Demissão de Sylvinho foi queda de braço vencida pela torcida contra a diretoria do Corinthians
Direção corintiana apostava no ex-treinador, enquanto nas arquibancadas o recado de que as coisas não iam bem já era dado há tempos
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A vida de qualquer clube passa diretamente pela relação com o seu torcedor. E com o Corinthians é notório que essa responsabilidade é dobrada, triplicada, e que as pessoas que gerem o clube precisam ter essa ciência e compreensão. É o Time do Povo, nascido em berço operário e embalado em toda a sua história pela Fiel Torcida.
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E na última quarta-feira (2), a atual diretoria corintiana precisou ser relembrada da necessidade de se ouvir a arquibancada quando o assunto é o Timão.
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A demissão do técnico Sylvinho do clube alvinegro é simbólica, pois representa a derrota da administração da equipe em um divergência de opiniões com a sua torcida. E não cabe a ninguém tratar isso como um embate, pois no fim todos os lados torcem para o mesmo Corinthians e vão ganhar ou perder juntos.
Na prática, a curto prazo, não importa o que os torcedores pensem, achem, se manifestem ou até protestem, o poder da caneta sempre estará nas mãos de quem administra o clube, mas a força das arquibancadas é preponderante para dar voz a uma instituição esportiva. E isso, Duílio e companhia sentiram na pele após a derrota no clássico contra o Santos, na última quarta-feira (2), pela terceira rodada do Campeonato Paulista.
Sylvinho era a aposta técnica da atual gestão, que herdou o time, no início de 2021, mas em reta final da temporada 2020, que invadiu o ano seguinte. Vagner Mancini teve êxito na sua missão de evitar o segundo rebaixamento da história corintiana, permaneceu no clube, mas não conseguiu ir além e foi demitido após a eliminação na semifinal do Campeonato Paulista do ano passado.
A diretoria, então, até pensou na arquibancada na busca pelo substituto, indo atrás de um treinador que correspondesse um futebol arrojado e de boa aceitação, mas Renato Portuluppi, o único nome que estava disponível e trazia consigo essas credenciais a época, recusou a proposta.
A partir dali ou era comprar a briga com um nome de alta reprovação, como Dorival Júnior, cotado na ocasião, ou surpreender. E a direção corintiana ousou na segunda opção apostando todas as suas fichas em Sylvinho. Era um nome novo, mas com identificação com o clube, currículo de trabalho com nomes importantes, como Mano Menezes, Tite e Roberto Mancini, que precisava de uma chance como treinador e poderia ter no Timão o pontapé inicial para uma carreira de muito sucesso. O que não aconteceu, pelo menos neste momento.
Para o torcedor, caberia esperar um pouco e avaliar se o técnico escolhido corresponderia. Foi dado o benefício da dúvida, mas a resposta foi o malefício da frustração. E aí foi onde a cúpula corintiana começou a errar.
A aposta em Sylvinho era gigante, a ponto de que Duílio Monteiro Alves estava visivelmente abatido no anúncio do desligamento do ex-treinador, diferentemente de quando, por exemplo, o presidente do Corinthians anunciou a saída de Vagner Mancini, em maio do ano passado, mesmo após uma eliminação de Paulista contra o arquirrival Palmeiras. É que foi o momento de assumir o golpe e admitir que o planejamento de futebol, no que tange a comissão técnica, falhou.
Quando o elenco não tinha peças o suficiente para entregar um time competitivo, a diretoria foi ágil no mercado e encorpou o plantel - ainda que mantivesse uma dívida de quase R$ 1 bilhão em que a atual administração herdou -, e assim a gestão corintiana deu todo respaldo na confiança de que Sylvinho iria vingar, mas nessa altura do campeonato as arquibancadas já apontavam que as coisas não estavam boas dentro de campo. E realmente não estavam.
Todos são Corinthians. Nem mais, nem menos, mas suficientemente Corinthians. Do presidente, aos sócios, aos torcedores comuns, àqueles que nem em São Paulo moram e não conseguem frequentar as arquibancadas, enfim, todos estão no mesmo nível de 'corintianidade', porque não existe uma escala, existe Corinthians, e isso basta.
Mas existem ideias que se opõe, e quando o conflito existe, ou a vitória é gigantesca, como a desacreditada quarta força de Carille em 2017, ou a derrota é doída, como a neste momento, onde o clube precisa demitir um treinador após três jogos na temporada, em meio a um planejamento de Libertadores, quando tudo já era favas contadas e cantadas pela Fiel Torcida corintiana.
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