Membro do conselho de futebol do Flamengo sai em defesa de Landim e esclarece polêmicas da gestão
Diogo Lemos respondeu a um torcedor nas redes sociais e tocou em assuntos como a saída da Double Pass e Exos
O Flamengo vive momento conturbado nos bastidores, e a Gávea se tornou praça para grandes discussões, como a extensão do tempo de mandato de Rodolfo Landim de três para quatro anos. O presidente falou ao LANCE! sobre a possível proposta, mas acabou sendo criticado nas redes sociais. Por isso, Diogo Lemos, membro do conselho de futebol do clube, saiu em defesa do mandatário.
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No Twitter, o dirigente esclareceu diversas polêmicas envolvendo a gestão Rodolfo Landim, como a saída da Double Pass e Exos, em 2020, e temas relacionados ao futebol, como trocas de treinador e profissionalismo.
VEJA OS TEMAS ABORDADOS
DOUBLE PASS e EXOS:
"Ambas empresas foram contratadas para prestar consultoria ao Flamengo, aprimorar processos, introduzir métodos e metodologia, com prazo determinado, porque não faz sentido você terceirizar eternamente esse tipo de trabalho. Ambos os contratos se encerraram antes de 2019. A atual gestão não participou disso. E nos primeiros dias de 2019, outra consultoria foi contratada, voltada para a área de inteligência. Consultoria que ajudou na decisão de reformular o setor.
Sobre a Double Pass, que, repito, saiu antes de 2019, hoje, o Flamengo é o clube no mundo (não europeu) que mais revela atletas, aproveita nos profissionais, cede à seleção e gera receita com vendas. Sem citar os atletas que revelamos e estão em outros clubes e as excelentes vendas, atualmente, temos no profissional Matheus Gonçalves, Matheus França, Cleiton, Igor Jesus, Matheusinho, Wesley, entre outros. É, no mínimo, sem sentido esse questionamento.
Já do assunto relacionado a Exos, empresa que também teve contrato encerrado antes de 2019, da qual o Flamengo contratou um funcionário em definitivo na atual gestão, sem entrar na parte técnica da questão (laboratório de última geração, equipamentos modernos, metodologia avançada, etc que o clube possui), o Flamengo é referência no Departamento de Saúde e Alto Rendimento (DSAR) no esporte, gerenciado pelo Dr. Marcio Tannure. Diversos clubes nos tem como modelo, solicitam intercâmbio e tentam implementar algo parecido com o que temos."
CONSELHO DE FUTEBOL
"Sobre o Conselho de Futebol, pelas críticas que leio, percebo que as pessoas desconhecem o escopo do trabalho.
O Conselho é um órgão de governança estratégico, que tem como missão garantir as melhores práticas de gestão (pessoas, processos e tecnologia) e buscar a excelência na performance esportiva (títulos). Ele não indica jogador, não define horários do dia-a-dia, não interfere no trabalho profissional do DF.
Foi criado também para evitar a centralização nas tomadas de decisão em uma única pessoa. Não pode um diretor executivo ter plenos poderes sobre um departamento que procura, indica, negocia e contrata jogadores, porque há aí um claro conflito de interesse. Quem indica e procura, não contrata, e quem negocia, não paga. Conceito básico de gestão.
Entre as principais atribuições do Conselho estão:
⁃Elaborar o planejamento estratégico do futebol no que tange às metas esportivas e orçamento, sempre alinhado ao planejamento estratégico e orçamento do clube, para aprovação presidencial;
⁃Garantir a profissionalização de todas as etapas do processo e implementação de indicadores de desempenho, de forma que todas as tomadas de decisão sejam feitas em cima das melhores práticas de mercado, garantindo a eficiência nos investimentos, com metodologia definida com inúmeros pré-requisitos, como por exemplo: minutagem, personalidade, histórico dentro e fora de campo, identificação com as características do clube, etc;
⁃Validar e aprovar os critérios de contratação de atletas, em consonância com as demais áreas envolvidas: técnica, médica, inteligência e financeira.
O orçamento do futebol sempre foi atingido ou superado. E vale ressaltar que, dos atletas que o clube adquiriu direitos federativos, ou seja, que houve investimento significativo (CAPEX) para compra (após passarem por todo o processo de avaliação dos profissionais do clube), sem ser por empréstimo ou jogador já sem contrato, em nenhum caso podemos afirmar que deu errado. Entre os exemplos estão Santos, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Léo Pereira, Ayrton Lucas, Gerson, Thiago Maia, Arrascaeta, Bruno Henrique, Gabigol, Pedro, Michael, Everton. Isso é raro no futebol. Reconhecidamente no meio como um grande exemplo."
PROFISSIONALISMO
"Excelência em gestão e melhores práticas de governança são buscas incessantes do mandatário do clube, que é engenheiro, obcecado por processos e presidiu grandes empresas. Já evoluímos muito e seguimos evoluindo.
