Papo com Helio Castroneves: ‘Vitória em Road America e Indy 500 atípica’

Brasileiro triunfou no domingo ao lado de Ricky Taylor a bordo do Acura ARX-05

Coluna Helio Castroneves
Helio Castroneves e Ricky Taylor celebram vitória no Road America (Foto: LAT/IMSA)

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Oi pessoal, tudo bem?

Hoje tem tanta coisa para contar que nem sei por onde começar.

Estou muito feliz pela vitória que eu e o Ricky Taylor conseguimos no último domingo em Road America, o misto de 6,4 km que fica no estado norte-americano do Wisconsin. Lembram-se que na semana passada eu disse que poderia chover?

Pois é, não é que tenha só chovido, na verdade caiu o mundo, um temporal desses que a gente só vê em filme. Foi uma loucura, tanto que a direção de prova teve de paralisar tudo com bandeira vermelha.

O Ricky fez a pole no sábado, liderou praticamente toda a prova com pista seca e eu mantive a liderança mesmo depois que a chuva começou, no meu primeiro stint. Só que quando a corrida foi interrompida, eu estava em terceiro por causa dos pits e o líder não havia trocado pneus.

Quando recomeçou, faltando menos de cinco voltas para o final da corrida de 2h40min, fui com tudo pra cima. Não iria perder a corrida nem a pau e foi o que fiz. Vencemos dando nosso melhor.

Mas, como vocês sabem, as coisas não estão fáceis. Eu acho que a pandemia interferiu em todas as estruturas. E não estou falando somente em automobilismo, mas também no esporte em geral, na economia, na vida de todos os cidadãos do mundo e na maneira de ver as coisas.

É engraçado como a gente vivia rotinas que, simplesmente, desapareceram. Muito daquilo que a gente fazia quase no automático ou não existe mais ou está proibido ou pelo menos não é mais recomendável.

É um sofrimento que atinge todo o planeta e é quase um suicídio fazer de conta que está tudo normal. E se isso está atingindo milhões, que sou eu para ficar imune às mudanças, né?

Graças a Deus, minha família e eu estamos nos cuidando e com a saúde 100%, assim como nossos amigos e pessoas mais próximas. Essa é a coisa mais importante, as demais a gente resolve com calma.

Como vocês ficaram sabendo, fui liberado a procurar outras oportunidades, pois a Penske ainda não sabe se seu programa de SportsCar vai continuar.

Eu poderia ficar falando aqui o dia todo e mesmo assim não teria palavras o bastante para agradecer tudo o que o Roger Penske fez por mim, dentro e fora das pistas. Nesses 20 anos, além de patrão, ele se tornou um amigo, um sócio e, principalmente, parte da família.

Vou ser honesto com vocês, achei que foi um ato de grandeza essa atitude do Roger em liberar a gente para ver outras possibilidades. Uma coisa muito legal nesses anos todos foi a lealdade. Toda vez que apareceu uma oportunidade, foi ele a primeira pessoa que procurei para contar o que estava acontecendo.

A gente não pode esquecer que eu havia acabado de vencer a Indy 500 pela segunda vez e, mesmo assim, ele me liberou para testar o carro de Fórmula 1 da Toyota. Que outro patrão faria isso?

Além disso, tem um detalhe importante, ninguém foi demitido. Ele apenas contou o que estava acontecendo, a questão com a Acura, a perspectiva difícil em termos de patrocínio para 2021 e, por causa disso, os planos para o ano que vem estavam indefinidos.

Ao tomar essa atitude, ele abriu o leque para que todas as partes se acomodem da melhor forma possível. De minha parte, se a equipe resolver continuar no SportsCar e quiser que eu continue como piloto, fico onde estou sem pestanejar.

Mas nunca escondi de ninguém, principalmente do Roger, que minha preferência é a Indy. Então, apesar de não estar negociando e apenas informando que estou disponível para conversar, vou analisar com toda disposição do mundo se pintar alguma oportunidade de voltar em tempo integral para a Indy.

Enquanto não temos definições sobre esses pontos, estou focado nos compromissos que tempo com a equipe para esse ano. No IMSA WeatherTech SportsCar Championship, eu e meu companheiro de equipe, o Ricky Taylor, estamos mais animados do que nunca para lutar pelo título. Principalmente agora depois de vencermos no último domingo, debaixo daquele temporal em Road America. Teve até granizo, acredita?

Essa vitória deu um basta na série de problemas que tivemos nas primeiras corridas do ano e agora é só perseguir o título com mais força ainda. E se para isso tiver de chover toda corrida, sem problemas. Vou começar desde já a fazer a “dança da chuva”.

O outro compromisso é a Indy 500, que esse ano será disputada no dia 23 de agosto agora e, infelizmente, sem público. É uma grande pena, pois o Roger e sua equipe fizeram de tudo para que fosse possível receber o público nessa que é a maior prova do mundo.

Mas, como ele sempre disse, a saúde e segurança de todas as famílias sempre estiveram na frente de qualquer plano técnico, esportivo ou empresarial. Então, como a situação voltou a piorar em alguns lugares dos Estados Unidos, o negócio é atender ao máximo a orientação das autoridades.

Para terminar, acho importante dizer uma coisa. Estou com a energia e vontade de fazer o que mais amo, que é pilotar carros de corrida, como se tivesse 20 anos. Podem ter certeza de que serei o primeiro a perceber a hora de parar, quando não tiver mais a velocidade e disposição de hoje. Até lá, podem tem certeza que o permanecerei na pista com o mesmo ímpeto de 20 anos atrás.

* Helio Castroneves é piloto do Acura Team Penske no IMSA WeatherTech SportsCar Championship e do Chevrolet Team Penske na Indy 500.

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