Circuitos esquecidos da F1: por que saíram do calendário
Do abandono físico às regras modernas: porque pistas icônicas desapareceram.

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A Fórmula 1 já competiu em mais de 70 circuitos diferentes, mas uma parte significativa deles desapareceu da categoria — alguns demolidos, outros abandonados e muitos simplesmente ultrapassados pelas demandas atuais. Para cada pista que permanece no campeonato, dezenas viraram vestígios da história, lembradas apenas por fotos e memórias dos fãs. Entender por que essas pistas saíram explica não apenas o passado, mas a transformação da F1 em um produto global moderno. O Lance! relembra os circuitos esquecidos da F1.
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Circuitos icônicos como Jacarepaguá, Brands Hatch e Pescara tinham caráter único, desafiavam pilotos e ofereciam corridas memoráveis, mas se tornaram incompatíveis com os padrões de segurança e infraestrutura exigidos hoje. Outros foram descartados por questões políticas, econômicas ou até geopolíticas, revelando que a permanência de uma pista envolve muitos interesses além do automobilismo.
Com a evolução da aerodinâmica e do ritmo das corridas, autódromos estreitos e com pouco espaço de escape passaram a ser considerados perigosos. O público também cresceu — e com ele a necessidade de instalações modernas, visibilidade para torcedores e áreas adequadas para transmissões globais. Isso fez com que circuitos tradicionais fossem substituídos por teatros mais grandiosos, como Yas Marina e Cingapura.
Além disso, o surgimento de novos mercados mudou prioridades comerciais. Países dispostos a investir bilhões em estrutura e taxas de promoção ganharam espaço, enquanto pistas clássicas se tornaram inviáveis financeiramente. Mesmo com valores nostálgicos, muitas não se adaptaram a tempo. Algumas sobreviveram por reformas drásticas, mas outras desapareceram permanentemente.
Assim, circuitos esquecidos representam mais do que locais abandonados: refletem a transição da F1 de corrida romântica e arriscada para um espetáculo corporativo global. Seus traçados contam histórias de épocas onde a espontaneidade do automobilismo superava regras e compromissos comerciais — uma parte da essência da categoria que permanece viva na memória dos fãs.
Circuitos esquecidos da F1
Os circuitos que tiveram apenas uma chance na F1
Algumas pistas entraram na Fórmula 1 apenas uma vez e nunca voltaram, geralmente por questões estruturais e, sobretudo, de segurança. Esses locais se tornaram capítulos curiosos da história, pois abrigaram corridas oficiais, porém não conseguiram acompanhar o ritmo tecnológico do esporte. A falta de infraestrutura adequada e acidentes graves aceleraram suas despedidas, transformando-os em raridades estatísticas.
Entre os destaques:
- Pescara (Itália, 1957): maior circuito usado na F1 com 25 quilômetros, abandonado após preocupações extremas de segurança.
- Ain-Diab (Marrocos, 1958): pista de rua perigosa com acidente fatal que selou sua saída.
- Sebring (EUA, 1959): promessas frustradas por pavimento inconsistente e estrutura precária.
- Riverside (EUA, 1960): pouco público e instalações deficientes encerraram sua breve participação.
- Zeltweg Aeródromo (Áustria, 1964): buracos, pista estreita e visual ruim para torcedores o condenaram.
- Bugatti Circuit (França, 1967): impopular e com baixíssima presença de público.
- Fair Park, Dallas (EUA, 1984): calor extremo destruiu pista e comprometeu segurança.
Esses locais são lembranças de uma F1 mais experimental — uma fase em que a escolha de circuitos ainda não era guiada pelos padrões rígidos que conhecemos hoje.
Circuitos que desapareceram mesmo após anos no calendário da F1
Há pistas que fizeram parte da história da F1, receberam corridas por anos e mesmo assim foram removidas. Em geral, os motivos envolvem custo de operação, reformas inviáveis, mudanças políticas e questionamentos estratégicos. Apesar de terem construído memórias marcantes, foram substituídas por alternativas consideradas mais adequadas para uma F1 moderna.
Entre elas:
- Long Beach (EUA, 1976–1983): clássico circuito de rua, mas enfrentou queda de segurança e custos crescentes.
- Magny-Cours (França, 1991–2008): pouco atrativa esportivamente e politicamente enfraquecida.
- Hockenheim original (Alemanha): cortado pela urbanização e por reformas que eliminaram o trecho na floresta.
Esses circuitos simbolizam uma transição — eram bons demais para desaparecer, mas não adequados o suficiente para continuar.
As pistas fisicamente abandonadas ou demolidas
Alguns circuitos saíram do calendário e literalmente sumiram do mapa, refletindo mudanças urbanas e prioridades governamentais. O efeito mais dramático é que, mesmo tendo recebido GPs oficiais, poucas estruturas ficaram intactas, apagando parte da história do esporte.
Exemplos mais emblemáticos:
- Jacarepaguá (Brasil): demolido para os Jogos Olímpicos de 2016, restando apenas vestígios integrados ao centro olímpico.
- Valência (Espanha): circuito de rua abandonado com muros e zebras deterioradas.
- Donington Park (Inglaterra): sem recursos para upgrades, perdeu seu futuro na F1.
- Mugello (Itália, apenas 2020): elogiado mas inviável para retorno permanente, com concorrência de Imola e Monza.
Esses circuitos mostram como a Fórmula 1 pode influenciar geografia urbana — e como projetos olímpicos, imobiliários ou governamentais podem apagar circuitos históricos da paisagem.
Quando a política define o destino de um GP
Alguns casos refletem geopolítica pura. O exemplo mais claro é:
- Sochi (Rússia, 2014–2021): removido após o conflito Rússia–Ucrânia; o substituto planejado nunca estreou.
Outro caso notável é:
- Buenos Aires (Argentina): saiu por crises econômicas, perda de apoio governamental e ausência de pilotos locais relevantes.
Esses episódios mostram que a F1 moderna depende de estabilidade financeira e institucional para manter um GP — sem isso, até pistas tradicionais perdem espaço.
A evolução dos padrões: por que tantos circuitos morreram
A saída progressiva desses autódromos acompanha a evolução das exigências do esporte. Segurança, infraestrutura, capacidade de público, hospitalidade e viabilidade comercial se tornaram requisitos obrigatórios. Traçados perigosos, estreitos ou incapazes de receber milhares de espectadores deixaram de ser viáveis.
Circuitos históricos tentaram sobreviver com reformas — como Zandvoort e Hockenheim — mas nem todos conseguiram. Muitos se tornaram ruínas visitadas por fãs, lembranças físicas de um tempo em que a Fórmula 1 corria em pistas espontâneas e imprevisíveis. As máquinas evoluíram, a categoria mudou e o mundo ao redor forçou uma seleção natural de autódromos.
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