L! Universidade: Especialistas fazem balanço positivo da Copa do Mundo

Comitê Rio-2016 anuncia seu orçamento para os Jogos (Foto: Alex Ferro/Comitê Rio-2016)
Comitê Rio-2016 anuncia seu orçamento para os Jogos (Foto: Alex Ferro/Comitê Rio-2016)

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Com a vitória da Alemanha por 1x0 sobre a Argentina, no último domingo, no Maracanã, a Copa do Mundo chegou ao fim. A realização do mundial surpreendeu a muitos, que tinham previsões pessimistas sobre a organização da competição no Brasil. Diversos especialistas das universidades parceiras do Lance!, Unesp e Mackenzie, analisaram o mundial da Fifa sob diversos pontos e acreditam que bons frutos foram colhidos, mas também existem ressalvas negativas.

Anderson Gurgel, professor de comunicação política da Universidade Mackenzie, fez um balanço geral do evento e acredita que o pessimismo que antecedeu o mundial prejudicou sua organização.

- Como sede de Copa surpreendemos. Com uma série de ressalvas, o brasileiro conseguiu fazer uma Copa destacando suas principais qualidades como a hospitalidade. O projeto Copa deixa um legado bom com os outros países: a boa imagem mundial. Tinha uma perspectiva de medo e pessimismo. Um mês depois ela se inverteu. Foi pintado um cenário tão ruim no pré-Copa que os problemas que vieram foram poucos. O resultado final é positivo, mas poderia ter sido melhor. Por causa do pessimismo muito grande, houve uma preocupação menor em se preparar. Fica a lição para a Olimpíada - analisou.

Confira outros quesitos analisados:

Estádios

Paulo Roberto Masseran, especialista em arquitetura para espetáculos da Unesp em Bauru, criticou a concepção das grandes arenas brasileiras, já que muitas estão em localidades com futebol pouco estruturado e ficarão ociosas.

- O planejamento de contruções dos estádios foi bastante específica para o futebol. 100% dos estádios construídos foram exclusivamente para o futebol. Uma cidade como Brasília, por exemplo. A opção foi demolir o Mané Garrincha,  de porte olímpico, e construir outro, sem a capacidade de receber outras atividades esportivas, que não o futebol. Isso aconteceu na maioria dos estádios construídos. Nos estados onde o futebol não é tradição como em Brasília, em Manaus, a única possibilidade de uso desses espaços, que não para futebol, seria para shows. Há falhas ao longo da concepção do projeto.

 Segurança

A segurança pública contou com a atuação da força nacional e as polícias federal, civil e militar. Segundo Cláudio Edward dos Reis, vice-coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Relações de Gênero da Unesp em Assis, o Brasil deixou uma imagem positiva nesse quesito e as maiores falhas foram de responsabilidade da Fifa.

- A segurança foi bastante tranquilizadora. Havia um clima de insegurança antes do início do evento, por conta de algumas ameaças. É claro que houve uma aglomeração grande de turistas, mas as forças de segurança deram conta disso. As falhas que aconteceram eram de responsabilidade específica da Fifa. Invasão de gramado e até mesmo a contenção de torcedores, como no Rio de Janeiro, com torcedores do Chile.

 Preços e Economia

Milton Pignatari, professor de economia, especialista da Universidade Mackenzie, afirmou que o lucro não foi o esperado, mas ainda assim foi muito bom.

- Em relação a Copa e as espectativas, se vê em um primeiro momento, que os resultados não foram ruins. O Brasil apesar de não ir jogar a final da Copa chegou até o final da Copa. Disputou os 7 jogos. Óbvio que teve um prejuízo porque não foi até a final, mas no fim das contas, também jogou 7 partidas. O setor de serviços e lazer, malha aérea e hotéis ficaram um pouco abaixo da espectativa, mas conseguiram lidar bem com o cenário - analisou.

Hospedagens, alimentação, passagens aéras e bebidas sofreram aumentos de preços significativos. Roberto Corona, especialista em direito da Unesp em Franca e ex-integrante do conselho representante dos usuários da Anatel, avaliou as criticas feitas a esse aumento.

- O aumento é normal em razão da demanda, mas extrapolou o limite da normalidade. Tivemos um aumento extremamante exagerado, principalmente nas cidades sedes. Isso é desleal e prejudica o consumidor brasileiro, bem como o consumidor estrangeiro. Foi extrapolado.

Mobilidade

José Carlos de Oliveira, especialista em direito administrativo da Unesp em Franca, criticou o planejamento das obras, mas afirmou que o legado existe.

- Tem realmente um grande investimento, que lamentavelmente ocorreu em relação da Copa. As capitais sedes de Copa fazem publicidade dos novos corredores de trânsito, das novas estações, enfim de uma logística operacional adequada para redimensionar o fluxo de passageiros com qualidade, segurança e tudo mais. Portanto existe sim um legado. Isso é inegável. Mas do outro lado, nós temos também o legado de ineficiência, de corrupção, de alavancagem política.

Política

Roberto Gondo, professor de comunicação política, especialista da Universidade Mackenzie, comentou sobre os efeitos da Copa no cenário político.

- O mundial mostrou que independente das manifestações do pré-Copa, o brasileiro acabou se envolvedo com o evento e foi positivo. A expectativa era do hexa e trouxe uma frustração, mas os impactos governamentais foram menores. Existem casos pontuais como a vaia a Dilma na abertura. Mas do mesmo modo que a Dilma foi vaiada, o Aécio também foi em Minas Gerais. O problema é a política de forma geral. Apesar da derrota, grande parte da pouplaçao vai saber diferenciar o que é jogo e o que política pública.

 Legado Copa-Olimpíada

José Roberto Gnecco, especialista em administração esportiva da Unesp em Rio Claro, comentou sobre o legado deixado pela Copa para os Jogos Olímpicos, mas ressalta o fato de que o processo de aprendizado para esses mega eventos não iniciou com o mundial.

- Deixar uma lição de um evento esportivo para outro é um processo contínuo, que não se esgosta nesses dois eventos. Tanto a Copa, quanto os Jogos Olímpicos vieram para o Brasil em uma sequência de mega eventos que o Brasil foi realizando. A lição para chegar-se nos jogos olímpicos não é somente da Copa. No caso do Rio de Janeiro, daria para dizer que os jogos panamericanos foram um pouco mais decisivos para trazer os Jogos Olímpicos. A Copa é um evento de uma modalidade só e os jogos panamericanos e os jogos olímpicos são eventos multidesportivos. Com isso eu não quero dizer que a realização da Copa não traga lições para o Rio de Janeiro, para o Brasil. Claro que traz.

 

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