Guia do volante da F1: para que servem os botões e luzes
Entenda cada botão, seletor e luz do volante de um carro de Fórmula 1.

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O volante de um carro de Fórmula 1 é muito mais do que uma peça para virar o carro. Ele é, na prática, o centro de comando do piloto, concentrando funções que vão da comunicação com a equipe até o ajuste fino de motor, freios, diferencial e recuperação de energia. Tudo isso em alta velocidade e com decisões tomadas em frações de segundo. O Lance! apresenta um guia do volante da F1.
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Diferente de um volante de carro de rua, que normalmente tem apenas comandos básicos, o volante da F1 reúne mais de 30 botões, seletores rotativos, alavancas e um display digital completo. Cada equipe desenha seu próprio layout, e cada piloto personaliza a posição dos comandos de acordo com sua preferência e estilo de pilotagem. Estética conta pouco; ergonomia e acesso rápido são tudo.
Durante uma volta de corrida, um piloto pode mudar o modo de motor, ajustar o balanço de freio, falar no rádio, ativar o DRS, alterar o nível de recuperação de energia e ainda lidar com mensagens no display — tudo isso sem tirar as mãos do volante. A coordenação é tamanha que, muitas vezes, a diferença entre atacar ou poupar depende de um único clique em um seletor no lugar certo da pista.
Além disso, o volante também é uma interface de dados: mostra marcha, velocidade, delta de tempo, temperatura de freios e pneus, nível de bateria do ERS e alertas de bandeiras. O piloto está o tempo todo "lendo" o volante enquanto guia no limite. Entender para que servem os botões e luzes é fundamental para perceber o quão técnico é pilotar na Fórmula 1.
A seguir, um guia dividido por funções: comandos essenciais de pilotagem, ajustes de performance e estratégia, displays e luzes, além das alavancas traseiras de câmbio e embreagem.
Guia do volante da F1
Como é o volante de um carro de Fórmula 1
Visualmente, o volante da F1 lembra um controle de videogame avançado misturado a um painel de avião. A parte frontal concentra os botões de uso imediato, geralmente coloridos para rápida identificação, enquanto o centro é ocupado por uma tela LCD que exibe dados em tempo real. Na parte de cima, uma fileira de LEDs indica o momento ideal de troca de marcha.
As empunhaduras são moldadas sob medida para cada piloto, em fibra de carbono com revestimento emborrachado, garantindo firmeza mesmo com suor ou chuva. Atrás do volante ficam as "paddles" de troca de marchas (direita para subir, esquerda para reduzir) e uma ou duas alavancas de embreagem, usadas principalmente na largada.
Apesar de a FIA padronizar algumas informações obrigatórias no display e nos LEDs (como alertas de bandeiras), o layout geral é livre. Mercedes, Red Bull, Ferrari e demais equipes têm arranjos próprios. Mesmo assim, praticamente todos os volantes compartilham grupos de funções parecidos: pilotagem, segurança, estratégia, energia e comunicação.
Botões essenciais de pilotagem, segurança e comunicação
Os comandos mais usados na volta estão nas posições mais ergonômicas do volante. Eles são acionados constantemente e precisam ser intuitivos a ponto de o piloto apertá-los "no automático", sem hesitar.
DRS (Drag Reduction System)
É o botão que abre a asa traseira móvel nas zonas de DRS. Ao ser ativado, reduz o arrasto aerodinâmico e aumenta a velocidade em retas, ajudando nas ultrapassagens. Só pode ser usado em trechos específicos da pista e quando o piloto está a até 1 segundo do carro à frente (em corrida). Em treinos, pode ser acionado livremente nas zonas liberadas.
Rádio (Radio)
Permite ao piloto falar com o engenheiro de corrida e ouvir instruções estratégicas. Pelo rádio, ele relata problemas, discute pneus, recebe informações de ritmo ("+0.3 para o carro da frente") e confirma mudanças de configuração ("modo de motor 6, estrat 3", por exemplo). É um dos botões mais pressionados do volante.
