Priorizando a inclusão, COB atinge meta de 55% de funcionárias mulheres

Em um ambiente com históricos machistas, Comitê Olímpico Brasileiro consegue inserção do protagonismo feminino em cargos como gerência, diretoria e executivo

Adriana Behar posa para foto no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio (Foto: Alexandre Castello Branco/COB)
A ex-jogadora de vôlei de praia, Adriana Behar foi a primeira mulher escolhida para assumir o cargo de CEO da Confederação Brasileira de Vôlei.  (Foto: Rafael Bello/COB)

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Perto dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) registra números expressivos referentes à influência feminina na área dos esportes olímpicos do Brasil.

Dentro dos ginásios e arenas, é nítido o protagonismo das mulheres com conquistas importantes em suas respectivas modalidades: casos de Mayra Aguiar, do judô, e Ágatha e Bárbara, do vôlei de praia, todas medalhistas nos jogos do Rio de 2016. 

No entanto, em cargos administrativos o processo de admissão das mulheres foi feito de forma mais lenta, por conta das objeções impostas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Somente no Movimento Olímpico do ano de 1981 que o Comitê Olímpico Internacional começou a aceitar mulheres em cargos de gerência.

Entretanto, de lá para cá a evolução é patente. Em 1998, o COI estabeleceu a meta de 20% de mulheres em postos de comando para o ano de 2005.  Atualmente, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) possui uma equipe de colaboradores majoritariamente feminina, que representa 55% do quadro geral de funcionários.

Com isso, a bandeira da igualdade pode ser observada, também, no Movimento Olímpico Nacional. No início de fevereiro, Adriana Behar, ex-jogadora de vôlei, foi escolhida para assumir o cargo de CEO da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Assim, Adriana se tornou a primeira ex-atleta a ocupar o principal cargo executivo de uma confederação pública do país.

Após a escolha para ser a primeira mulher CEO da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), a ex-jogadora de Vôlei de praia comentou sobre os progressos que as mulheres conquistaram no meio esportivo. Além disso, a CEO falou sobre o esporte ser um instrumento para a diminuição dos preconceitos na sociedade.

- Hoje, no esporte de alto rendimento, existe a preocupação com a equidade, em ter o mesmo número de homens e mulheres competindo dentro de
quadra, nas delegações, premiações equivalentes. No passado, vivenciei situações em que o número de equipes femininas eram menores do que as masculinas, a premiação era menor. Era muito pior. - afirmou a CEO. 

- A competência, a dedicação e o profissionalismo não estão atrelados ao sexo, mas as habilidades de cada um. Isso já deveria estar muito ultrapassado e o esporte é uma excelente ferramenta para esse tipo de desenvolvimento humano e de avanço social. - completou Adriana.

MARCAS ATINGIDIDAS 

O fato de hoje, no COB, existirem mais mulheres contratadas do que homens, é um marco importante contra a desigualdade. Ao todo, dos 12 gerentes e executivos da Confederação, sete são mulheres. Já nas lideranças, os cargos de Diretora Administrativa Financeira e Diretora de Comunicação e Marketing são ocupados por Isabele Duran e Manoela Penna, respectivamente.

Manoela Penna, Diretora de Comunicação e Marketing do COB, comentou sobre como é importante buscar igualdade nas decisões da entidade. A diretora também falou sobre o excelente desempenho das atletas brasileiras em esportes olímpicos. 

- É muito importante termos a presença feminina nas mais diversas áreas e escalões da nossa instituição, é uma diretriz prioritária dentro do COB e a tendência é torná-lo, progressivamente, um comitê mais justo e igualitário. Além da questão administrativa, o desempenho esportivo das atletas Brasileiras tem sido excelente. - disse Manoela. 

Vale ressaltar que nos Jogos Olímpicos de 2016, por exemplo, 209 atletas mulheres estiveram presentes. Assim, tal número bateu recorde de presença das brasileiras no maior evento esportivo mundial. 

Entre outras atitudes, o COB vem realizando ações inclusivas com o objetivo de aumentar a representatividade feminina no esporte olímpico brasileiro. Dessa forma, em 2020, o Comitê foi finalista no prêmio “Mulheres e o Esporte (Women and Sport)”. O evento busca condecorar organizações que perpetuaram o engajamento feminino, com o objetivo de incentivar as mulheres no meio esportivo. 

Além disso, também em 2020, a entidade disponibilizou, por meio do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), um curso gratuito com o tema “Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte”. O projeto foi oferecido em duas versões, adulto, voltado para atletas, treinadores, membros de organizações esportivas e todos os agentes envolvidos no esporte olímpico; e para jovens, atletas de 12 a 17 anos.

MULHERES NAS OLIMPÍADAS 

Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1932
- Competindo em natação, aos 17 anos, Maria Lenk foi a primeira brasileira a disputar os Jogos Olímpicos.

Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936 - 40 anos depois da criação dos Jogos Olímpicos da Era moderna, mulheres foram incluídas oficialmente como atletas e passaram a receber medalhas. 

Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964 - Mesmo sem técnico e uniforme, Aida dos Santos conseguiu o 4º lugar no salto em altura, atingindo o melhor resultado no esporte olímpico feminino brasileiro até então. 

Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996 - Jacqueline Silva e Sandra Pires conquistaram o primeiro ouro feminino do Brasil, na modalidade vôlei de praia.

Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 - a judoca Ketleyn Quadros conquistou a primeira medalha individual feminina para o Brasil, ficando com o bronze. Nas mesmas Olimpíadas, Maurren Maggi, no salto em distância, ganhou a primeira medalha de ouro individual das mulheres. 

Jogos Olímpicos do Rio, em 2016 - 209 atletas do Brasil participaram dos jogos, sendo o recorde de mulheres brasileiras na maior competição esportiva do mundo. 

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