Luiz Gomes: ‘Reforços podem levar o Corinthians ao paraíso ou ao inferno’
Timão faz jogada arriscada, ainda mais por depender de fatores externos e incontroláveis
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A Fiel vive um momento de otimismo – usar a palavra euforia seria um pouco demais. O Corinthians parece ter se distanciado de uma vez por todas da zona de rebaixamento, escalou a tabela com duas vitórias seguidas, começando a rodada deste fim de semana já no G6 do Brasileiro, que dá vaga para a Libertadores. Ao mesmo tempo, reforços não param de chegar, Giuliano e Renato Augusto começaram bem, Roger Guedes, João Pedro e Carlos Miguel estão fechados e o negócio com Willian ainda está em pauta. Mas que preço o Timão vai pagar por tudo isso?
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A gestão de Duílio Monteiro Alves assumiu com a promessa de austeridade. E motivos não faltavam para justificar essa postura saneadora. A dívida já beirava R$ 1 bilhão no final do ano passado – sem falar nos quase R$ 500 milhões ainda pendurados da construção da arena. O clube sofria, como ainda sofre, frequentes bloqueios judiciais de suas receitas para quitar esses débitos.
O balanço financeiro divulgado essa semana mostra o acerto dessa política: o Timão fechou o primeiro semestre com um superávit de R$ 400 milhões e conseguir estabilizar a dívida foi uma vitória. A saída de jogadores e a redução da folha de pagamento, com a manutenção de um time bastante limitado foram responsáveis pela recuperação das contas - mas o time fracassou no Paulistão, foi eliminado precocemente da Sul-Americana e Copa do Brasil - e isso é muito difícil de se tolerar na realidade imediatista e de resultados do futebol tupiniquim. E a diretoria corintiana sabe disso.
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É duro privilegiar as contas aos resultados em campo. No Flamengo – modelo de gestão de outro patamar no Brasil - Eduardo Bandeira de Mello, o presidente que plantou os alicerces da transformação econômica do clube, é lembrado muito mais pela falta de títulos do que como o homem que possibilitou à gestão seguinte levar à frente o atual círculo virtuoso de conquistas a partir da campanha histórica de 2019.
As decisões dessa semana no Corinthians mostram uma guinada em sentido contrário. Por mais que os esforços tenham chegado sem custos para os cofres do Timão, são jogadores emprestados, em fim de contrato ou que conseguiram suas liberações sem custos de onde estavam, são salários elevados que vão aumentar de novo a folha de pagamento, obrigando o clube a crescer as receitas seja com a venda de jogadores, seja com busca de patrocinadores ou, se a pandemia permitir, com a volta do público.
É uma jogada arriscada, ainda mais por depender de fatores externos e incontroláveis. Se a ascensão do time em campo continuar, qualquer fracasso nas finanças terá sido camuflado, Mas se os resultados, as vitórias não vierem, a conta chegará dobrada para Duílio e sua trupe.
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