano no Náutico, joguei o Pernambucano Sub-15 e no ano seguinte fui para o Sport. Um dos motivos que sai do Náutico era a falta de auxílio e ajuda de custo. Eu morava na zona sul e o CT era na zona norte. Muitas vezes eu não tinha passagem para ir e pedia para o cobrador abrir a porta de trás para eu entrar - revelou ao LANCE!/DIÁRIO DO PEIXE.

Em 2018 foi chamado para o Figueirense e topou mesmo com o coração partido da mãe. Longe da família, ele sofreu adversidades no clube catarinense, chegou a dormir no estádio debaixo da arquibancada e não conseguiu assinar o contrato por problemas burocráticos. Ficou cerca de nove meses apenas treinando e vivendo uma frustação.

- Foi um dos momentos mais difíceis na minha vida que eu passei no Figueirense. Eu sai de casa atrás de um sonho tão distante e comecei a me frustrar, foi difícil para mim passar por toda essa dificuldade ainda longe da família. Com saudade, não foi fácil e cresci. Essas coisas que fazem a gente persistir no nosso sonho - afirmou Rwan.

O atacante foi para o Flamengo de Guarulhos, em São Paulo, chegou a atuar na Copinha 2020 pela equipe e logo começou a pandemia. De volta para Recife, ouviu muitos conselhos para desistir e chegou a ajudar seu pai como ajudante de pedreiro. A esperança parecia distante, mas o garoto recebeu uma ligação do Santos para realizar testes.

- Como as coisas não deram certo no Figueirense eu fui para o Flamengo de Guarulhos, lá disputei a Copa São Paulo. Fiz um bom trabalho, fiz gol e foi muito difícil ficar longe da família. Passar natal e ano novo longe deles para ir focado para a Copinha. A estrutura também não era tão boa, uma das melhores e sair de um clube de grande expressão como o Sport, o Figueirense e ir para o Flamengo foi difícil. Mas foi um lugar que fui muito feliz, aprendi bastante e fiz grandes amizades. Tenho um carinho muito grande pelo Flamengo de Guarulhos - disse.

- Depois da Copa São Paulo pelo Flamengo-SP veio a pandemia, já estava estourando a idade e estava pensando em desistir. Muitas pessoas falaram para eu desistir, que não tinha mais como e que estava difícil para mim. Até que ajudei meu pai como ajudante de pedreiro lá em Recife, só que eu ainda tinha esperança do meu sonho até que recebi uma ligação do Santos me convidando para fazer um teste e aceitei sem pensar - completa.

Chegou desacreditado no Santos e fez testes para a equipe Sub-20 e Sub-23. Mesmo aprovado, passou por outra frustação de espera pelo transferban que o Peixe passava e demorou a fazer sua estreia com a camisa do clube. Se destacou no ano de 2021 sendo artilheiros nas categorias e hoje é cogitado no elenco principal.

- Cheguei para fazer teste no Sub-20, fiquei duas semanas e fui aprovado. Achei que já ia assinar contrato, mas ainda precisei passar mais tempo fazendo outra avaliação no Sub-23. Precisei ser aprovado lá também e fiquei mais duas semanas. Consegui fazer bons treinos e um bom trabalho, fui aprovado de fato. Mas ainda tinha o transferban em que o Santos não podia registrar jogador e tive que esperar bastante para fazer minha estreia com a camisa do Peixe - comentou Rwan.

-  Até que fui registrado, comecei a jogar, fui artilheiro no Sub-20 e no Sub-23. Hoje estou vivenciando um dos melhores momentos da minha vida. Estou bem tranquilo em relação à subir para o profissional, não tenho para que forçar e depende só de mim fazer um bom trabalho que as coisas vão acontecer naturalmente  - comemora.

Emprestado pelo Flamengo-SP, Rwan foi artilheiro do Sub-20 marcando 13 gols em 18 jogos, sendo titular em todas as partidas que atuou e somando 1547 minutos em campo. Pelo Sub-23, foram 11 jogos e 3 gols marcados, sendo titular em seis partidas e somou 611 minutos em campo.

A diretoria teve o pedido de prorrogação do empréstimo por mais um ano do atacante recusado e decidiu exercer o direito de compra pelo jogador. Foram R$ 700 mil por 70% dos direitos do jogador e é atleta em definitivo do Peixe. O atacante tem vínculo com o clube até 2024 e multa rescisória de 50 milhões de euros (cerca de R$ 317 milhões) para clubes do exterior e 100 milhões de euros (cerca de R$ 635 milhões) para clubes do Brasil.

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