Joaquim Cruz recebe elogio do ex-rival Sebastian Coe, dirigente máximo do atletismo mundial

Brasileiro comemorou 36 anos da conquista da medalha de ouro nos 800 m dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, nesta quinta-feira, em live promovida pela CBAt<br>

Joaquim Cruz recebe elogio de Sebastian Coe, presidente da World Athletics
Joaquim Cruz participou de live da CBAt para lembrar feito (Foto: Divulgação)

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O presidente da World Athletics (ex-IAAF), o britânico Sebastian Coe, destacou nesta sexta-feira a conquista da medalha de ouro dos 800m de Joaquim Cruz nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984, em uma mensagem de vídeo enviada a pedido da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Na prova, Coe foi medalha de prata, quando era recordista mundial da prova. O ouro de Joaquim Cruz completou 36 anos nesta quinta-feira.

- Parece quase inacreditável que há 36 anos eu competi nos Jogos de Los Angeles. Acho que uma das maiores histórias na pista foi a do Joaquim Cruz. Não sei bem o porquê, eu até tento lembrar daquela corrida, porque tudo que me lembro no final foram as costas do Joaquim enquanto ele ganhava o título olímpico e eu fiquei em segundo - lembrou Coe, que se dispôs a enviar um vídeo ao brasileiro, numa clara demonstração de grandeza e fairplay.

- Foi uma época fantástica para os atletas brasileiros, com Agberto Guimarães, José Luiz Barbosa, o que eu chamo triunvirato brasileiro do atletismo, liderado pelo grande Joaquim - comentou o presidente da WA. O grupo treinava com Luiz Alberto de Oliveira, único treinador de Joaquim Cruz no atletismo.

O vídeo de Coe faz parte das comemorações dos 36 anos da medalha, dia em que Joaquim Cruz participou de uma live, com duas horas de duração, realizada pelo Facebook da CBAt, diretamente de San Diego, nos Estados Unidos, onde mora com a família e trabalha como treinador da equipe paralímpica de atletismo do Comitê Olímpico dos Estados Unidos.

Joaquim lembrou do confronto com o britânico.

- O Coe ficou me usando como coelho, e eu usei o queniano como coelho. Quando conversamos sobre qual seria a tática para a final na noite anterior, com o meu técnico Luiz Alberto de Oliveira, a gente achava que o queniano iria para frente. Ele de fato foi e eu o usei para controlar a prova. Eu consegui a melhor posição dentro de uma corrida dos 800 m, porque eu fiquei do lado direito do queniano e a cada cinco passadas, eu olhava para a direita pra vigiar o Coe - lembrou o brasileiro.

Joaquim recebeu na live homenagem de seu parceiro de treinamento José Luiz Barbosa, o Zequinha.

- Parabéns pelo aniversário da medalha. Estava lá no estádio, torci muito e comemorei a vitória, porque sou brasileiro, com muito orgulho e muito amor - falou Zequinha, que também mora nos Estados Unidos e ganhou duas medalhas em Mundiais de Atletismo em competições ar livre e mais duas em indoor.

Mesmo lamentando todos os problemas causados pela pandemia da COVID-19, que adiou diversas competições como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020 e impediu os treinamentos dos atletas pelo fechamento de centros esportivos, ele lembra que pôde finalmente comemorar o aniversário de sua medalha.

- Normalmente estou trabalhando e viajando neste dia e muitas vezes nem lembro desta data tão especial por falta de tempo. Desta vez, pude curtir, postar mensagens nas mídias sociais e relembrar emoções muitos importantes na minha vida - comentou o brasiliense, nascido em Taguatinga, no dia 12 de março de 1963, o caçula de seis irmãos.

Além de relembrar detalhes importantes da preparação e conquista do ouro, com o recorde olímpico na época de 1m43s00, até hoje a única vitória do Brasil em provas de pista, Joaquim falou das dificuldades que está encontrando para treinar a equipe paraolímpica no Centro Olímpico de Chula Vista.

- As dificuldades impostas pela pandemia são grandes. Alguns estão no Centro, mas outros tenho de acompanhar em parques ou em regiões perto de suas casas. Dei seis semanas de descanso para todos. Vamos ter tempo de preparar todos para 2021 - lembrou.

Além do ouro olímpico, Joaquim Cruz tem a medalha de bronze da primeira edição do Campeonato Mundial, realizado em Helsinque, na Finlândia, em 1983, ganhou prata nos Jogos de Seul-1988, também nos 800 m. Tem dois ouros em Jogos Pan-Americanos – Indianápolis-1987 e Mar Del Plata-1995 – ambos nos 1.500 m. Em 1996, em Atlanta, foi o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura. Parou de competir em 1997.

O dono de duas medalhas olímpicas, uma de mundial e duas em Jogos Pan-Americanos deixou um recado para os jovens atletas.

- Tudo começa com o sonho. E quando você sonha, você começa a almejar o horizonte. O garoto tem que sonhar, é de graça. Não tenha medo de criar as oportunidades de realizar esse sonho - disse Joaquim.

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