Além da vaga para Tóquio-2020, basquete feminino mira renovação de ídolos e profissionalização

LANCE! ouviu, com exclusividade, Ricardo Molina, presidente da Liga de Basquete Feminino e Alessandra Oliveira, ex-pivô e campeã mundial com a Seleção em 1994

Basquete Pré-Olímpico das Américas Feminino 2019
Seleção venceu Colômbia e Argentina e garantiu vaga na última seletiva para Tóquio-2020. (Divulgação/CBB)

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No último domingo, a Seleção Feminina de basquete venceu a Argentina pelo Pré-Olímpico das Américas e garantiu uma vaga na última seletiva para Tóquio-2020, que ocorrerá entre os dias 6 e 9 de fevereiro.

O Brasil vem de um bom ano, após ter conquistado o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, que não vinha desde 1991, e o terceiro lugar na AmeriCup de San Juan, Porto Rico.

O retorno das vitórias na modalidade gera uma esperança de um futuro melhor para o basquete feminino brasileiro, presente em todas as Olimpíadas desde Barcelona-1992. Para Ricardo Molina, presidente da Liga Feminina de Basquete, entidade criada em 2010, a melhoria no esporte passa pela profissionalização da Seleção Feminina e da liga. 

- Escuto que o basquete feminino precisa de dez anos para se estruturar. Não. Falar isso é não conhecer o esporte. O basquete feminino precisava estruturar os espelhos, que são a Seleção Brasileira e a liga. Com isso estruturado, vamos ter uma divulgação maior. Os esportes já existem e precisam romper essa barreira do amador para o profissional. 

O dirigente destacou a importância da renovação de ídolos da modalidade. Molina acredita que a liga tem papel fundamental no desenvolvimento do esporte e citou uma mudança de postura dos torcedores. 

- Nomes como Paula, Hortência e Janeth representaram um período do basquete. A molecada mais jovem quer ver as jogadoras que estão na quadra. Estamos em um caminho agora de fazer as meninas conhecerem Damiris, Clarissa, Patty e outras. Faltava criar os ídolos das novas gerações. Isso vai muito do crescimento da liga e do basquete feminino. A Seleção já é uma referência. Eu tive uma reunião com o pessoal do São Bernardo e eles disseram que é a primeira vez que as jogadoras dão autógrafo.

Campeã mundial na Austrália, em 1994, prata em Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000, a ex-pivô da Seleção Alessandra Oliveira atualmente se dedica a apoiar o projeto social da escola Recanto Verde Sol, na zona leste de São Paulo. Embora não seja o foco principal, a iniciativa contribui para renovar tanto o público, quanto os praticantes da modalidade e já colhe frutos dentro das quadras. 

- Antes de formar atletas, quero formar cidadãos com valores. O projeto tem 70 meninas de 7 a 17 anos a nível escolar e não são federadas. Eu não dou aula, mas corro atrás de tudo aquilo que precisam. Elas jogam os campeonatos escolares de São Paulo, são bicampeãs da NBA Junior League e três atletas foram selecionadas para a seleção latino americana do torneio.

Para a ex-jogadora o mais importante é o poder da transformação do basquete entre as crianças e que, segundo ela, vai além da quadra, representando uma cultura urbana e a paixão pelo esporte. 

 - O basquete é um estilo de vida que está associado à cultura de rua. Não é só dentro de quadra, é a vivencia diária. Eu vejo que no primeiro dia de aula, o menino está de chuteira e a menina com um tenisinho, vestida para uma aula de ginástica. Depois de uns dias, já estão com a camiseta. Mais uns dois meses, falam ''olha meu tênis'' e estão vestidos de basquete. Sabe a emoção de ver uma menina vestida de basquete? Ela está igual a mim! Quando a criança começa a se vestir e usar valores daquele esporte, é porque ela está amando aquilo que faz.

Nos anos 1990, os Estados Unidos desenvolveram o ''Midnight Basketball'', um projeto para afastar os jovens da criminalidade através do esporte e programas informativos, estimulando o senso de comunidade. Alessandra ressaltou a importância de políticas públicas e como isso pode reverter o quadro de violência do Brasil. 

- Infelizmente a violência infanto-juvenil está aumentando no Brasil e as políticas públicas não auxiliam no combate. Quanto mais essas crianças se dedicarem às atividades extracurriculares como esporte, artes e músicas, teremos menos deliquentes na rua.

Ao todo, 16 seleções disputarão a última seletiva para Tóquio-2020, mas como Japão (país-sede) e Estados Unidos (campeão mundial) já estão garantidos, 14 times brigam pelas 10 vagas restantes. O sorteio dos quatro grupos é no próximo dia 27 e quatro países serão sedes: China, França, Bélgica e Sérvia.

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