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A corrida mais longa e a mais curta da F1 na história

No GP do Canadá 2011, Jenson Button venceu após mais de 4h

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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 06/12/2025
18:26
Jenson Button sob chuva em Montreal 2011 (foto) e carros atrás do Safety Car em Spa 2021, símbolos dos dois extremos de duração na Fórmula 1. (Foto: Fórmula 1)
imagem cameraJenson Button sob chuva em Montreal 2011 (foto) e carros atrás do Safety Car em Spa 2021, símbolos dos dois extremos de duração na Fórmula 1. (Foto: Fórmula 1)

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Corrida mais longa: GP do Canadá 2011, 4h04min39s537, 70 voltas, vitória de Jenson Button.
Corrida mais curta: GP da Bélgica 2021, 3 voltas, vitória de Max Verstappen, apenas 6,880 km.
Mudanças na FIA: Limite de duração de 3 horas e novas regras de pontuação para evitar corridas sem ação.
Resumo supervisionado pelo jornalista!

As corridas de Fórmula 1 são planejadas para durar cerca de duas horas, dentro de uma distância mínima de pouco mais de 300 km. Mas, ao longo da história da categoria, alguns GPs fugiram totalmente do roteiro. Entre bandeiras vermelhas, chuva torrencial, Safety Car interminável e decisões polêmicas da direção de prova, a F1 já viveu desde verdadeiras maratonas até "corridas" que mal começaram. O Lance! relembra a corrida mais longa e mais curta da F1 na história.

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A prova mais longa de todas foi o GP do Canadá de 2011, uma tarde em Montreal que se estendeu por mais de quatro horas e entrou para a história tanto pelo caos climático quanto pela virada cinematográfica de Jenson Button. A mais curta, na outra ponta, foi o GP da Bélgica de 2021, em Spa-Francorchamps, oficialmente decidido após poucos minutos e sem sequer uma volta em ritmo de corrida debaixo de um dilúvio.

Esses dois eventos extremos ajudam a entender não só como o clima pode transformar um Grande Prêmio, mas também como o regulamento e a postura da FIA em relação à segurança evoluíram com o tempo. Em um caso, a direção de prova esperou o máximo para tentar oferecer uma corrida completa aos fãs; no outro, priorizou a segurança ao extremo, gerando um resultado oficial praticamente sem ação na pista.

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Entre Canada 2011 e Spa 2021, a Fórmula 1 ajustou seus limites de tempo, redesenhou regras de pontuação para corridas encurtadas e deixou claro que não existe "espetáculo" sem um mínimo de segurança. Ao mesmo tempo, cada decisão deixa marcas: algumas provas entram para a memória coletiva como clássicos dramáticos; outras, como Spa 2021, ficam registradas como anticlímax histórico.

A seguir, veja em detalhes como aconteceram a corrida mais longa e a mais curta da história da F1, quais foram as principais polêmicas e como o regulamento atual procura evitar extremos tão bizarros — sem matar a imprevisibilidade que faz parte do DNA da categoria.

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A corrida mais longa e a mais curta da F1 na história

A maratona de Montreal: o GP do Canadá 2011

Em 12 de junho de 2011, o Circuito Gilles Villeneuve recebeu aquela que se tornaria a corrida mais longa da história da Fórmula 1. O GP do Canadá teve duração total de 4h04min39s537, considerando o tempo de corrida e a longa interrupção por bandeira vermelha. Foram 70 voltas completadas, a distância padrão de 305,270 km, em um evento que testou o limite de paciência de pilotos, equipes e torcedores.

O roteiro começou relativamente normal, com pista molhada, Safety Car e estratégias variadas de pneus. Mas, após algumas voltas, a chuva apertou a tal ponto que a visibilidade caiu a quase zero e a aquaplanagem se tornou inevitável em vários pontos da pista. Resultado: bandeira vermelha, carros alinhados no pit lane e uma espera de mais de duas horas até que as condições fossem consideradas minimamente aceitáveis para recomeçar.

