Ex-diretor de Galvão Bueno na F1 detalha bastidores com o narrador: ‘A gente já “cansou” de brigar’

Alfredo Bokel trabalhou com o narrador por mais de 20 anos

Galvão Bueno - Globo
Galvão retornou às transmissões após 14 meses (Foto: Divulgação/Globo)

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Galvão Bueno retornou às transmissões da Globo após 14 meses de inatividade por conta da Covid-19. Assim como no futebol, a voz do narrador está marcada na história da Fórmula 1. Em entrevista ao portal Motorsport.com, o ex-diretor de Galvão, Alfredo Bokel, relatou os bastidores e os aprendizados que obteve com o principal narrador esportivo do país.
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Sobre o ambiente de trabalho com o narrador, Bokel relatou que absorveu positivamente muitas experiências com o ícone esportivo. Além disso, abordou que aprendeu até mesmo a pensar como Galvão Bueno após 20 anos ao seu lado.

- Aprendi (a pensar como o Galvão). A partir do momento em que você faz assessoria de imprensa para um cara como o Galvão e um cara como o Cacá, você precisa entender a cabeça deles. E eu tinha um banquinho de respostas já prontas. O Galvão "cansou" de falar para mim: "Pô, parece até que fui eu que escrevi esse texto". Porque, realmente, você vai pegando detalhes e insights que te ajudam a construir, a pensar como aquelas pessoas - afirmou.

- Eu brinco que o Galvão é meu pai profissional e, desde o primeiro momento, em agosto de 2000, quando eu comecei a trabalhar com ele no site (do narrador), rolou uma relação muito boa, porque ele via em mim um moleque esperto, que conhecia e gostava de esporte - explicou Boker, contratado do grupo Globo entre 2006 e 2021.

De acordo com ex-diretor, a relação com o narrador sempre foi respeitosa. Entretanto, a discordância entre os dois existiu no ambiente de trabalho.

- Muitas vezes, eu falava o que ele tinha que fazer. Muitas vezes, ele não concordava. Muitas vezes, ele "retrucava". Muitas vezes, a gente trocava ideias... E assim a gente ia: eu colocava para ele alguns detalhes. Logicamente, eu não fico narrando no ouvido dele. Ele narra a corrida normalmente, mas tem alguns pontos que a gente quer abordar na transmissão, então eu jogava isso para ele e falava: "Olha, vamos falar disso, vamos falar daquilo" - ponderou.

- Ele me pediu, num primeiro momento, quando a gente começou a fazer as transmissões, para eu ser breve, objetivo no que eu falasse com ele no fone, e sempre falar quando ele estivesse falando. Então, toda orientação que eu dei para ele durante esses cinco anos (2012 a 2017) em que eu fui o editor-executivo, foi sempre quando ele estava falando. Aí você vê todo o preparo do cara para ficar ouvindo vozes e narrando o que está acontecendo - disse Alfredo.

Por fim, Bokel também comentou sobre atritos que tiveram, dentro e fora das transmissões da Globo.

- Já aconteceu, por exemplo, de (eu) estar na coordenação, falando com o diretor de TV, com o produtor-executivo, com um produtor, dando orientação para um repórter, e ele estar lá narrando... Naquele exato momento, você não está ouvindo o que ele está falando. Aí a transmissão corre, eu dou uma orientação para ele e ele manda o recado no ar: "Como eu já falei antes"... Isso acontece também - relatou.

- Na transmissão em si, não tem muitos arranca-rabos porque você está no ar. Mas, fora da transmissão, a gente já "cansou" de brigar, de divergir e tal... Mas a gente sempre se acertava, porque a gente estava ali por um bem comum: fazer a melhor transmissão possível. A gente sempre "se atritava" um pouquinho, mas sempre com muito carinho, respeito - concluiu.

Com o encerramento contratual entre Globo e a Fórmula 1, o esporte a motor passou a ser transmitido pela Band até 2022. Diante desse cenário, muitos fãs lamentaram o "divórcio" entre Galvão e o automobilismo mundial.

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