Luiz Gomes: ‘O dia em que o Palmeiras perdeu e saiu de campo melhor do que entrou’

A saída de Dudu parece ter aberto espaço para mudanças mais profundas no jeito de jogar do time de Vanderlei Luxemburgo. É preciso, agora, apostar nisso para valer

Vanderlei Luxemburgo Palmeiras
Apesar de derrota no dérbi, Palmeiras pode ter um futuro promissor (Foto: Agência Palmeiras/Divulgação)

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O que importa é o resultado.

Mas será que essa regra vale sempre, em quaisquer circunstâncias?

Vejamos o que aconteceu essa semana, quarta-feira à noite em Itaquera, na volta do Campeonato Paulista após a paralisação da pandemia.


Ganhar um clássico é sempre bom. Ganhar do maior rival é melhor ainda. Razão de sobra para a Fiel comemorar, gritar “chuuuupa Porco” na janela e zoar com os adversários nas redes sociais. Mas, se parar para pensar um pouco além dos 90 minutos daquele jogo, o torcedor corintiano vai perceber que não tem nenhum motivo para estar tranquilo. Muito pelo contrário. O Timão que retoma o Estadual é o mesmo time cambaleante de antes, com dificuldade de construir jogadas no meio de campo e um mínimo de objetividade no ataque. São Cassio o salvou!

Mas o resultado não é o que importa?

O Palmeiras perdeu o jogo. Mas foi um novo Palmeiras. Um Palmeiras de toque de bola, envolvente, abusando da verticalidade das jogadas, com velocidade, uma marcação forte sob pressão desde o campo do adversário. Diriam as más línguas que Luxemburgo foi picado por uma mosca chamada Jorge Jesus... Uma maldade, certamente. Mas, apontado hoje em dia como o único time capaz de confrontar o Flamengo em uma disputa de título brasileiro, por exemplo, o Verdão, claramente, evoluiu.

A saída de Dudu parece ter aberto espaço para mudanças mais profundas no jeito de jogar do time de Luxa. É preciso, agora, apostar nisso para valer. O elenco palestrino não tem nem 30 dias de treino. E treino é a palavra chave para quem quer jogar com a intensidade e a proposta que o Palmeiras apresentou na quarta-feira. Mas o jogo deixa um sinal bem claro: ao contrário dos corintianos, os palmeirenses têm, sim, motivos para ficar otimistas, para vislumbrar um futuro mais promissor nessa volta do futebol. E isso, apesar do resultado do dérbi, do incômodo 1 a 0 que resistiu no placar de Itaquera ao verdadeiro massacre que foi o segundo tempo. Faltou acertar o último passe, competência na finalização.

Mas o resultado não é o que importa?

Um time jogar bonito e vencer é a situação ideal. Mas derrotas, como foi a do Palmeiras, nem sempre são um sinônimo de fracasso. Um resultado adverso pode vir quase que por uma obra do acaso – em uma bola parada, uma falha de marcação, um erro do goleiro como aconteceu na quarta-feira. Ou ser, tão simplesmente, um capricho dos deuses dos estádios, determinados a não deixar que um dia a bola entre onde deveria entrar. O importante é manter a proposta, persistir para avançar. As coisas irão se acertando em campo.

Ah, apenas para ilustrar essa história de que só resultado importa, vale lembrar de fatos recentes. Obviamente, sem propor aqui qualquer comparação técnica ou de relevância entre campeonatos muito diferentes.

Há derrotados que jamais serão esquecidos. E pouco se fala de quem os venceu. A Holanda de Cruyff; o Brasil de Zico, Sócrates, Falcão, Junior e Cerezzo perderam um jogo e um título mundial. Mas marcaram o futebol para sempre. Já a Argentina e a Itália, que os venceram... tornaram-se tão somente um dado a mais nas estatísticas. É como gira a roda do futebol.

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