Lenda olímpica participa de debate sobre mulheres no esporte no COB

Ao lado da bicampeã olímpica Fabi e da ONU Mulheres, Aída dos Santos, a única mulher brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio-64, contou sua história de superação e resistência

Aída dos Santos (Foto: Rafael Bello/ COB)
Aída dos Santos relembrou sua história ao lado da bicampeã olímpica Fabi (Foto: Rafael Bello/ COB)

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O Comitê Olímpico do Brasil (COB) abriu suas portas para uma ilustre visitante nesta segunda-feira. Aída dos Santos, única representante feminina na delegação brasileira dos Jogos Olímpicos de Tóquio-64, participou de um debate com o tema “Mulheres no Esporte”. Ao lado da bicampeã olímpica de vôlei, Fabi Alvim, e da gerente de projetos da ONU Mulheres, Carolina Ferracini, a ex-atleta de 82 anos contou sua história de superação e resistência de uma época em que as mulheres sofriam bastante preconceito no esporte. O bate papo mediado pela diretora de Comunicação e Marketing do COB, Manoela Penna, fez parte da terceira edição do briefing para a imprensa e formadores de opinião e ainda contou com a presença do vice-presidente da entidade, Marco La Porta, e colaboradores de diversas áreas da organização.

Mesmo depois de 55 anos, as lembranças dos Jogos Olímpicos de Tóquio estão frescas na memória de Aída. Ela detalhou as dificuldades enfrentadas antes e durante a competição. Sentindo-se sozinha dentro da delegação nacional, sem técnico, equipamentos adequados para competir e com dificuldade de comunicação em outro idioma, Aída engoliu o choro para alcançar 1,74m e terminar a competição na quarta colocação do salto em altura. Nem mesmo uma torção no pé nas eliminatórias foi capaz de segurar a brasileira. O resultado de Aída se perpetuou por mais de 30 anos, até Pequim 2008, como o melhor desempenho individual de uma brasileira na história dos Jogos Olímpicos.

- Ser mulher no esporte era muito difícil. Ainda mais sendo negra e pobre. Meus pais não entendiam e não queriam que eu praticasse esporte. Quando ganhei minha primeira medalha, meu pai jogou ela fora porque eu não trouxe dinheiro para casa. Foi duro, mas insisti - recordou Aída, que continua atleta. Atualmente, joga vôlei na seleção máster do Brasil, modalidade que a filha Valeskinha conquistou a medalha de ouro olímpica em Pequim-2008.

O evento desta segunda destacou a evolução das mulheres em diversos segmentos do esporte. Hoje, o COB conta em sua estrutura com 128 mulheres e 108 homens. Nos cargos de liderança, 43,5% são ocupados por mulheres. Além disso, em parceria com a ONU Mulheres, a entidade elaborou uma Política de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual no esporte. Outro fato a ser celebrado foi a bem-sucedida missão 100% liderada por mulheres, que retornou dos Jogos Sul-americanos de Praia Rosário-2019 com 26 medalhas.

- Escutar Aída dos Santos é um privilégio. Quem é apaixonado por esporte a tem como precursora e grande representante feminina nos Jogos Olímpicos. Hoje não tem nem como comparar, é um cenário completamente diferente. A busca por evoluir, por mais mulheres participando, é diária. Para entender de onde viemos e onde chegamos, devemos toda inspiração e reverência a atletas como Aída dos Santos - exaltou Fabi, medalha de ouro em Pequim 2008, atuando ao lado de Waleskinha, e Londres 2012.

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