De volta ao cenário nacional, Portuguesa joga a Série D para tentar retomar protagonismo no país

O LANCE! conversou com o técnico da Lusa, Fernando Marchiori, e o presidente Antônio Carlos Castanheira sobre as perspectivas do clube para a quarta divisão nacional

Fernando Marchiori - Portuguesa
Formado nas categorias de base da Lusa, Marchiori quer recolocar a equipe na elite (Foto: Dorival Rosa/Portuguesa)

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Fora do cenário nacional desde 2017, a Portuguesa inicia sua jornada na Série D do Campeonato Brasileiro neste sábado (5), contra o Cianorte, às 19h, no Canindé. Desde fevereiro de 2020 no comando técnico do clube paulista, Fernando Marchiori vem realizando um bom trabalho. Ele salvou a equipe do rebaixamento na Série A2 do Paulistão e venceu a Copa Paulista no centenário do clube, torneio que possibilitou a volta da Portuguesa ao futebol de elite no país.

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Em conversa com o LANCE!, O treinador ressaltou a importância de retornar à Série D, disputada pelo clube pela última vez em 2017, e revelou a ambição da equipe para o torneio.

- Para nós, é um imenso prazer voltar a disputar competições nacionais. Emocionalmente, há uma alegria em toda a comunidade de ver o nome da Portuguesa figurar no cenário nacional. A expectativa é a melhor possível. Sabemos que é uma competição muito difícil e equilibrada. O primeiro objetivo é a classificação, estamos em uma chave complicada, e depois sonhar e brigar pelo acesso - disse Marchiori.

A realidade da Lusa piorou drasticamente após o controverso caso Heverton, em 2013 (leia mais ao fim do texto). Com a pandemia, a situação segue dramática. Sem fluxo de caixa por meio de de bilheterias, festas, e eventos no Canindé, o clube basicamente sobrevive com os patrocínios. Por isso, o presidente Antônio Carlos Castanheira ressaltou a importância do acesso, e mostrou confiança na comissão.

- A pressão existe, todos ficam apreensivos. Eu, mais do que ninguém, quero subir para a Série C, pois é na terceira divisão onde realmente começa o Campeonato Brasileiro. É bem claro que a Série D é um torneio classificatório. O time é experiente e eu tenho total confiança no Fernando. Estamos muito empenhados para conseguir o acesso. - declarou o dirigente ao LANCE!

Sob o comando de Marchiori, a Portuguesa alcançou sua melhor campanha desde 2015 na Série A2 do Paulista de 2020, caindo para o XV de Piracicaba nas quartas de final. Nesse ano, a equipe repetiu o feito, mas foi eliminada pelo Água Santa.

Mesmo assim, o treinador, apelidado de "Alex Ferguson da Lusa" por realizar diversas funções, está colocando a equipe no caminho. São 24 vitórias, 11 empates e apenas oito derrotas, com um aproveitamento de 64,34%.

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Treinar a Lusa representa algo a mais para Marchiori, tendo em vista que ele foi jogador e iniciou a sua carreira nas categorias de base do clube, em 1993. Ele contou sobre o sentimento de poder treinar a equipe que abriu as portas para a sua carreira.

- É um sentimento de gratidão poder retornar ao clube. Eu passei uma vida aqui dentro. Você estar fora tanto anos, e ver a situação em que o clube se encontrava e ainda está, só fez com que atendesse imediatamente o chamado, para colaborar com a difícil missão de reconstruir a Portuguesa - revelou o treinador.

Como parte da reconstrução, o presidente Castanheira traçou algumas metas no âmbito esportivo para o fim de seu mandato, em dezembro de 2022. Ele espera ver o clube na Série B do Brasileirão - terá de subir de divisão dois anos seguidos - e na elite do futebol paulista ao final desse período. Mas, para isso, o mandatário revelou o que precisa ser feito nesse ano.

- A meta é subir no Campeonato Brasileiro através da Série D e fazer uma boa Copa Paulista, para quem sabe, disputar a Copa do Brasil no ano que vem. - afirmou.

A Portuguesa está no Grupo 7 da Série D do Brasileirão, ao lado de Bangu,
Boavista, Cianorte, Inter de Limeira, Madureira, Santo André e São Bento. Os quatro primeiros do grupo garantem vaga para a próxima fase da competição.

CASO HERVERTON E DECLÍNIO NO CENÁRIO NACIONAL

Dia oito de dezembro de 2013. Esta data marca o começo do declínio da Portuguesa no cenário do futebol nacional. Na última rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano, em jogo contra o Grêmio, a Portuguesa mandou a campo no segundo tempo o meia Héverton, que havia sido suspenso pelo STJD dois dias antes. A escalação irregular resultou em perda de quatro pontos e no consequente rebaixamento do clube para a Série B em 2014. depois de um longo processo no tribunal.

A estreia da Lusa na Série B foi contra o Joinville (SC). Mas, tudo mudou aos 16 minutos de jogo. O advogado do clube paulista surgiu a beira do gramado com uma liminar exigindo que o time saísse de campo, o que aconteceu. Porém, mais tarde, a Lusa foi considerada derrotada por W.O. O presidente Ilídio Lico acabou sendo suspenso por 240 dias do clube.

A vergonha não parou por aí. A Lusa foi rebaixada para a Série C com cinco rodadas de antecedência, vencendo apenas quatro partidas das 38 durante toda a competição nacional.

Presidente renuncia e Lusa é rebaixada no estadual

Em março de 2015, o presidente da Portuguesa, Ilídio Lico, renunciou ao cargo devido à situação financeira do clube. Porém, a gota d'água foi a agressão a José Gonçalves Ribeiro, presidente do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização), na reunião em que seria votada a abertura do processo de impeachment de Ilídio.

Em campo, a situação foi de mal a pior. A Portuguesa foi rebaixada no Paulistão depois de uma derrota para o São Paulo por 3 a 0. O time não conseguiu ir bem na Série C, mas se manteve na divisão.

Rebaixamento para a Série D

O ano de 2016 terminou com mais um rebaixamento na história da Lusa. Com a derrota de 2 a 0 para o Tombense, o clube verde-rubro é rebaixado para a Série D, a última divisão nacional. Em 18 partidas, a Portuguesa venceu apenas quatro, terminando na penúltima colocação da Série C do Brasileiro. Já mergulhada em dívidas, a Lusa vai se enfraquecendo cada vez mais no cenário futebolístico.

Em 2018, o "Caso Héverton" foi arquivado por falta de provas pelo Ministério Público. Mergulhada em dívidas que ultrapassam R$ 350 milhões, a Portuguesa chega a destruir piscinas do clube para construir camelódromo para amenizar sua precária situação financeira e aliviar as contas do clube.

* Sob supervisão de Marcio Monteiro

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