Limitador de Pit Lane (Pit Limiter)
Ativado ao entrar no pit lane, limita eletronicamente a velocidade do carro ao valor máximo permitido (geralmente 60 ou 80 km/h, dependendo do circuito). Se o piloto esquecer de apertar o botão, é quase punição certa por excesso de velocidade. Por isso, muitas equipes usam botões grandes e bem destacados para essa função.
Ponto morto (Neutral / N)
Coloca a caixa de câmbio em neutro. É usado quando o carro para após um giro, em um incidente, ou nos boxes, facilitando empurrões da equipe. Também é importante em procedimentos de largada e de alinhamento no grid.
Bebida (Drink)
Aciona uma pequena bomba que envia líquido por um tubo até o capacete do piloto. Em corridas quentes ou físicas, como em circuitos de rua, esse botão é acionado dezenas de vezes para evitar desidratação.
Ultrapassagem (Overtake / OT)
Libera, por alguns instantes, a potência máxima da unidade de potência, combinando motor a combustão e energia elétrica (ERS). É o botão do "ataque": o piloto o usa para tentar ultrapassar ou defender posição em um trecho crítico.
Guia do volante da F1: Seletores de performance e estratégia em tempo real
Além dos botões "simples", o volante reúne uma série de seletores rotativos (rotaries) que mudam profundamente o comportamento do carro. Muitas dessas mudanças são combinadas pelo rádio entre piloto e engenheiro antes de serem executadas.
Brake Balance (Balanço de freio)
Um dos controles mais importantes. Define a porcentagem de frenagem entre eixo dianteiro e traseiro. Mais freio dianteiro ajuda a estabilidade em freadas fortes; mais freio traseiro ajuda a girar o carro, mas aumenta o risco de travar rodas traseiras. Pilotos mudam esse ajuste várias vezes em uma volta: uma configuração para hairpins, outra para chicanes, outra para curvas de alta.
Differential (Diferencial)
Controla o quanto o diferencial "trava" ou "abre" em três fases da curva: entrada, meio e saída. Isso influencia diretamente tração e tendência do carro a sair de frente ou de traseira. Em pistas como Mônaco, costuma-se usar um diferencial mais "aberto" para facilitar a rotação em curvas lentas; em circuitos de alta, configurações mais "travadas" dão estabilidade nas saídas de curva em alta velocidade.
Engine Modes (Modos de motor)
São mapas que definem como o motor entrega potência e consome combustível. Há modos focados em economia (para trechos em que é preciso poupar gasolina), modos de corrida equilibrados e modos mais agressivos, usados em classificação ou em voltas de ataque. A escolha do modo certo em cada momento é parte central da estratégia moderna.
ERS / Harvest (Recuperação de energia)
Ajusta como o sistema híbrido recupera e libera energia. Um nível maior de "harvest" recupera mais energia na frenagem, mas pode deixar o carro menos estável e reduzir a potência disponível temporariamente. Um nível mais agressivo de descarga (deploy) aumenta a potência em retas ao custo de "gastar" mais bateria por volta.
Strategy / Strat (Modo de estratégia)
É um seletor que combina vários parâmetros em um único comando: mapa de motor, intensidade de ERS, consumo de combustível, etc. Em vez de o piloto mexer em tudo manualmente, a equipe programa alguns "pacotes" (Strat 1, 2, 3…) e pede pelo rádio qual deve ser usado em cada fase da corrida.
Guia do volante da F1: Display, luzes e informações que o piloto vê
O centro do volante é tomado por um display digital, geralmente em LCD, cercado por fileiras de LEDs na parte superior e, em alguns casos, nas laterais. Essa combinação transforma o volante em um painel de telemetria em tempo real.
