Futebol Nacional

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

‘Clubes S/A: cedo ou tarde, dirigentes terão de encarar o assunto de frente’

Na Argentina, governo Macri tenta forçar clubes a virarem Sociedades Anônimas, mas a grande maioria é contra. Argumento de cartolas é uma balela

Figueirense adotou modelo de gestão novo e é S/A: único nas Séries A e B do Brasil (Foto: Luiz Henrique/Figueirense)
Escrito por

O argumento mais usado pelos cartolas argentinos para combater o projeto do governo de Maurício Macri, propondo a criação das Sociedades Anônimas Desportivas, é a necessidade de proteger os sócios. Trata-se de uma balela. As SADs, ou apenas S/As, pelo projeto argentino, assim como no modelo em discussão no Brasil, nada tem a ver com a fatia associativa dos clubes que continuariam a ter gestão autônoma. Ou seja: os sócios continuarão a cuidar das piscinas, das quadras de esporte, dos salões de baile.

Mas futebol é outra coisa. É um negócio que, como tal, precisa ser administrado. É assim em todo o mundo civilizado da bola. Mesmo na Espanha, onde Barcelona e Real Madrid não se enquadram no regime de clube-empresa, o arcabouço jurídico criou normas tão rígidas que se não tivessem uma gestão efetivamente empresarial, os dois gigante não teriam a força que tem no país e por todo mundo.

Pelo modelo Macri, os clubes se tornariam acionistas dos clubes-empresas. Quanto mais eficiente a gestão das SADs maiores seriam os bônus e dividendos gerados, com impacto direto em benefícios ao quadro social. Estabeleceria-se um círculo virtuoso em que todos sairiam ganhando.

As SADs mudariam a relação entre os clubes. Tornariam mais viável a formação de uma liga, em que a rivalidade ficaria restrita aos gramados e os interesses do grupo seriam discutidos de forma coletiva, fortalecendo todo o sistema. Dariam, por outro lado, uma segurança jurídica e institucional que mudaria a relação de investidores e patrocinadores com o futebol. Uma gestão efetivamente empresarial eliminaria barreiras que hoje levam a ficar com um pé atrás quem quer colocar dinheiro no esporte: a incerteza de que contratos firmados numa gestão continuariam a valer três ou quatro anos depois quando o presidente deixasse o cargo nas mãos de adversários políticos. Coisa que se vê a cada momento.

A mudança do regime, seja agora ou daqui a alguns anos, é, enfim, um fator imprescindível para reduzir o abismo que separa os clubes dos dois lados do Oceano Atlântico. Argentinos ou brasileiros, em algum momento vamos ter de encarar o assunto de frente, muito além do discurso demagógico da cartolagem.

Luiz Fernando Gomes é editor do L! Espresso e colunista do L!