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Time do Norte do Brasil estreia na Liga Futsal com jogador de 65 anos

Roberto Martins é presidente, técnico e jogador do Shouse, de Belém do Pará. Equipe é a primeira a representar o eixo Norte-Nordeste na história da competição nacional

Associação Esportiva Shouse-PA fará sua estreia na Liga Futsal
imagem cameraDivulgação
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 15/03/2018
18:14
Atualizado em 16/03/2018
10:03

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A Liga Futsal de 2018 começa nesta sexta-feira com o duelo entre o atual campeão Joinville e o Cascavel, às 20h15 (de Brasília), no Centreventos Cau Hansen, em Joinville (SC). Mas a grande novidade deste ano é a estreante Associação Esportiva Shouse, do Belém do Pará. A equipe é a primeira a representar o eixo Norte-Nordeste na história da competição e é cheia de curiosidades. A principal delas é Roberto Martins, de 65 anos, que além de ser presidente do clube, é técnico e também jogador.

Apesar da idade avançada, o atleta, que também praticou remo por cerca de 20 anos, afirma não sentir dificuldades para entrar em quadra. E diz que seu treinamento é igual aos dos outros jogadores.

– Pratiquei remo dos meus 17 aos 37 anos, e justamente por isso ainda consigo manter um condicionamento físico razoável. A gente faz exames para as competições, e os resultados sempre indicam que minha condição física é compatível com o esporte no nível em que jogo. Se um dia eu sentir dificuldades, irei sair para não atrapalhar meu time – disse Roberto, em entrevista ao LANCE!.

Outra curiosidade que marca a equipe estreante na Liga Futsal é seu esquema tático com goleiro-linha, característica pouco usada por seus concorrentes.

– Essa peculiaridade nos dá um poder ofensivo maior, mas nos dá uma vulnerabilidade equivalente. Tomamos mais gols, mas fazemos também – analisou o veterano.

O time do Pará irá jogar várias partidas fora do estado, a maior parte delas no Sul do Brasil. As despesas com as viagens ficarão por conta da empresa de tecnologia de Roberto, a Shouse, de mesmo nome do clube, única patrocinadora da equipe no momento. Já em relação ao cansaço em consequência das longas horas de viagem, ele se mostra esperançoso.

– A sequência pode criar um tipo de problema por não estarmos acostumados a fazer jogos fora de casa, mas acredito que a gente não vá fazer feio. Todos os jogadores estão muito motivados, então vai trazer um retorno pessoal muito grande.

A estreia do clube acontece na próxima segunda-feira, às 20h15, contra o São José Futsal, no Mangueirinho, em Belém (PA).

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BATE-BOLA
Roberto Martins
Jogador, técnico e diretor do Shouse

1. Como é o treinamento para manter seu preparo físico ao nível dos outros atletas?
O meu treinamento é exatamente o mesmo de todos os jogadores, não tenho um especial, participo de tudo em torno de duas horas por dia. Quando tem treino físico é a mesma coisa, sem diferença nenhuma. Quando fazemos uma preparação diferenciada de acordo com a posição, o jogador da posição de fixo, como eu, tem um treinamento de força, de arranque, de deslocamentos laterais, e os que jogam mais a frente têm um treinamento mais de velocidade, de arranque rápido.

2. Há diferença de tratamento por você ser o mais velho dentre os jogadores?
Nada de ofensas ou discriminação, mas o pessoal estranha, assim como para o lado bom. A única vez que aconteceu, infelizmente partiu da própria CBFS (Confederação Brasileira de Futebol de Salão). Eles começaram a criar um movimento para não permitir que atletas acima de 42 anos jogassem. Na verdade, só existia eu. Começaram a incluir isso no regulamento e eu tive que ir para a justiça. Fui até o Supremo e venci. A partir dessa data há a proibição de qualquer clube fazer limitação por idade.

