Treinos sem luxo, apoio duradouro e contato com natureza embalam Fernando Scheffer rumo a Paris-2024
Nadador, bronze nos 200m livre nos Jogos de Tóquio, destaca estrutura à disposição no Brasil, se orgulha de medalha 'construída' em solo nacional e traça planos ambiciosos
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Medalhista de bronze nos 200m livre nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano passado, Fernando Scheffer se apega a poucos e decisivos fatores em busca do sucesso em mais um ciclo, agora rumo a Paris-2024. O gaúcho de 23 anos fala com orgulho da trajetória até o pódio no Japão, fruto de um trabalho desenvolvido em solo nacional sem grandes luxos e viagens, mas com dedicação diária, apoios sólidos e hábitos de campeão.
- O ano de 2021 terminou coroando os cinco anos do ciclo olímpico. Foi um período de muito treino, dedicação e escolhas. A medalha olímpica coroou o trabalho de todos os envolvidos nesse processo. O que sinto mais orgulho é de dizer que conquistei essa medalha com muito esforço, todo feito em solo brasileiro. Provavelmente foi a primeira medalha olímpica do Brasil na natação conquistada dessa forma - avaliou o nadador.
- O que mais mudou depois disso foi que passei a certeza de que podemos chegar a um grande resultado fazendo treinos simples, sem buscar coisas extraordinárias fora do país. Não que essas escolhas sejam erradas, mas acho que podemos valorizar muito mais o trabalho dos nossos profissionais e a estrutura que temos no Brasil. Se soubermos utilizá-los de forma correta, muitas outras medalhas virão no futuro - completou o atleta.
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Outro feito importante de Scheffer no ano passado foi o bronze no revezamento 4x200m livre no Campeonato Mundial de piscina curta, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. O nadador abriu a prova com 1m42s51. Murilo Sartori, Kaique Alves e Breno Correia fecharam a prova em 6m49s60. O ouro ficou com os Estados Unidos, e a prata, com a Rússia.
O recorde mundial, no entanto, continua com os brasileiros. Em Hangzhou, na China, em 2018, Scheffer ajudou o país a conquistar o ouro no Mundial de piscina curta, com a marca de 6m46s81. Ele destacou o quanto os resultados recentes contribuíram para recolocar o país em uma posição de respeito.
- O Brasil tem muita tradição na prova dos 4x200m livre, que ficou adormecida por um tempo, mas estamos conseguindo, desde 2018, voltar às finais internacionais, com ouro e recorde mundial no Mundial de curta, final em Mundial de longa e olímpica, recordes sul-americanos frequentes e agora esse bronze no Mundial de curta. Temos muito potencial. Há muitos nomes surgindo com potencial de compor esse time e vontade de agregar - falou o atleta.
Scheffer, que atualmente vive em Belo Horizonte, onde representa o Minas Tênis Clube, se mostra realizado com a rotina atual. Longe do barulho das multidões, ele procura aperfeiçoar cada detalhe, cuidar do corpo e da mente, e ajustar as falhas.
- Sou um cara muito caseiro. Tenho tentado retomar o hábito da leitura, que tinha quando criança. Sempre me fez muito bem. Gosto do contato com a natureza, de fazer trilhas, do silêncio. Aqui em Belo Horizonte tem muitos lugares verdes, e gosto bastante de me conectar com a natureza e sair da cidade - afirmou o nadador.
A falta de uma medalha no Mundial de curta nos 200m livre ficou engasgada.
- O Mundial de piscina curta sabíamos que iríamos de forma um pouco despretensiosa, apesar da importância. Nós vínhamos de uma sequência de viagens e competições grandes, então não chegaríamos na nossa melhor forma física. Lógico que o resultado foi muito positivo. Foi um ano de grande constância. Nadamos muito perto das nossas melhores marcas e as abaixamos em momentos chave. Eu queria muito ter conseguido beliscar uma medalha na prova individual, mas nem sempre tudo sai como planejamos. Isso serve de motivação para as próximas competições. Vamos dar um gás a mais.
Embaixador da Poker, empresa de materiais esportivos, ele celebra o fato de ter conquistado apoios importantes na caminhada.
- Temos uma estrutura muito boa no Minas, com profissionais excelentes, onde faço preparação na piscina, parte física, prevenção de lesões, reabilitação. Fico muito feliz de ter também a Poker nos bastidores. No Brasil, há uma deficiência de patrocinadores para os atletas. Eles aparecem aos montes em época de Olimpíada e somem logo depois. A Poker já tinha interesse em mim muito antes da classificação olímpica. Fico muito feliz de ter toda essa estrutura e confiança. É algo peculiar.
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