‘Diamante’ do Fluminense, Luany é jogadora de Seleção e aposta para acesso à A1 do Brasileiro

Jogadora estreou como titular no profissional nesta temporada e já passou da Sub-17 para a Sub-20; Thaissan Passos destaca carisma e humildade

Luany, em ação pelo time feminino do Fluminense
(Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)

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O Fluminense é conhecido por revelar vários atletas no futebol masculino. Mas é também em Xerém, onde treina a equipe feminina, que o clube pode ter mais uma promessa se destacando. Luany, de 17 anos, começou a jogar aos sete e, aos 15, passou a integrar o "Daminhas da Bola". Depois, precisou de dois anos para chegar ao time adulto do Flu e às categorias de base da Seleção Brasileira. Quando passou a vestir as cores do tricolor, era lateral. No momento, atua como atacante. A polivalência a ajuda a chegar mais longe.

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- Qualquer posição que os professores pedirem para eu jogar, vou fazer. Para mim o importante é jogar e ajudar a minha equipe. Isso me ajudou muito, tanto no Fluminense quanto na Seleção, porque às vezes eles optam por levar uma atleta que saiba jogar em outras posições também. Na Seleção a gente sabe que é sempre um sonho, a responsabilidade é muito grande. Assim como no Fluminense, temos que ter educação, respeitar as colegas de equipe e ter vontade. Temos que ter amor para representar o Brasil - disse Luany, em entrevista ao LANCE!.

Luany tem sido convocada para a Seleção Brasileira Feminina Sub-17 e recentemente entrou na lista da Sub-20. Durante o período com a Amarelinha, ela citou a convivência com Angelina Constantino, capitã da Sub-20 que deixou o Palmeiras neste mês para assinar com o OL Reign, dos Estados Unidos.

- A gente pega uma experiência muito boa lá, conhece meninas novas. É outro mundo, são outros treinos. A intensidade é muito alta. Quando voltamos para o clube, trazemos outro pensamento, outro ritmo de jogo, outra força. Nessa última convocação para a sub-20, a Angelina, que era do Palmeiras, estava lá. Meu sonho é ser como ela, porque é uma excelente atleta e também foi minha mentora na Seleção. Tenho apenas 17 anos, mas já aprendi muitas coisas, não saía de Belford Roxo e agora já viajei para o Chile com a Seleção, marquei um gol e deixei minha marca por lá - celebrou.

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Natural de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, ela começou no Tricolor como lateral-esquerda, mas agora atua como atacante. O jogadora chegou a entrar, aos 11 anos, em uma escolinha só de homens, pois não havia opção de meninas. Mas alguns anos depois chamou a atenção da treinadora Thaissan Passos para o Daminhas da Bola, projeto que tem parceria com o Fluminense desde o final de 2018.

- Comecei jogando no Daminhas da Bola com 15 anos, uma amiga me apresentou o projeto, fomos na escola e eu já conhecia algumas meninas, como a Breninha e a Tarciane, que estava na Seleção. Já havia jogado com ela em 2015, em jogos da baixada, e depois disso acabamos perdendo o contato, mas ela sempre me enviava mensagens pedindo para que eu fosse fazer parte do projeto. Porém, minha mãe tinha muito medo, mas fiz o teste e dei o meu melhor. O Daminhas foi como uma escola, que me ajudou bastante, significa muito pra mim, mudou minha vida. É gratificante sair de um projeto como esse e representar o Brasil. Antes disso jogava apenas pelada com meninos, em amistosos e campeonatos de rua. Tenho um amor muito grande pelo Fluminense, é o time do meu coração. Estou trabalhando com as minhas companheiras para ganhar um título pelo clube.

O projeto do futebol feminino do Fluminense começou oficialmente em 2019, para cumprir a obrigação da Conmebol e da CBF. No primeiro ano, o Tricolor ficou em terceiro lugar na fase de grupos e avançou, mas acabou eliminado nas oitavas de final pelo Grêmio. Nesta temporada, a equipe teve uma campanha parecida e acabou caindo na mesma fase do torneio, desta vez para o Fortaleza. Em 2021, a Série A2 está programada para iniciar no dia 16 de maio e terminar em 12 de setembro. São quatro vagas de acesso para a A1.

- Sim, estamos trabalhando muito em busca desse objetivo. É muito bom viajar com as meninas mais velhas e aprender coisas novas, uma troca de experiências - disse a atleta.

O APOIO DA TREINADORA

Luany - Fluminense Feminino
Thaissan Passos e Luany (Foto: Arquivo Pessoal)

O receio da mãe, citado por Luany, acabou sendo vencido depois de um tempo para a felicidade de Thaissan Passos, idealizadora do projeto Daminhas da Bola e treinadora do Fluminense. Ela contou mais da história da atacante e exaltou a personalidade da atleta, que já treina com o restante do grupo visando o início das competições da temporada 2021.

- Descobri a Luany jogando contra mim nas Olimpíadas da Baixada, no projeto da professora Ester, que representava o Município de Belford Roxo. Fizemos a final da competição, nós representávamos Duque de Caxias. Me chamou muita atenção, por ser franzina, mas muito valente, mesmo perdendo, ela pegava a bola e começava de novo. A Tarciane também  jogava a partida e me atentou pela força e altura, que a diferenciava das outras. A Luany é sempre muito alegre, extrovertida, desde cedo muito carismática. E ela consegue levar isso para dentro de campo, uma atleta irreverente, diferenciada, que conquista a todos onde chega com sua humildade e alegria - contou.

- Fiquei lutando para trazê-la, mas a mãe dela tinha receio, por ser muito pequena para idade. É a filha caçula, mas eu entendo a Dona Elza. Era tudo muito novo para ela e para família. Mas tudo acontece no tempo certo. Ela é iluminada e algum tempo depois apareceu na quadra para treinar. Eu não lembrava dela, pois cresceu e ganhou corpo, mas ela, sorrindo, falou: "eu já joguei contra a senhora". Na hora eu falei "caramba, é você, Luany". Essa menina é um diamante que vem sendo lapidado, desde suas brincadeiras na rua, sua passagem pelos projetos sociais - completou.

Thaissan ainda reforçou a importância de Luany unir o futebol com a educação e se manter estudando mesmo com a vida corrida como jogadora. Por conta das convocações, a atleta fez cinco partidas pelo Flu na temporada. A estreia como titular no profissional foi justamente na última partida antes da pandemia, a primeira do Brasileirão A2, contra o Toledo. Depois, ainda iniciou jogando contra Napoli-SC, Brasil de Farroupilha e Fortaleza, na ida e na volta das oitavas.

- Aproveitou o futebol para estudar e através do Daminhas estuda no Instituto Loide Martha com bolsa de estudos de 100%, tendo a oportunidade de alinhar o esporte e a educação. Isso é fundamental para o desenvolvimento da Luany Rosa. Hoje, no Fluminense, ela evolui a cada ano, construindo um caminho consolidado no clube, o que contribuiu para que aos poucos, ela conquistasse seu espaço nas convocações para a Seleção Brasileira sub-17 e sub-20 - afirmou Thaissan.

A primeira competição do Fluminense na temporada será o Carioca, com início em 30 de janeiro e término em 27 de março. Além do Fluminense, Flamengo, Vasco, América, Botafogo, Boavista, Portuguesa, Angra dos Reis e Viva Rio Pérolas Negras estão aptos a participar. O Estadual foi confirmado após pressão da CBF. Luany e o Flu esperam que 2021 traga sucesso e vitórias ao clube.

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