No meio do caos, Jenson Button viveu uma das performances mais improváveis da carreira. Ele se envolveu em toques, inclusive com o companheiro Lewis Hamilton, levou drive-through, caiu para a última posição e fez seis passagens pelos boxes, entre trocas de pneus e punição. Mesmo assim, aproveitou cada relargada, cada período de Safety Car e a pista secando no fim para escalar o pelotão.

Na volta final, com a pista já em condições bem melhores, Button pressionou Sebastian Vettel, que liderava desde o início. Sob pressão e com o asfalto escorregadio fora da linha ideal, Vettel cometeu um pequeno erro, escapou levemente e abriu a porta para a ultrapassagem decisiva. A vitória de Button, da última posição para o primeiro lugar, coroou a maratona de Montreal como um clássico instantâneo da F1.

Esse GP também serviu de alerta: a combinação de longas interrupções, múltiplos Safety Cars e chuva extrema mostrou que, sem limites claros, uma corrida poderia se arrastar indefinidamente. A partir dali, a FIA ajustou a janela máxima de duração de um evento, primeiro estabelecendo um limite absoluto de 4 horas e, posteriormente, reduzindo a janela total de corrida para 3 horas a partir da largada, com 2 horas de tempo efetivo de prova.

O anticlímax de Spa: o GP da Bélgica 2021

Se o Canadá 2011 é lembrado pela resistência e pelo espetáculo no limite, o GP da Bélgica de 2021 entrou para a história por praticamente não ter acontecido. Em 29 de agosto de 2021, Spa-Francorchamps estava tomado por chuva torrencial e neblina, especialmente no setor de Eau Rouge–Raidillon, um dos trechos mais rápidos e perigosos do calendário.

Durante horas, a direção de prova adiou o início, esperando uma melhora que não vinha. Sempre que os carros tentavam ir à pista atrás do Safety Car, a visibilidade mostrava-se simplesmente inexistente: spray intenso, pilotos guiando praticamente às cegas, risco altíssimo em qualquer tentativa de largada em ritmo de corrida.

Depois de uma longa espera, a saída encontrada foi completar o mínimo exigido pelo regulamento de então para declarar um resultado oficial: duas voltas atrás do Safety Car, mais uma volta sob bandeira vermelha, totalizando três voltas percorridas – mas, pela regra de contagem regressiva, apenas uma volta foi oficialmente considerada para efeito de classificação, com distância registrada de apenas 6,880 km. Ainda assim, o tempo cronometrado ficou em pouco mais de 3min27s, o que tornou a prova a mais curta da história tanto em distância quanto em tempo oficial.

O grid de largada virou, na prática, o resultado final: Max Verstappen foi declarado vencedor, George Russell conquistou seu primeiro pódio na F1 em segundo, com a Williams, e Lewis Hamilton completou o top 3. Como menos de 75% da distância prevista foi completada, a distribuição foi de metade dos pontos – algo que não acontecia desde a Malásia 2009 e que gerou forte crítica de torcedores, imprensa e até pilotos, que consideraram injusto pontuar uma corrida sem voltas em ritmo verde.

A repercussão foi tão negativa que a FIA revisou o regulamento de pontuação para corridas encurtadas a partir de 2022. A ideia foi evitar que meros procedimentos formais atrás do Safety Car gerassem pontos significativos, criando faixas de pontuação proporcionais à distância efetivamente disputada em bandeira verde.

Spa 2021 ficou, assim, como um exemplo extremo de como o equilíbrio entre segurança, regulamento e espetáculo pode ser difícil de alcançar. Ao mesmo tempo em que ninguém queria repetir tragédias em um circuito historicamente perigoso, a sensação geral foi de frustração ao assistir horas de espera para uma "corrida" sem competição real.

Outras corridas historicamente curtas que marcaram a F1

Antes de Spa 2021 assumir o posto de corrida mais curta da história, outros GPs já tinham entrado para o livro de recordes por durarem bem menos do que o previsto.

