Descubra a história do Bragantino-BA, a zebra do Campeonato Paraense

O Paysandu continua seu calvário no ano. O Papão perdeu o primeiro jogo da semifinal para o Bragantino por 2 a 0 e complicou sua vida no Estadual do Pará. No ano, já são duas derrotas para o Remo, seu maior rival, e uma eliminação precoce na Copa do Brasil, na primeira fase, contra o Novo Hamburgo. Por outro lado, a cidade de Bragança está em festa e o Bragantino segue fazendo história no Campeonato.

A zebra

O Bragantino é uma típica definição de zebra. Entrou na disputa do Parazão como todo time sem muita expressão do interior. Com condições financeiras precárias, a principal motivação do clube era se manter na elite do campeonato e, por isso, chegou desacreditado. O time, porém, tem jogado bem. Reconhece suas limitações, mas tem bom toque de bola e sai com velocidade. Tradicional time de operários, trabalha de forma conjunta, recomeçando a jogada quando tem que recomeçar e sem tocar a bola desnecessariamente. Méritos do treinador Arthur Oliveira, chamado no Pará de “Rei Arthur”.

O Jogo

Contra o Paysandu tudo isso foi visto e o placar de 2 a 0 saiu barato. O Tubarão abriu o placar com Mauro Ajuruteua, após cruzamento na área, a bola sobrou limpa para Mauro, que dominou e bateu com a pelota ainda no ar para abrir o placar.

O Papão sentiu o gol e se lançou ao ataque, abrindo espaços e possibilitando mais chances de perigo para o Braga. Três minutos depois, após escanteio e bate rebate na área, o Bragantino ampliou o placar com o zagueiro Gabriel. Nem a entrada dos atacantes Walter e Renan Gorne fizeram com que o Paysandu conseguisse, pelo menos, diminuir a vantagem para o jogo de volta.

Festa da torcida

A torcida compareceu em peso no Estádio São Benedito, conhecido como Diogão, e fez a festa com a vitória do Tubarão. Se confirmar a vaga na decisão, o Bragantino pode garantir um lugar na disputa da Série D e da Copa do Brasil em 2019. A única vez que o clube disputou uma divisão do Campeonato Brasileiro foi em 1993, quando disputou a Terceirona.

Esperançosa, a última vez que a torcida do Tubarão viu seu time nas semifinais do Campeonato Paraense foi em 1997. O Bragantino estreou no Estadual em 1993, desde então já caiu para a segunda divisão três vezes. Além de 1997, conseguiu o quarto lugar em 1994 e 1996. Caso se classifique para a final, vai ser a primeira vez que o clube paraense conquista tal feito.

O feito de um clube do interior ser campeão paraense é raro. Em 110 anos de história, apenas dois clubes fora da capital conseguiram esse feito. O Independente, de Tucuruí, em 2011 e Cametá, da cidade de Cametá, em 2012. O Bragantino ser for campeão se torna o terceiro time do interior a conquistar o Estadual, eliminando o maior vencedor da competição, o Paysandu, campeão
em 47 ocasiões.

O clube e a cidade

Bragança tem 125.184 habitantes e o maior polo pesqueiro do Pará, principal fonte de renda da cidade, se destacando na exportação de caranguejos. O Círio de Nazaré, um dos maiores eventos religiosos do mundo, é uma das principais atrações da cidade. A natureza também se destaca. A praia de Boiçucanga, o rio Caeté e a Ilha do Canela ilustram bem as belezas naturais da cidade.

Conhecido como Tubarão do Caeté, O Bragantino foi fundado em 6 de março de 1975. Tubarão é o mascote do clube e Caeté é o nome da região onde fica a cidade de Bragança. Os três títulos da história do clube foram da Segunda Divisão do Campeonato Paraense (2002, 2007 e 2017). Apesar da pouca expressão, no jogo contra o Paysandu, a torcida compareceu e mostrou que o clube faz parte da cultura da cidade e a cidade faz parte da cultura do clube.