Montenegro, sobre futuro do Botafogo: ‘Ninguém está pensando em recuperação judicial’

Ex-presidente do Alvinegro afirma que clube ainda não desistiu da ideia do clube-empresa e que primeiro projeto, limitado apenas para capital de torcedores, passa por dificuldades

Montenegro - Botafogo
(Foto: Vitor Silva/Botafogo)

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A situação financeira do Botafogo é de calamidade. O projeto S/A, que visava salvar o clube, passa por dificuldades. Em entrevista dada à imprensa nesta quarta-feira, Carlos Augusto Montenegro, membro do Comitê Executivo de Futebol e ex-presidente, comentou sobre o plano original da profissionalização do departamento de futebol.

- A S/A é um apelido que foi dado por nós. O nome é BDN: Busca de dinheiro novo. O primeiro passo a ser dado para uma empresa que está devendo R$ 1 bilhão é tentar fazer um acordo com os credores. A partir disso, você está habilitado a ter uma empresa nova, uma SPE. O clube Botafogo de Futebol e Regatas não pode pedir uma recuperação judicial, mas uma empresa X pode. A questão do clube pedir é dúbia, porque o time não tem fins lucrativos. Ninguém está pensando em recuperação judicial, é a última etapa se tudo falhar - afirmou.

Carlos Augusto Montenegro fez uma lembrança sobre o começo do projeto da Botafogo S/A. No ano passado, a Ernst & Young, a partir de um estudo das dívidas, abriu a possibilidade do clube-empresa. Assim, formou-se um grupo para se organizar os débitos, buscar investidores e tentar mudar o modelo de gestão - tudo liderado por Laércio Paiva.

- A ideia era começar dinheiro novo. Tudo começou ano passado, com o estudo da Ersnt & Young. O plano era para arrecadar 250 milhões e, com isso, fazer uma proposta de 100 milhões para os credores cíveis e trabalhadores e os outros 150 milhões para fazer investidores. Junto desse plano apareceu o Laércio Paiva, uma pessoa que eu gosto muito. Ele ajudou a levantar todas as dívidas do Botafogo - lembrou.

- Formaram um grupo que foi pautado o tempo todo por tentar salvar o clube de qualquer maneira. Nunca se falou em política. Esse grupo era por Mufarrej, CEP, Novis, Laercio, Renha, Good, Rotenberg, eu, Gustavo de Almeida Magalhães, Paulo Mendes e o André Chame. Esse grupo se reunia praticamente toda semana no final do ano passado e foi começando a tomar vulgo, começar o dinheiro. Para isso, tínhamos que montar um business plan, uma proposta para apresentar aos clientes. Eu, por acaso, viajei no ano passado e fiquei três meses fora. Foi contratada uma empresa chamada La Place, expert nessa área. Eles aproveitaram o trabalho do Laercio e montaram uma nova parte da dívida. Isso o Botafogo tem na ponta do lápis. O que ficou faltando? Apareceram alguns botafoguenses que queriam pilotar e ser maioria, dando 50% + 1 do valor total - completou.

O ex-presidente, contudo, explicitou um dos erros do projeto 1 da S/A: o plano era limitado, por ordem dos investidores majoritários, apenas a torcedores do Botafogo. Desta forma, os responsáveis não conseguiram arrecadar o dinheiro que era suficiente para fazer a proposta aos credores.

- O grupo de pessoas que trazia mais dinheiro que trazia mais dinheiro, 126 milhões, queria o formato sem capital estrangeiro. O Laércio conseguiu 54 milhões, tínhamos 180. E aí empacou. Começou a haver um desistímulo para achar mais 70 milhões. Fizemos um esforço tremendo mas não adiantou. Tentamos cortar algumas multas, uma multa paga pela Globo, a venda do Luís Henrique… Eu falei para abater o que a gente precisava, mas o acionista majoritário não aceitaram, queriam apenas os 250 milhões - finalizou.

O "projeto 1", que estava em prática desde o ano passado, está congelado. Por falta de recursos financeiros, a S/A não vai conseguir virar apenas com investidores botafoguenses. Carlos Augusto Montenegro afirmou que o clube iniciará um "projeto 2", com a possibilidade da entrada de capital de qualquer tipo de empresários, seja nacional ou estrangeiro.

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