‘Narra quem sabe’: L! mostra perfil da candidata Isabelly Morais

'Não nos projetamos narrando porque não temos referência para nós, mulheres', indagou a candidata de 20 anos. Ao L!, a mineira Isabelly diz querer levar experiência do rádio para TV

Isabelly Morais é uma das candidatas do 'Narra quem sabe'
(Foto: Thaynara Lima)

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Em março deste ano, a jornalista Vanessa Riche conversou com o LANCE! e declarou que 'era preciso uma mulher narradora'. A fala faz referência ao projeto ‘Narra quem sabe’, do Fox Sports, que vai escolher três mulheres para ser a voz do canal na Copa do Mundo. Com isso, o L! conversou com as selecionadas Natália Lara, Gaby de Saboya, Manuela Avena, Luciana Zogaib, Renata Silveira — e a entrevistada desta sexta-feira, Isabelly Morais. 

Estudante de jornalismo, a mineira de 20 anos trabalha na Rádio Inconfidência. Em novembro de 2017, se tornou a primeira mulher a narrar uma partida de futebol em Minas Gerais. Desde então, virou figura presente no debate sobre a falta de narradoras mulheres na mídia. Isabelly quer aproveitar a porta que está abrindo para levar sua narração a nível nacional. 

— Foi muito expressivo quando narrei porque fui a primeira mulher do Estado a narrar. Marquei a comunicação mineira. A repercussão foi geral, mas era
regionalizada porque a maioria dos meus ouvintes são de Minas. Agora é a possibilidade de levar o nome da comunicação mineira para o âmbito nacional. Percebi isso quando colegas meus, depois que fui selecionada, vieram falar, parabenizar. Eles entendem que é uma representante do jornalismo de Minas. Eu consegui alcançar um feito muito legal dentro de mim, mas agora quero levar a oportunidade de Minas para o Brasil — declarou. 

Isabelly Morais
Isabelly é a mais nova entre as candidatas (Foto: Thaynara Lima)

Isabelly não entrou no jornalismo pensando em ser narradora. Ela revela que se imaginava trabalhando com esporte, mas abraçou a nova oportunidade que apareceu na carreira. Com apenas 20 anos, é a candidata mais nova entre as selecionadas do programa, e a chance de estar em uma Copa do Mundo fez todas as pessoas próximas se movimentarem em apoio. 

— Depois que narrei pela Inconfidência, minha família ficou super feliz, porque sempre falei que queria esporte. Meu namorado também me apoia muito. Eles começam a ver episódios onde esses sonhos já não são mais sonhos, é algo mais concreto. Quando dei um passo do rádio para a TV, que já é muito grande e tem uma outra visibilidade, todo mundo ficou muito feliz de poder me ver. Eles já me escutam, então a oportunidade de me assistirem, de dar um passo tão importante na minha carreira, tão nova, jovem e estudante, é uma conquista nossa, minha e deles — e completou: 

— Não imaginava narrar um jogo de Copa do Mundo. Imaginava mexer com esporte. Comecei jornalismo pelo esporte, então já me imaginava trabalhando com futebol e esporte, mas não com narração específica. A gente não se projeta porque a gente não tem referência pra nós, mulheres. Então não me imaginava narrando não. Está sendo uma surpresa muito grande — afirmou. 

Das seis selecionadas, apenas três serão escolhidas para narrar os jogos do Brasil na Copa do Mundo. Elas vão receber treinamento na sede do Fox Sports, no Rio de Janeiro, e os nomes serão divulgados no dia 15 de maio. Isabelly vê a oportunidade da narração como um motivador para todas as lutas diárias das mulheres em qualquer esfera social. 

— Cada movimento de mulheres no esporte reforça a própria luta da mulher em geral. Toda vez que você vê uma mulher alcançando um espaço bacana foi ocupado por homens durante décadas, você começa a reforçar a luta das mulheres pelo espaço delas. Cada vez que uma mulher ocupa seu lugar, da um gás diferente pela luta no contexto. Cada tijolinho que a gente constrói é importante para o panorama de forma geral — comentou. 

Bate-bola com Isabelly Morais:

Qual jogo você escolheu enviar para o processo de seleção?
— Enviei vários jogos. Mas um deles foi o gol do Roger Guedes, contra o Democrata, pelo Campeonato Mineiro. Pela técnica e pela emoção. Pela técnica foi porque foi uma jogada que eu consegui acompanhar tudo até chegar no gol. Quando eu falo que a bola está com Roger Guedes, a torcida do Atlético canta mais alto, grita o gol no fundo. O outro foi do Thiago Neves contra o Uberlândia, um gol de falta. Foi um dia importante porque o Thiago Neves tinha recebido uma proposta de fora, podia sair do Cruzeiro. Foi um dia de emoção. Foi um gol de falta, demorou muito para bater a falta, e eu tive que enrolar no ar e isso é complicado — contou.

Quais seus pontos fortes e fracos na narração?

— A (característica) positiva são duas que o rádio potencializa, mas uma é muito boa para a TV e a outra não é. Uma delas é a emoção, no rádio tem que ter emoção. Acabei de fazer um teste para a TV e eu queria ficar o tempo todo escrevendo o lance porque é o que eu faço no rádio. Eu estava incomodada de deixar um vácuo. Se eu deixar um vácuo no rádio, vão falar que não pode. O que o rádio potencializou que eu já tinha era minha fala rápida, e para a TV isso não vale. Eu sempre gostei muito de falar e tive confiança na minha fala, então ampliei minha confiança — explicou.

Como você vê a importância de uma mulher narradora na Copa?

— É importante porque a mulher tem que ocupar os espaços dela, assim como o homem ocupou os espaços dele. A gente não pode ficar nessa de separar de um lado homem e mulher, como se fosse um território super conflituoso. A gente tem que pensar que é um ambiente de convivência dos dois. Se os homens conquistaram o espaço deles, a mulher pode ter o espaço dela. Teve uma mulher que narrou em 2017, foi muito bom pro jornalismo de Minas, mas é um absurdo chegar em 2017 e ter uma primeira mulher narrando em Minas. Para ter uma segunda mulher que narre uma Copa, tem que ter uma primeira. Alguém tem que dar esse pontapé — completou.

Quem é Isabelly Morais?
— Sou uma estudante que entrou no jornalismo pelo esporte. Todo o meu esforço é dedicado a isso. Se precisar passar dias, noites e madrugadas, eu mexo com satisfação. Sou uma pessoa muito grata para quem me dá oportunidades na carreira. Eu sabia que depois da minha narração possibilidades poderiam vir. Eu pensava que poderia aparecer algo, sempre pensei em aceitar propostas sérias porque minha carreira é muito séria, e aceitei a Fox porque o projeto é sério. A carreira da gente é algo construído. Se você chegou em algum lugar, você teve um caminho e tem que ser grato a esse caminho — disse.

Palpites para a Copa do Mundo:
Final da Copa do Mundo: Brasil x Espanha
Campeão: Brasil
Craque: Neymar
Artilheiro: Neymar
Decepção: França

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