Delator diz que Arena Corinthians foi de Volkswagen a Lamborghini

Em delação tornada pública pelo STF, na Operação Lava Jato, Alexandrinho Alencar afirma que ideia inicial era um estádio "com 15 mil pessoas de pé", mas modelo mudou

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<br>Bruno Cassucci

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Em sua delação ao Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-diretor da Odebrecht Alexandrinho Alencar declarou que o projeto inicial do estádio do Corinthians contemplava 30 mil lugares, com 15 mil deles para torcedores em pé, com custo de R$ 300 milhões, mas o status da obra mudou por conta da Copa do Mundo. O ex-executivo usou uma metáfora do mercado automobilístico para descrever a situação: 

"Bom, já que vamos fazer um estádio para o Corinthians, vamos fazer um estádio para a Copa do Mundo. Aí o negócio evoluiu para a abertura da Copa do Mundo. Então, é um novo modelo. Você sai de casa para comprar um Volkswagen e você chega em casa com um Lamborghini. Aconteceu exatamente isso aí", afirmou Alexandrino. O vídeo com a delação foi liberado pelo Supremo Tribunal Federal e publicado pela Folha de S.Paulo. 

Alexandrino diz na conversa que é amigo de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians à época, e que inicialmente pensou-se em uma obra de modernização do Pacaembu, "com estacionamento embaixo e teto retrátil", mas que o negócio acabou não vingando. Ele também cita as negociações para financiamento da Arena Corinthians, entre eles a comercialização de CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) emitidos pela prefeitura de São Paulo para captar recursos com empresas. A dificuldade em vender os créditos teria levado o então presidente da República Lula a falar com o prefeito Fernando Haddad, também do PT, para tentar viabilizar o negócio. 

"A CID é um certificado de incentivo feito pelo prefeito Kassab, e quando o prefeito Haddad entrou havia algumas dificuldades, até com o Ministério Público municipal (o MP questionava a legalidade do recurso). Aí, o que era um ovo de colombo ficou uma coisa frouxa . Até hoje acho que só 10% das CIDs foram comercializadas. Fizemos gestões com o presidente (Lula) pra ver se a gente conseguia achar uma solução junto com o prefeito Haddad, pra solucionar isso aí porque é um recurso extremamente importante. Ele conversou com o prefeito, mas não teve sucesso".

Alexandrinho Alencar é um dos 76 executivos e ex-executivos da construtora Odebrecht que participaram de acordo de delação premiada. Na última terça-feira, foram divulgados os nomes de 24 senadores, 39 deputados federais e oito ministros do Governo do presidente Michel Temer que serão alvos de inquérito no STF, após o ministro Edson Fachin acatar pedido da Procuradoria-Geral da República baseados nessas delações.  

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