3. Qual é o maior desafio de ser estreante na competição?
O nosso maior desafio, na verdade, é passarmos para a segunda fase. Somos estreantes, não temos experiência nesse nível de competição intensa. Nós já participamos de outra competição também, mas de uma semana. A Liga Nacional dura em torno de nove, dez meses. Os custos são bem maiores, estamos atrás de patrocinadores. Mas o nosso maior desafio mesmo é mostrarmos para o Brasil que aqui no Norte também se pratica um futsal de qualidade, que tem bons jogadores. Nosso clube não tem nenhum jogador que não seja de Belém, talvez esse seja o nosso grande diferencial. Claro, a falta de grandes patrocinadores faz a diferença, mas mesmo que nós tivéssemos um tipo a Crefisa, do Palmeiras, não chamaríamos ninguém de fora esse ano.

4. Qual sensação de fazer parte do único clube que representa o eixo norte-nordeste na principal competição do país?
É uma responsabilidade imensa. Uma satisfação grande, mas a responsabilidade talvez seja ainda maior. O foco, a crítica, os elogios estão voltados para o clube que em tese está entrando para ser o saco de pancadas da competição.

5. O resultado da partida preliminar contra o Corinthians por 6 a 0 abalou o psicológico dos jogadores?
Sinceramente, não. Nossa intenção é fazer o jogo que fizemos no primeiro tempo. No segundo arriscamos um pouco, fomos inferiores em algumas jogadas de bola parada. Eu também sou o treinador do time, e no intervalo do jogo contra o Corinthians, eu cometi uma falha. Eu disse aos jogadores que o bicho não era tão feio. Antes do jogo, eu tinha dito que éramos o patinho feio, o time mais fraco, para entrarmos de forma cuidadosa, porque era um time grande, que com certeza vai estar nas semifinais da Liga. Eu acabei sendo um pouquinho afoito. Mas isso nos mostrou que a nossa condição é inferior aos times maiores. Com certeza, até porque não vivemos para isso, não treinamos o dia inteiro.

6. O time irá contar com algum reforço para a temporada?
São reforços que trouxemos de outros times aqui de Belém, nada de fora. Quando um time daqui vai disputar uma Liga, obviamente os jogadores que tem uma condição boa se interessam em disputar, ou por estar aparecendo para outros clubes ou pelo prazer de estar disputando uma competição desse nível. Então temos vários jogadores que estão treinando conosco, o Sadala é um deles. Ele ainda não é um atleta da Shouse, não o transferimos de forma oficial, está apenas treinando conosco. Nosso orçamento é muito limitado, a gente ainda não tem patrocinadores. Só tivemos a confirmação oficial de que participaríamos da Liga no dia 11 de janeiro. Não tivemos tempo hábil para entrada de recursos financeiros além dos que já tínhamos. Então não tem como termos um grupo grande e caro.

7. Como ocorreu a preparação dos jogadores para disputar a liga?
Nós fizemos uma “pré-temporada” em janeiro, onde vimos a parte física. No mês de fevereiro, foi privilegiada mais a parte coletiva, técnica. Nos encontramos normalmente quatro vezes na semana, duas horas por dia. Nós já estamos disputando o torneio Bené Aguiar e vamos emendar a partir de segunda-feira. Caso haja problema para conciliar os torneiros, em agosto pegamos outros jogadores.

8. Qual o retorno esperado com a Liga Nacional?
Vamos falar em três níveis. Nível de satisfação. Todos os jogadores estão muito satisfeitos, muito motivados, então vai trazer um retorno pessoal muito grande para nós. Sobre o aspecto financeiro, neste ano provavelmente a gente vai ter um baita prejuízo. A gente acredita que tendo um bom desempenho, é possível que se consiga bons patrocinadores e quem sabe voltando ano que vem, isso comece pelo menos a ficar no zero a zero. No aspecto técnico, nós estabelecemos alguns degraus, e o primeiro é passar para a segunda fase. A Liga é feita de uma fase inicial em que todos jogam contra todos. São ao todo 19 equipes, e 16 passam para a segunda fase. A gente quer estar nessa segunda fase.

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