Wada ignora críticas e reintegra agência russa antidopagem

Comitê Executivo da entidade aprovou medida por 9 votos a 2, mesmo após protestos. A liberação do acesso total aos exames armazenados em Moscou ainda está pendente

Craig Reedie
Craig Reedie, presidente da Wada, disse que reintegração seguirá um cronograma claro (Foto: ALEXANDER JOE/AFP)

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A Agência Mundial Antidoping (Wada, em inglês) decidiu nesta quinta-feira, em reunião do seu Comitê Executivo, nas Ilhas Seychelles, reintegrar a Agência Antidoping da Rússia (Rusada) sob condições rigorosas, mesmo após uma série de protestos contra a medida. A entidade estava suspensa desde a revelação dos escândalos no país, acobertados por membros do governo, em novembro de 2015. Foram nove votos a favor, dois contra e uma abstenção.

De acordo com o site "Inside The Games", a vice-presidente da Wada, Linda Helleland, e o representante da Nova Zelândia, Clayton Cosgrove, foram os únicos a votar contra.

O encontro aconteceu após a Rusada cumprir a primeira exigência para voltar a operar: aceitar publicamente o resultado do relatório do advogado canadense Richard McLaren, que revelou doping sistemático no país em diferentes modalidades, com apoio estatal. A reintegração foi recomendada pelo Comitê de Revisão de Ordens.

Outra ações ainda precisam ser tomadas, como a liberação do acesso total aos exames armazenados no laboratório de Moscou até o dia 31 de dezembro deste ano. A agência também quer reanalisar "quaisquer amostras exigidas pela Wada" até 30 de junho de 2019. O órgão russo poderá ser declarado novamente inadimplente se não seguir o cronograma estabelecido.

– A grande maioria do Comitê Executivo da Wada decidiu restabelecer a Rusada conforme condições estritas do Comitê de Revisão e segundo um processo acordado. Esta decisão fornece um cronograma claro, no qual a Wada deve ter acesso aos antigos dados laboratoriais e amostras em Moscou – declarou Craig Reedie, presidente da Wada.

Apesar do avanço, a Rusada segue suspensa pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf), pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC). O país ficou fora dos  Jogos Olímpicos Rio-2016 no atletismo e do Mundial da modalidade, em 2017. Só puderam competir russos considerados "limpos" e com a bandeira neutra. Nos Jogos Paralímpicos do Rio e nos Jogos de Inverno de PyeongChang (CDS), em fevereiro deste ano, toda a nação foi vetada. Neste último, alguns nomes competiram como "Atletas Olímpicos da Rússia".

A decisão foi tomada por um grupo de 12 pessoas, sendo seis delas integrantes do movimento olímpico. Os outros seis são autoridades de governos de países que integram a Wada.

Advogado de delator critica medida

A expectativa pela liberação gerou críticas da Comissão de Atletas da Wada e outras organizações, como a Iaaf, nos últimos dias, mesmo antes do encontrou que sacramentou a reintegração. Já a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional (COI) apoiou a recomendação.

– Esta foi a maior traição aos atletas limpos da história das Olimpíadas – afirmou Jim Walden, advogado do russo Grigory Rodchenkov, principal delator dos casos de doping da Rússia e ex-diretor do laboratório de Moscou.

As investigações apontaram que amostras de atletas russos eram trocadas para esconder os resultados positivos. O auge foram os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi (RUS), em 2014. Até então, o governo e as autoridades esportivas sempre negava as acusações de envolvimento no esquema.

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