Shift Lights (Luzes de troca de marcha)
Na parte superior do volante há uma fila de LEDs que acendem progressivamente conforme as rotações do motor sobem. As luzes começam em verde, passam por tons intermediários e terminam em vermelho (e às vezes azul). Quando a barra chega ao limite, é o sinal para o piloto trocar de marcha. Isso evita que ele precise olhar para o conta-giros e ajuda a extrair sempre o máximo da faixa de potência.
Display LCD central
Mostra, em diferentes páginas, informações como:
- Marcha atual
- Velocidade
- Tempo de volta e setor (delta em relação à volta anterior ou ao rival)
- Nível de combustível estimado e consumo
- Temperatura de freios e pneus
- Estado da bateria do ERS
- Modo de motor e de estratégia ativos
O piloto pode alternar entre telas usando botões de menu ou seletores dedicados, de acordo com a necessidade: em classificação, foca em tempo e delta; em corrida, presta mais atenção em consumo, temperatura e energia.
Luzes de bandeira e alertas da FIA
Em muitos volantes modernos, LEDs laterais replicam o sistema de bandeiras: amarelo para perigo, azul para retardatários, vermelho para interrupção de corrida. Isso garante que o piloto não perca uma sinalização importante por não ter visto o posto de bandeira na pista, especialmente em trechos de baixa visibilidade ou tráfego intenso.
Guia do volante da F1: Paddles, embreagem e o que acontece atrás do volante
Na parte traseira do volante ficam as alavancas de câmbio e embreagem, componentes invisíveis para quem vê a transmissão, mas cruciais para o funcionamento do carro.
Paddles de câmbio
A alavanca do lado direito sobe marchas, a do lado esquerdo reduz. As trocas são incrivelmente rápidas, na casa de milésimos de segundo, com corte de ignição cuidadosamente controlado para evitar trancos e perda de tração. O piloto pode trocar marchas no meio da curva, na frenagem ou na saída, sem tirar as mãos do volante, o que é essencial para o controle fino do carro.
Embreagem
Geralmente há uma ou duas alavancas menores, usadas principalmente na largada. O piloto segura a embreagem com o carro parado no grid, ajusta o ponto de mordida (bite point) e, quando as luzes se apagam, solta a alavanca de forma progressiva para evitar patinagem excessiva das rodas. Depois disso, durante a corrida, a embreagem quase não é usada — o câmbio sequencial e a eletrônica cuidam do resto.
Esses elementos trabalham em conjunto com os botões de modo de largada, controle de rotação e ajustes de diferencial para maximizar a tração no momento mais crítico da corrida: os primeiros metros após a luz verde.
Personalização e evolução dos volantes na Fórmula 1
Embora existam funções comuns entre todas as equipes, quase nada é genérico em um volante de F1. Cada time desenvolve sua própria solução, com ergonomia, tamanho e layout específicos. Dentro da mesma equipe, dois pilotos podem ter arranjos distintos: botão de rádio em posição diferente, seletor de freio mais à mão para quem mexe mais, cores personalizadas para facilitar a memorização.
A evolução foi rápida. Nos anos 1990, os volantes ainda eram relativamente simples, com poucos botões e sem display digital integrado. A partir dos anos 2000, a introdução de eletrônica mais sofisticada, telemetria avançada e modos de motor complexos fez explodir o número de comandos. Com a era híbrida a partir de 2014, novos seletores de ERS, gerenciamento de energia e mapas de potência transformaram o volante em um painel ainda mais completo.
Hoje, entender e operar o volante com naturalidade é parte do trabalho do piloto tanto quanto frear tarde ou acertar o ponto de frenagem. Antes de estrear em uma equipe, o piloto passa horas em simuladores e em boxes apenas decorando posições de botões e treinando sequências de comandos com a equipe de engenheiros.
O resultado é que o volante da F1 é, ao mesmo tempo, ferramenta, painel, computador e linha direta com o time. Saber para que servem seus botões e luzes ajuda a enxergar que, por trás de cada volta rápida na tela, existe um piloto gerenciando um nível de complexidade que vai muito além de simplesmente "acelerar e brecar".
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