Precisamos, sem dúvidas, modernizar o nosso estatuto, mas o Flamengo, hoje, no limite do seu estatuto (é obrigatória a existência de vice-presidências), é completamente profissional. A estrutura e o organograma (diretoria, gerências, supervisão e colaboradores abaixo) são praticamente replicados em todas as áreas, seja ela financeira, de marketing, comunicação, esportes olímpicos, TI ou futebol.
O futebol conta com seu organograma completo, com suas atividades muito bem definidas. Nosso diretor executivo tem os melhores resultados do continente nos últimos 4 anos. Abaixo dele temos as seguintes gerências: Gerência e Supervisão de Futebol; Gerência Técnica; Gerência de Transição; Gerência do DSAR, que envolve nutrição, fisiologia, fisioterapia, médica, etc; e a Gerência de Scout. Modelo bem parecido com o que temos na base. Abaixo de todos eles contamos com profissionais reconhecidos, alguns que contratamos de outros clubes (nutrição, análise, fisiologia, fisioterapia), outros que são referências no mercado (preparação, medicina do esporte) e também os que formamos em casa.
Podemos discutir nomes e preferências. Cada um tem a sua. Isso é natural. Mas não se pode afirmar que o clube não tem uma estrutura profissional. Aliás, pode não ser de conhecimento dos torcedores, mas muito clube grande e rival copia e replica nosso modelo e estrutura.
Sobre a vice-presidência de futebol, é um cargo estatutário, que se não for preenchido, será acumulado pelo presidente. Podemos e devemos sempre discutir esse modelo. Mas qual seria o modelo ideal? Um diretor com plenos poderes para fazer o que quer, como já existiu e não deu certo? Um dono que decide sozinho qualquer ação do clube? Enfim, são perguntas que devem fazer parte do debate, já que há vários modelos citados que não dão certo. Temos sempre que buscar o melhor modelo e investir para termos uma melhor governança, criando um negócio que atraia parceiros financeiros e estratégicos para o clube, que nos possibilite novos horizontes de conquistas e legado. Flamengo também pode ser vanguarda no tema no continente. Mas, hoje, a VP é estatutária.
Diante disso, para mim, não há nome melhor no clube que o Marcos Braz para esse cargo. Não falo somente pelo seu currículo vitorioso (2 Libertadores, 3 brasileiros, 2 Copas do Brasil, 2 Supercopas, Recopa, vários cariocas, etc). Convivo e trabalho com ele. Tem experiência no meio, é respeitado por jogadores e por quem milita no esporte, tem história no clube (era o VP de esportes olímpicos campeão brasileiro de basquete em cima do Vasco, diretor campeão da CB 2006 e é Grande Benemérito) e tem disposição para a exposição e cobrança que o cargo requer. Não é qualquer um que aguenta essa cadeira."
TREINADORES
"Erros e acertos fazem parte de qualquer processo. No futebol, onde o imponderável tem papel maior que em qualquer outro esporte, não é diferente. No Flamengo mais ainda. Algumas escolhas não deram certo e, tão importante quanto não errar, é não ter compromisso com o erro e corrigir o rumo.
JJ conseguiu seus resultados após mudarmos, mesmo sendo campeões cariocas; Ceni foi campeão carioca, da Supercopa e brasileiro; Renato chegou na final da Libertadores (lembrando que o clube só chegou 4 vezes na final dessa competição, sendo 3 delas nessa gestão); Dorival ganhou a CB e Libertadores; e o VP tem todo nosso apoio e respaldo pra fazer seu trabalho e conquistarmos nossos objetivos.
Sobre multas, são um mecanismo de proteção contratual para ambas as partes. Quando se rompe um contrato, há multa. As multas contratuais que pagamos não representam 1% de toda a receita direta (títulos, venda e empréstimo de atletas) que o futebol trouxe pro clube. E sequer representam 0,5% de toda a receita do clube nesses 4 anos. Como falei, tão importante quanto acertar, é não ter compromisso com erro e corrigir.
Um dado curioso do Flamengo é que, desde 1980, só houve 1 único ano em que o clube permaneceu com o mesmo treinador durante toda a temporada. Foi em 2011 com o Vanderlei Luxemburgo. Sem dúvida há peculiaridades com o Flamengo. É o clube de maior pressão, qualquer fake news ganha notoriedade, politicamente complicado, se não ganhar jogando bem há insatisfação, mas com certeza essa instabilidade de treinador tem que mudar."
RIVAIS NO PAÍS
"Muitos confundem receita com valores gastos no futebol. Flamengo tem a maior receita, mas não tem a maior folha salarial do futebol brasileiro. Há 2 clubes no país com folha maior que a nossa. E alguns com o mesmo patamar de folha. Outros que não podem, mas gastam bem parecido.
Confundem também o valor e a valorização do elenco (Flamengo hoje tem os atletas mais valiosos do continente) com gastos. Nossos atletas são valiosos porque foram contratações que se provaram em campo e conquistaram muito.
O Flamengo opta por gastar com responsabilidade, nunca gasta mais do que arrecada. Outros clubes gastam o que não tem, contratam sem pagar, assumem compromissos que não honram e se endividam. Mas montam times competitivos e que também têm chances de ganhar. O FairPlay Financeiro deveria atuar nisso, mas ainda não funciona."