Leila e Mancha Verde rompem, e organizada devolve R$ 200 mil que ganhou para ir ao Mundial

Protestos pedindo a saída de antigo diretor de comunicação levou à cisão entre dirigente e torcida, confirmada por líder de facção em entrevista

Reunião Mancha Verde e Leila Pereira
Reunião entre Leila e integrantes da Mancha, em janeiro, em sua sala no clube (Foto: Reprodução/Mancha Verde)

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Apontada como uma das principais aliadas de Leila Pereira em sua caminhada à presidência do Palmeiras, a Mancha Verde, principal torcida organizada do clube, rompeu de vez com a mandatária.


Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Leila confirmou que cortou os vínculos que tinha com a facção e ainda revelou que fez com que a organizada devolvesse R$ 200 mil dados para que pelo menos 20 de seus integrantes fossem a Abu Dhabi acompanhar o Verdão no Mundial de Clubes, em fevereiro.

O motivo do rompimento entre Mancha e Leila foi a contratação do jornalista Olivério Júnior como diretor de comunicações, cargo do qual já pediu para sair na semana passada.

A organizada divulgou pelo menos três comunicados em suas redes sociais e promoveu manifestações durante a partida da final da Recopa Sul-Americana ante o Athletico-PR, no último dia 2, contra Olivério, acusado de ter ligações com o rival Corinthians.

- O Olivério está comigo há sete anos, o cara trabalha bem. Pedi que eles me falassem um episódio apenas em que ele tenha ofendido algo ou alguém do Palmeiras? A gente não tem nada que ele tenha feito contra o Palmeiras. O problema é a relação dele com outro clube. Então ele tem que morrer de fome? Não pode trabalhar em lugar nenhum?

- É crime isso o que estão fazendo, pedindo a demissão de um colaborador por ele ser torcedor de outro time. Nunca perguntei isso para nenhum de meus colaboradores - completou a presidente alviverde ao periódico.

Leila disse que por conta do ocorrido, pediu para que o dinheiro dado fosse devolvido. E completou apontando que suas empresas não ajudarão mais a escola de samba da torcida por meio da Lei Rouanet e a torcida não receberá mais auxílios.

- A lealdade é um caminho de duas pontas. Se eu sou leal a vocês (torcida), vocês têm que ser leal a mim. O que vocês estão me pedindo é injusto. Estou muito chateada. Eu não ia ajudar vocês a irem para Abu Dhabi? Não quero mais. Me devolvam o dinheiro. Eu pedi e eles devolveram.

Ainda ao periódico, Leila revelou que membros da torcida, incluindo Paulo Serdan, estiveram em seu camarote no Allianz Parque para um show do Phil Collins em que Olivério estava presente.

- Foi decisão do Oliverio de sair. Por mim, ele continuaria à frente do departamento de comunicação do Palmeiras. Não me vejo acuada em hipótese alguma com isso. Zero. Não me sinto acuada em nada. Não vou me dobrar à pressão de ninguém. Vou deixar claro que a presidente do Palmeiras sou eu. Todos querem mandar aqui. Não vão

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Presidente da escola de samba Mancha Verde e um dos maiores líderes da organizada, Serdan confirmou o rompimento em entrevista ao podcast 011. Segundo ele, a atual diretoria da facção o ligou para perguntar se poderia divulgar um manifesto contra Olivério. E partiu dele o pedido para que os R$ 200 mil fossem devolvidos.

- O presidente da torcida me ligou e eu disse, taca pau. Não sou eu que vou falar para os caras o que tem de ser feito. A gente aconselha. Na reunião ela disse para esperar um pouco o caso do Olivério. Esperamos. A única coisa que eu disse foi que, para ser digno, teríamos que devolver o dinheiro dela. Não vamos entrar nessa rota de cobrança e nós vamos com dinheiro dela para Dubai. A única chance da gente não devolver, é se ela falar que não precisa devolver. Para dormir tranquilo, consciência limpa. Então eu fui conversar com ela. Já sabia que tinha uma cisão. Só não esperava que fosse romper tão rápido. Poderia ser agora ou daqui dez anos.

Segundo Serdan, Leila se sentiu traída pelo fato de não ter recebido apoio na questão.

- Ela achou que eu poderia ter posto a mão. Eu não posso. Não mando na torcida. E não vou colocar a mão em algo que eu não concordava. Não quer conversar mais com a gente, não posso fazer nada. Vida que segue. Ajudei ela, ela ajudou, foi uma troca, sem interesse. Você quer me ajudar, me ajuda. Imposição não existe. Ela sentiu que a torcida quis impor.

- Se eu sou o seu aliado e chego e falo isso tá errado, vai causar problemas e você me responde que é você que manda, eu já coloco em dúvida o respeito que você por mim. Ela comprou uma briga desnecessária. O que está acontecendo no Palmeiras hoje é desnecessário.

O líder da organizada ainda enfatizou que a relação que existia com Leila não se resume a nenhum tipo de ajuda financeira.

- Os caras falam muito. A Lei Rouanet para nós quem aporta o dinheiro é a Crefisa. O dinheiro não é nem do bolso dela, ela só direciona para quem quer colocar. Dinheiro que serviria para pagar imposto. Ou seja, é do governo. A gente não tem etiqueta de preço. Se errar, nós vamos conversar. Acha que está certo, cada um vive a sua vida. Não tem nada a ver com grana, havia respeito, havia toda as ideias que a gente trocou nesse tempo todo em que ela esteve se preparando para ser presidente.

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