Alguns exemplos marcantes:

GP da Austrália 1991 (Adelaide)

  1. Duração: 24min34s899 – por muitos anos, a corrida de campeonato mais curta em tempo.
  2. Motivo: chuva torrencial e pista incontrolável.
  3. Vencedor: Ayrton Senna, em uma prova interrompida após 14 voltas, com metade dos pontos distribuída.

GP da Espanha 1975 (Montjuïc)

  1. Duração: cerca de 42min53s e apenas 29 das 75 voltas previstas, totalizando 109,91 km.
  2. Motivo: acidente gravíssimo com o carro de Rolf Stommelen, que resultou em mortes na área de espectadores e levou ao encerramento antecipado por segurança.
  3. Vencedor: Jochen Mass, em sua única vitória na F1, com metade dos pontos atribuída.

GP da Malásia 2009 (Sepang)

Corrida interrompida por chuva muito forte no fim da tarde, quando a luz natural já era insuficiente, o que levou ao encerramento antecipado e distribuição de metade dos pontos

GP de Mônaco 1984

Disputado sob chuva pesada nas ruas de Monte Carlo, foi interrompido com pouco mais de 1h de prova e distância bem abaixo da habitual, em uma corrida famosa pelas críticas de pilotos à decisão de encerrar.

Comparados a esses casos, Spa 2021 levou o conceito ao extremo: praticamente nenhuma volta em ritmo de corrida, distância oficial mínima e, ainda assim, um GP completo no livro de estatísticas.

Como o regulamento define a duração das corridas

Por trás de todos esses recordes existe uma estrutura rígida de regras que define quanto tempo e qual distância uma prova de Fórmula 1 deve ter. Hoje, o formato padrão é:

  1. Distância mínima: 305 km (com exceção de Mônaco, que é mais curto).
  2. Número de voltas: definido de acordo com o comprimento do circuito para atingir essa distância.
  3. Tempo máximo de corrida “verde”: 2 horas de prova efetiva.
  4. Janela total desde a largada: 3 horas para que a corrida termine, incluindo interrupções (bandeiras vermelhas).

Na prática, isso funciona assim:

  1. Se os 305 km são completados antes de 2 horas, a corrida acaba ao final da distância prevista.
  2. Se a marca de 2 horas é atingida antes da distância mínima, a prova continua até o líder completar a volta seguinte, encerrando ali.
  3. Em caso de bandeiras vermelhas e suspensões, o relógio global continua contando dentro da janela de 3 horas; ao estourar esse limite, a corrida deve ser encerrada na volta seguinte.

Há também regras específicas para pontuação em corridas incompletas, reformuladas após o caos de Spa 2021. Desde 2022, a atribuição de pontos depende do percentual da distância completada em bandeira verde: quanto menor a distância efetiva de corrida, menor a fatia de pontos distribuídos, e nenhuma pontuação é dada se a prova não tiver voltas reais de competição, mesmo que o Safety Car tenha andado.

Essas regras foram justamente desenhadas para evitar que uma situação como a de Spa 2021 se repita: resultado oficial com pontos relevantes e praticamente zero ação de corrida.

O que esses extremos revelam sobre a Fórmula 1

A corrida mais longa e a mais curta da história da F1 mostram como o esporte vive em constante equilíbrio entre espetáculo, segurança e regulamento. No Canadá 2011, a direção de prova esgotou a janela disponível para tentar entregar uma corrida completa, recompensando os fãs com um clássico imprevisível decidido na última volta. Em Spa 2021, diante de um cenário de risco inaceitável, o pêndulo se moveu para o outro lado, resultando em uma "corrida" quase simbólica, mas coerente com a prioridade absoluta dada à segurança.

Entre esses dois extremos, a FIA vem refinando o livro de regras para dar menos espaço a interpretações e cenários bizarros, sem abrir mão do fator imprevisível que faz da Fórmula 1 um dos esportes mais fascinantes do mundo. Corridas podem ser encurtadas, alongadas por Safety Car ou interrompidas por tempestades, mas sempre dentro de um limite pensado para proteger pilotos, fiscais e público – e, ao mesmo tempo, manter a integridade esportiva do campeonato.

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