Luiz Gomes: ‘O que há por trás da demissão de Enderson é um negócio’
Técnico demitido nesta sexta-feira por decisão de John Textor deixa o Glorioso com o melhor aproveitamento de um treinador neste século; entenda os motivos
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Num país de excrescências a demissão de Enderson Moreira no Botafogo é a maior excrescência dos últimos tempos. O treinador, responsável pela virada que trouxe o alvinegro de volta à elite do futebol brasileiro, saltando do 14º lugar para a liderança da Série B, deixa o clube com números incontestáveis: 20 vitórias, sete empates e apenas quatro derrotas, um aproveitamento de 73%.
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O que, então, há por trás da saída de Enderson? Não é difícil entender.
Mais do que demissão, o que é revelador é o interesse do clube - leia-se da turma do investidor americano John Textor - pelo português Luís Castro. Ao contrário de Jorge Jesus, Abel Ferreira e até de Jesualdo Ferreira que teve passagem meteórica pelo Santos, Castro não tem nenhum currículo a apresentar no comando de times profissionais de primeira linha. Atuou apenas em clubes de divisões inferiores e no Vitória de Guimarães, em Portugal, e no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, antes de chegar ao Al Duhail, do Catar, onde se encontra.
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Seu melhor trabalho, contudo, foi nas categorias de base do Porto. E o que fez de melhor ali, durante os 10 anos em que comandou a formação portista? Não foi revelar talentos para tornar o time do Dragão uma potência no futebol internacional. Foi moldar a garotada para ser comercializada o mais rapidamente possível. Sob sua tutela, o Porto transformou-se não em um grande time, mas um grande player no mercado europeu.
Entenderam então a razão do alvinegro o querer por aqui?
O compromisso de John Textor parece ser com ele mesmo. Se for bom para o Botafogo, ótimo. Desde que antes seja bom para ele.
Claro que o futebol cada vez mais é um negócio. E que a gestão dos clubes no modelo empresarial é o caminho para sobreviver num ambiente em que o dinheiro que se movimenta parece não ter limites. Ninguém vai investir em um clube, assumir uma empresa como a SAF do Botafogo, só por paixão pelo esporte ou amor à camisa. Coisa, aliás, que Textor desconhece e pelo que não pode ser cobrado. Os tempos do mecenato definitivamente ficaram para trás.
Mas é preciso ter pesos e medidas. Tornar o departamento financeiro mais importante do que o departamento de futebol realmente não é um bom começo. Pode ser um erro fatal e custar caro no final, tornar a esperança e o entusiasmo inicial do torcedor alvinegro mais uma desilusão. E isso não é coisa que pode acontecer apenas com o Botafogo!
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