Estádio do Flamengo e SAF: as lacunas entre o discurso e o projeto
Na teoria, é simples de efetivar a construção, mas, na prática, há divergências nas negociações
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O Flamengo já começa a se movimentar pela temporada 2024, e o presidente Rodolfo Landim se prepara para entrar no último ano de mandato. A ambição dele é ficar marcado na história como o responsável pela construção do estádio do Rubro-Negro, e o dirigente "mexe os pauzinhos" para concretizar o desejo. No entanto, existem lacunas entre o que ele diz sobre erguer a arena própria, a partir da criação de uma Sociedade Anônima do Futebol, e o projeto em si.
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Landim trata a SAF como indispensável para viabilizar a construção do estádio, e o assunto se intensifica a cada dia. Para o dirigente, entre o terreno e a construção, o projeto demandaria cerca de R$ 2 bilhões, e promover essa movimentação com recursos próprios não seria interessante, porque poderia levar o Fla ao descrédito.
O principal molde desejado por Landim para a SAF do Flamengo se baseia no método utilizado pelo Bayern de Munique, da Alemanha. No caso em questão, do total de ações disponíveis, o clube alemão manteve 75,1% e, dessa forma, o controle da estrutura que vinha abaixo.
- Ele tem nove conselheiros, três são indicados por cada um desses sócios minoritários, e o Bayern tem seis membros. Então, ele aponta o diretor e aponta todos os C-Level (espécie de CEO), que são os caras que mandam no clube. Ele que manda e continua tendo o controle. E com uma estrutura de governança mais leve, com conselheiros independentes, dando conforto para quem está botando dinheiro de que o dinheiro dele vai ser bem tratado - explicou o presidente em uma reunião com grupo político, em áudio divulgado pelo "ge".
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A SAF NO FLAMENGO
Conseguir emplacar uma Sociedade Anônima do Futebol no Flamengo é algo que Rodolfo Landim está determinado, mas ainda há muitas lacunas sobre como isso seria aplicado na prática. Isso porque, em entrevista ao "UOL", o presidente deixou claro que a SAF não tem lucros com futebol, e houve, então, o questionamento: "Se não dá lucro, qual o objetivo?"
Para explicar, Rodolfo Landim começou defendendo os motivos pelos quais não é favorável a uma parceria que ajude a construir o estádio.
- Nenhum clube de futebol dá lucro. Alguém tem participação porque dá outros benefícios ao parceiro. A Allianz ganhou o naming rights do estádio de Munique, a Adidas se associou ainda mais ao maior clube da Alemanha, a Audi também. Quando perguntei ao pessoal do Bayern quanto essas empresas ganham de dinheiro com isso, responderam que o arrecadado é investido no time. O clube não distribui dividendos e o Flamengo não teria esse objetivo, mas sim reinvestir no time para ser campeão. O Bayern deu 4,8 milhões de euros de lucro no ano. Pouco.
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Então, qual o objetivo?
- Participação estratégica. Já no estádio, o parceiro vai querer dividir o resultado financeiro, a bilheteria, o que for arrecadado. Eu rejeitei essa ideia sugerida pela Caixa (Econômica Federal) no governo passado. O controle ficaria com o Flamengo. Endividar o clube para fazer um estádio? Sou contra, porque é possível erguê-lo sem criar dívida e sem perder o controle. Há clubes que perderam capacidade de investimento porque têm de pagar estádio. Seria um modelo diferente dos que existem no Brasil. Não entregaria o futebol ao investidor. E isso é, por enquanto, uma discussão, um debate que se abre para os sócios do Flamengo, pois o Conselho Deliberativo é que vai definir.
Com o planejamento previamente definido em relação à maneira como a Sociedade Anônima do Futebol atuaria na construção do estádio, Landim entende que ela seria impedida de mudar os moldes de estrutura atuais e gerir o futebol do clube. Além disso, o presidente, inclusive, revelou o desejo de continuar servindo ao Flamengo ao fim do mandato, e falou sobre assumir um possível cargo na SAF do clube.
- As regras de governança é que definiriam (um possível cargo na SAF). Mas com o controle sendo do Flamengo, seria uma decisão do Conselho Diretor, com grande participação e poder decisório do presidente eleito. No Bayern, alguns executivos da SAF acumulam as mesmas funções como executivos da associação desportiva. A rigor, isso já ocorre no Flamengo no caso do Maracanã. O senhor Severiano (Braga) foi apontado pelo Flamengo como gestor da futura empresa que estamos criando com o Fluminense para gerir o Maracanã em caso de vitória… Dependerá das regras de governança. Os sócios do Flamengo podem preferir que o presidente acumule o cargo e presida a SAF. Ou que ele ajude a apontar, por exemplo, um profissional selecionado no mercado para a função. A decisão seria dos sócios - disse, antes de prosseguir:
- Esses últimos quase cinco anos da minha vida foram de dedicação quase integral ao clube. Estaria mentindo para você se dissesse que após o término do meu mandato, no final do próximo ano, consideraria que a minha missão de ajudar o Flamengo estaria terminada e que não me importaria mais com o que viesse a acontecer ao clube. O Flamengo para mim é como um filho. O amor que sentimos de apenas desejar sempre o melhor para eles como nos colocar sempre a postos para ajudar no limite da nossa capacidade e disponibilidade.
REUNIÃO COM A CAIXA
Para continuar tentando viabilizar a construção, o presidente Rodolfo Landim se reuniu com representantes da Caixa Econômica Federal para evoluir nas conversas e tentar começar a tirar o projeto do papel. No entanto, de acordo com o "O Globo", pessoas envolvidas nas negociações disseram que o encontro frustrou o banco, visto que o presidente do Flamengo não apresentou nada de efetivo em relação ao desejado, não havendo avanço nas tratativas. "Não ficou muito claro o que eles querem".
O PROJETO DO GASÔMETRO
Não é novidade que o foco do Flamengo para a construção do estádio é o Gasômetro. O terreno fica na área central do Rio de Janeiro e é administrado pela Caixa Econômica Federal. A praça é considerada uma "joia rara" para o Rubro-Negro pelo seu potencial urbanístico, e o projeto foi aprovado pelo prefeito Eduardo Paes e pelo governador Cláudio Castro.
PONTOS POSITIVOS DO TERRENO
O terreno tem cerca de 116 mil metros quadrados e foi adquirido pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012 por R$ 220 milhões. Depois, foi vendido ao Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha, que é administrado pela Caixa Econômica Federal, atual proprietária do local.
O principal ponto positivo do terreno do Gasômetro é a localização. A proximidade com a estação de metrô Cidade Nova, as estações de trem Praça da Bandeira e São Cristóvão, e a Rodoviária Novo Rio, além da futura conexão com VLT e BRT, por meio do Terminal Intermodal Gentileza.
Outro ponto positivo para a criação do estádio do Flamengo no Gasômetro gira em torno do andamento da construção do Terminal Gentileza, que irá integrar 22 linhas de ônibus municipais, o BRT Transbrasil e as linhas 1 e 2 do VLT, fator que deixará o acesso facilitado para torcedores e turistas.
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